que estão vivendo improvisadamente no acampamento Boa Fé estão ilhadas desde a manhã desta terça-feira (2), quando um córrego transbordou e alagou o local onde estão morando diversas famílias expulsas da Terra Indígena Apyterewa, em São Felix do Xingu, no sudeste do Pará.
Desde que teve início a retirada de moradores e agricultores da TI Apyterewa, que a situação das pessoas que viviam nesta região se agravou. Sem ter onde morar e vivendo de forma precária, elas são obrigadas a conviver com inúmeros problemas e intempéries. As famílias estão vivendo um verdadeiro caos, isoladas e sem comida.
O governo do Estado disponibilizou cestas básicas, mas não são suficientes para alimentar tanta gente e por vários dias. Além da falta de alimentação, elas reclamam da falta de água potável também.
O deputado estadual Torrinho Torres, ao tomar conhecimento de mais este problema às famílias expulsas da TI Apyterewa se pronunciou em favor das dezenas de famílias que estão sofrendo com essa situação. Para ele, o governo deveria pensar no bem-estar dos moradores que vivem e trabalham há mais de 30 ou 40 anos na região.
“Sem comida, sem moradia e sem roupa! É uma situação precária, uma situação triste e lamentável”, disse o deputado Torrinho Torres.
Segundo ele, a falta de planejamento na ação de desintrusão, provocou um caos na vida de muita gente que inclusive é beneficiária da reforma agrária. A ação que resultou na retirada de centenas de pessoas da TI Apyterewa não levou em consideração as consequências futuras pelas quais iriam passar depois de serem retiradas de suas moradias.
O deputado afirma que quem era beneficiário da reforma agrária deveria ter direito à indenização. Mas isso não ocorreu.
A desintrusão, nome dado para o processo que dá aos indígenas posse e direito de uso exclusivo de áreas demarcadas por meio da retirada à força de moradores e agricultores não indígenas por ação de agentes do governo federal, tem causado uma série de sequelas sociais na região.
O município de São Feliz do Xingu não tem condições de absorver o impacto social e acolher mais de duas mil famílias. Muitas pessoas estão morando em vilas, acampamentos improvisados e até na beira de estrada, pois não têm para onde ir. Até o momento, o governo federal não deu uma solução para quem foi retirado da TI Apyterewa.
“É uma coisa que dói no coração das pessoas, porque isso aí não poderia ter acontecido dessa maneira. A justiça tinha de pensar e dar um prazo, e o governo cumprir com a questão social, com a questão de quem e onde era que as pessoas, que são clientes da reforma agrária, seriam remanejadas para um assentamento ou um lugar fixo para morar, com estrutura”, destaca o parlamentar.
O deputado lamenta que o governo federal não tenha questionado, antes da operação, com a Justiça, por meio da Advocacia Geral da União, sobre a legalidade da ação de desintrusão para que as famílias também tivessem amparo legal do Estado. “O município não tem condições nenhuma de acolher essas pessoas. Todo um sofrimento com as pessoas jogadas em acampamentos, em estrada, sem condições nenhuma”, disse.