The Intercept Brasil publicou nesta quarta-feira (17) entrevista com o governador Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão, em que ele defende “união ampla” para enfrentar o autoritarismo de Jair Bolsonaro. Dino também falou sobre o combate à corrupção, bandeira que a esquerda sempre levantou, segundo ele. Mas destaca “nada corrompe mais o Brasil do que a desigualdade, a concentração de renda, poder e conhecimento nas mãos de poucas pessoas”.
Exercendo o segundo mandando como governador do estado com o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, Flávio Dino aumentou o investimento estatal em segurança e educação e aumentou o piso salarial dos professores para R$ 5.750 – é mais do que o dobro do valor pago em São Paulo, estado mais rico do Brasil. Na contramão da crise econômica, o Maranhão também teve um crescimento do PIB de 9,7% em 2017 e, no ano passado, de 2,8% – acima da média nacional. Em 2018, Dino foi reeleito no primeiro turno com 59% dos votos válidos – mais ou menos o mesmo índice de aprovação de seu governo naquele ano.
Por causa da rápida ascensão e a capacidade de articular apoio – em 2018 sua coalizão juntou nada menos do que PCdoB, PDT, PRB, PPS, PTB, DEM, PP, PR, PTC, PPL, PROS, AVANTE, PEN, PT, PSB e Solidariedade – há quem especule que Dino estaria de olho na disputa presidencial de 2022. O próprio Lula o aponta como liderança importante na esquerda. Mas ele desconversa: “Estamos muito longe deste momento”, ele me disse.
A entrevista foi concedida ao repórter Rafael Moro Martins na sala de reuniões do Palácio dos Leões, no centro histórico de São Luís, sede do governo estadual. Embora a conversa tenha ocorrido dias antes das primeiras reportagens da série Vaza Jato, o governador e ex-juiz federal criticou duramente a atuação de Sergio Moro que, assim como ele, trocou a magistratura pela política. Dino foi juiz federal no Maranhão por 12 anos e chegou a presidir a Associação dos Juízes Federais do Brasil, a Ajufe, entre 2000 e 2002. Abriu mão da toga para se filiar ao PCdoB, em 2006, mesmo ano em que se elegeu deputado federal.