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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Cheiro de Morte

Derrotada, Carminha Jerominho sai de casa, com medo de ser morta pelo miliciano Toni Ângelo

Carminha passou a ser acompanhada por uma patrulha da Polícia Militar desde que foi alvo de uma ameaça de Toni Ângelo
Carminha passou a ser acompanhada por uma patrulha da Polícia Militar
Carminha Jerominho está com medo. A vereadora do PTdoB, cujos 6.234 votos nesta eleição não foram suficientes para reconduzi-la ao Palácio Pedro Ernesto e acabaram por sepultar os planos da família de se manter no poder, saiu de sua casa em Campo Grande, por temer ser morta pelo miliciano Toni Ângelo.
A filha de Jerominho e sobrinha de Natalino Guimarães, acusados de comandar a maior milícia do Rio e presos desde 2008, diz ter sofrido ameaças de Ângelo durante todo o processo eleitoral. A mais grave ocorreu em setembro, quando Carminha fazia campanha em Vilar Carioca, uma das áreas de Cosmos dominadas pelo grupo de Ângelo. Segundo ela, o miliciano e cerca de 40 comparsas a expulsaram da favela com tiros para o alto. 
Dirigindo um Porsche Carrera, o criminoso teria ainda mandado as mulheres que trabalhavam com a vereadora tirarem a camisa e irem embora da favela só de sutiã. Toni também ameaçou moradores: quem ousasse votar em Carminha sofreria represálias.
— O fator mais grave (para a derrota) foi o terrorismo imposto pelo Toni para que as pessoas não ajudassem na minha eleição deste ano — avalia Carminha: — Ele disse que vai me matar pessoalmente.
A derrota de Carminha nas urnas não foi o primeiro revés para os Jerominho. A votação dela em 2008 já havia sido menor do que as de Jerominho e Natalino. Naquele ano, foi presa pela Polícia Federal dias antes da eleição, mas depois inocentada. Teve o mandato cassado por suposto caixa dois em 2009. Este ano, a Justiça devolveu seu mandato.
Em entrevista ao EXTRA no dia 2 de outubro, Carminha afirmou que havia recebido a informação de que só três candidatos teriam autorização para fazer campanha na área dominada por Toni Ângelo.
— Eu ouvi dizer que só poderiam trabalhar três pessoas lá dentro. O Guaraná, a Lucinha e o Beraldo — afirmou a vereadora, referindo-se ao vereador Luiz Antônio Guaraná (PMDB), ex-secretário de Obras de Eduardo Paes, ao então candidato Junior da Lucinha (PSDB), filho da deputada Lucinha, e a Alex Beraldo, PM que se candidatou pelo PTN.
Após a afirmação, no entanto, Carminha não quis dar detalhes sobre o suposto benefício dado pelo miliciano aos três. Na quinta-feira, na Câmara, a vereadora recuou:
— Eu não posso dar mais informação, porque apenas ouvi dizer.
Guaraná e Junior negaram qualquer tipo de envolvimento com Toni Ângelo. O filho de Lucinha disse que sua votação acompanhou a da mãe.
— Não faz sentido. Nunca tivemos acordo com milícia, e minha mãe sempre foi eleita — rebate Junior.
O ex-candidato Alex Beraldo não foi encontrado para comentar a afirmação feita por Carminha.

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