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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Convênio possibilitará pesquisa sobre pirarucu amazônico
Peixe símbolo da Amazônia, considerado vulnerável à extinção, o pirarucu (Arapaima spp.) será objeto de estudo do projeto “Crescimento, migração, diversidade de espécies e dieta do pirarucu (Arapaima spp.) no estado do Pará”, que visa a contribuir com a conservação e gestão de recursos pesqueiros das águas interiores da Amazônia. Com duração de cinco anos, o projeto será realizado por meio de parceria institucional entre a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e a Universidade Estadual de Nova Iorque (SUNY ESF).
A pesquisa reunirá 15 cientistas especialistas, brasileiros e estrangeiros, que atuarão junto às comunidades de pescadores tradicionais situadas na região do Baixo Amazonas. Nas análises, serão utilizadas apenas amostras de peixes capturados por pescadores locais durante as suas atividades normais de pesca, para evitar mortalidade adicional. “No início, vamos atuar em parceria com algumas comunidades do município de Santarém, como Ilha de São Miguel”, explica o coordenador do projeto, Daniel Gurdak, da SUNY ESF.
“Esse é um ponto importante da nossa pesquisa, o trabalho com as comunidades locais”, concorda a pesquisada Lenise Vargas Flores da Silva, do Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas (ICTA) da UFOPA. Segundo a pesquisadora, o projeto está dividido em quatro linhas de pesquisa: Crescimento e Maturidade Sexual; Migração e Uso do Habitat; Diversidade Genética e Morfológica; e Investigação da Dieta. Serão avaliados os padrões de crescimento e a maturidade sexual do pirarucu no Pará, através de comparação com outras regiões da Amazônia. Os pesquisadores também vão analisar o intervalo, a migração sazonal e o habitat para reprodução e criação do pescado.
A equipe investigará também a dieta do pirarucu em função da sazonalidade ambiental e suas fases de desenvolvimento. “O caráter interdisciplinar do projeto, que agrega diferentes especialidades, como ecologia, genética, reprodução, taxonomia e manejo, em prol da sustentabilidade do pirarucu, é outro destaque”, explica Lenise Silva.
Várias espécies – Outra meta da pesquisa é caracterizar a diversidade genética e morfológica do pirarucu no Baixo Amazonas e comparar com outras áreas previamente estudadas. “Pode haver mais de uma espécie de pirarucu, o que torna o manejo e a conservação mais complicados. Temos que aprender antes que essas espécies desapareçam”, alerta o pesquisador Donald Stewart, da SUNY ESF, que há mais de 30 anos pesquisa os peixes da Amazônia. “Esses estudos são importantes para definirmos regras de manejo, porque temos que conhecer melhor a biologia dessas espécies para poder manejá-las corretamente”.
O Prof. Luís Reginaldo Ribeiro Rodrigues, da UFOPA, também concorda em que uma das principais questões do projeto é a identidade taxonômica do pirarucu. “Suspeitamos que existam outras espécies do peixe, que estejam em risco de extinção”, afirma. “Por isso, além de estudos morfológicos, ecológicos e ambientais, faremos uma abordagem genética para fazermos comparações e identificarmos essas espécies”.
Convênio – Assinado em maio de 2012, o acordo de cooperação entre a UFOPA e a SUNY ESF visa ao desenvolvimento de projetos de pesquisa e programas de ensino e extensão conjuntos, além do intercâmbio discente, docente e de pesquisadores.
Com duração de cinco anos, o acordo de cooperação viabilizará o desenvolvimento de vários projetos, como este estudo sobre o crescimento, a migração, a diversidade de espécies e a dieta do pirarucu no estado do Pará. A iniciativa contará ainda com as parcerias do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), do Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e da Universidade da Califórnia Davis (UC Davis), além de recursos da Fulbright e da National Geographic.
De acordo com o convênio, a UFOPA, por meio do Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas (ICTA) e do Instituto de Ciências da Educação (ICED), disponibilizará sua estrutura física e os equipamentos necessários para a pesquisa, auxiliando no processo de obtenção de autorização de diversos serviços públicos, recursos e permissões para a condução do trabalho de campo, coleta e curadoria de amostras e espécimes biológicos.
Além de viabilizar recursos para execução da pesquisa, a SUNY ESF, por meio da Faculdade de Ciências Ambientais e Florestais, promoverá a logística de análise de dados, facilitará o intercâmbio entre professores e alunos e auxiliará na organização de eventos relacionados à pesquisa.
Maria Lúcia Morais – Comunicação/UFOPA

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