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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Cupuaçu agora é imune a vassoura-de-bruxa



Quem planta cupuaçu (Theobroma grandiflorum) sabe que com vassoura-de-bruxa não se brinca: esta é uma doença que dizima pomares e causa prejuízos aos produtores, significando, em média, uma perda de 70% da produção de cupuaçu do Estado do Pará. Por isso, o lançamento da BRS Carimbó pela Embrapa Amazônia Oriental, em março próximo, representa a boa nova de 2012 para esse segmento produtivo, pois é resistente à vassoura-de-bruxa, produz boa quantidade de frutos e serve tanto para produção de polpa quanto de sementes.
“A escolha de uma boa semente é fundamental na implantação de pomares de cupuaçu. É o primeiro passo, pois das boas sementes originam-se plantas vigorosas, que produzem boa quantidade de frutos. Além disso, há necessidade de que essas plantas sejam resistentes à vassoura-de-bruxa”, comenta o pesquisador Rafael Moyses Alves, que trabalha com cupuaçuzeiro há 20 anos e é o responsável pelo desenvolvimento da nova tecnologia.
É justamente esse o grande diferencial da BRS Carimbó: ser uma cultivar (variedade cultivada, resultante de pesquisa, com características geneticamente melhoradas) que garante, ao mesmo tempo, ótima capacidade de produção de frutos e boa resistência à vassoura-de-bruxa. Além disso, serve tanto para produção de polpa quanto para produção de sementes - outras duas características de grande valor para o produtor. De acordo com Rafael Alves, estima-se que aos oito anos de idade, na fase adulta dos pomares, cada planta produzirá, em média, por safra, cerca de 18 frutos com 1.600 gramas cada.
“Isto significará um diferencial de 28% em relação à produção das quatro cultivares já no mercado e 50% em relação à produção média paraense”, informa o pesquisador. As quatro cultivares a que ele se refere são a Coari, Codajás, Manacapuru e Belém, lançadas em 2002 pela Embrapa Amazônia Oriental e que, juntamente com outros 13 materiais selecionados, geraram a BRS Carimbó.
“As sementes oriundas do cruzamento desses 16 materiais originaram a cultivar BRS Carimbó. As análises dessas sucessivas avaliações, especialmente no comportamento dos 16 parentais durante 15 anos, permitiram estabelecer as estimativas de resistência e produtividade da nova cultivar”, explica o pesquisador.
O potencial de produtividade, por hectare, é de 4,5 toneladas de polpa e uma tonelada de sementes secas. Para implantar um hectare da BRS Carimbó (400 plantas), são necessários três quilos de sementes, aproximadamente.
A produtividade de amêndoas esperada é de 1,1 tonelada por hectare de amêndoas secas. Em média, 6,9 frutos produzem um quilo de amêndoas secas. “Esse subproduto tem assumido destaque na cadeia de produção do cupuaçuzeiro, pois o óleo extraído das amêndoas está sendo empregado na indústria de cosméticos”, ressalta o pesquisador.
“As técnicas para o preparo de mudas, instalação e condução de pomares com a BRS Carimbó são semelhantes às recomendadas para o cultivo do cupuaçuzeiro com mudas do tipo pé-franco”, adianta o pesquisador.
Na Amazônia, a safra do cupuaçuzeiro se estende de dezembro a maio. O pesquisador recomenda que nessa época a coleta dos frutos seja feita diariamente, pois assim evitam-se perdas por excesso de umidade no solo e por ataque de pragas. Outra boa prática é manter limpa a coroa da planta, pois dessa forma os coletores de cupuaçu veem os frutos mais facilmente, podendo coletá-los o mais rápido possível.
Com o lançamento, a Embrapa vai disponibilizar ao público documentos técnicos, entre eles uma cartilha detalhando o passo-a-passo para implantação de um pomar com a BRS Carimbó, desde a obtenção das sementes, o preparo de mudas até a colheita.
(Ascom Embrapa)

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