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quinta-feira, 17 de junho de 2010

As hidrelétricas do Tapajós

Em defesa da Região Oeste do Pará
  
Por Nicias Lopes Ribeiro:

Por mais de 30 anos, foi estudado o potencial hidrelétrico da chamada volta grando do Xingú e o seu aproveitamento econômico, através da construção da hidrelétrica de Belo Monte. Durante todo esse tempo foram concebidos projetos e mais projetos, que foram reformulados até que se chegasse à atual versão que prevê um reservatório de 516 Km² de área, que é considerado pequeno quando comparado com o de outras hidrelétricas do mesmo porte.
Como se vê, Belo Monte foi estudada e discutida por mais de 30 anos. E, mesmo assim, ainda há pessoas e setores da sociedade que dizem que não houve discussão, suficiente, sobre a construção dessa hidrelétrica. Aliás, pelo que me lembro, só em Altamira participei de mais de 30 palestras proferidas pelo engenheiro José Antonio Muniz Lopes sobre o tema.
Hoje, pela graça de Deus, a discussão sobre Belo Monte é coisa do passado. O leilão de concessão ocorreu no último dia 20 de abril e aguarda-se, apenas, o atendimento das exigências da licença prévia para que seja expedida a licença de instalação do empreendimento, para que sejam tomadas as providências de maneira que, no próximo ano, sejam efetivamente iniciadas as obras da hidrelétrica.
Resolvida essa questão, agora vamos começar a batalha para o licenciamento do Complexo Hidrelétrico do Tapajós, na região de Itaituba, e que será constituido por cinco hidrelétricas, sendo duas no rio Tapajós e três no rio Jamanxin, afluente direito do Tapajós. E, antes que digam que não houve estudos e que o projeto não é perfeito devido à pressa, devo dizer que o potencial hidrelétrico do rio Tapajós e o seu eventual aproveitamento está sendo estudado há pelo menos 10 anos. Aliás, em 2005, como presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, tratei com o então ministro Silas Randeau, das Minas e Energia, sobre esse aproveitamento hidrelétrico e que, à época, o projeto indicava uma potência superior a 15 mil megawatts. Mas, conforme avan çavam os estudos e o projeto era reformulado, buscando sempre uma melhor otimização, hoje as cinco hidrelétricas do Complexo do Tapajós terão uma potência, somada, de 10.682 megawatts e nas quais será utilizado um novo conceito, uma nova técnica, para a construção e operação das mesmas. Trata-se das chamadas usinas plataformas, inspiradas na implantação e operação das plataformas continentais, muito usadas pela Petrobrás na prospecção e exploração de petróleo em alto mar. Na prática, isso significa que ninguém vai se estabelecer nas áreas dessas usinas, seja no período da construção ou de operação. Ademais, logo após a conclusão das obras, será reconstituido todo o ambiente natural no entorno dessas usinas, de maneira que haja uma perfeita conciliação entre o meio ambiente e a produção de energia elétrica, até porque esse complexo hidrelétrico será implantado em meio a várias áreas de preservação ambiental, com terras indígenas e 22 unidades de conservação (14 delas criadas no governo Lula) e que formam uma área de 200.480 Km² e que representa a soma das áreas territoriais dos estados da Paraiba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Contudo, desse total, de áreas de preservação, haverá intervenção em apenas 1.979 Km², no que resulta em 101 Km² de área preservada para 01 Km² de intervenção humana, no ambiente natural. E o fundamental, é que esses 10.682 megawatts de potência, do complexo hidrelétrico do Tapajós, vai representar uma economia de mais de 30 milhões de barrís de petróleo/ano. E no que tange a empregos, esse empreendimento deverá gerar, na fase de sua implantação, algo em torno de 75 mil empregos, dos quais 25 mil são diretos.
Um dado a mais: todas essas cinco hidrelétricas terão um cuidado especial com a transposição de peixes, com a construção de canais de piracema. O que é muito bom, até porque o Tapajós, diferentemente do Xingú em sua volta grande, não tem uma queda d’água como a de Belo Monte, onde, a rigor, a construção da chamada escada para os peixes é prescindível, uma vez que a piracema do Xingú de baixo é diferente do Xingú de cima, tendo como referência a cachoeira de belo Monte, o que faz do Xingú um rio diferente dos demais da Amazônia e talvez do mundo.
      
Nicias Ribeiro é Engenheiro Eletrônico e ex-vereador, deputado ESTADUAL E FEDEWRAL

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