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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Vendedor de lanches é preso por Guardas Municipais e revolta moradores de Altamira

Ambulante presoA detenção de um vendedor ambulante em Altamira, no sudoeste do Pará, causou comoção na cidade e nas redes sociais nesta terça-feira, 24. Raimundo Neto vende, há seis anos, lanches em uma bicicleta cargueira e estava parado em frente a uma escola na Rua 7 de setembro, centro comercial da cidade, quando foi abordado por quatro guardas municipais.
Segundo o vendedor, eles pediram para que ele retirasse a bicicleta da calçada, mas como ele pediu que esperassem um pouco, os guardas o teriam algemado e arrastado à força para dentro da viatura, e a bicicleta com os lanches foi colocada na carroceria do veiculo. “Eles chegaram e me falaram pra eu me retirar. Eu pedi pra esperar um pouco, só acabar o recreio da escola, mas eles já me falaram que iam prender a minha bicicleta. Eu falei que eles não iam levar a minha bicicleta porque eu não estava fazendo nada com ninguém.
Aí eles passaram a gravata no meu pescoço, me algemaram e me levaram para Depol. Em momento algum eu xinguei e nem tentei bater neles, como eles estão dizendo”, contou Raimundo.
No momento da prisão do ambulante, varias pessoas passavam pelo local e não concordaram com a ação dos guardas municipais. “Eles poderiam andar atrás dos bandidos que roubam e matam, ao invés de estarem perseguindo um trabalhador honesto”, desabou um cidadão que presenciou a cena de violência.
Fotos e vídeos da detenção de Raimundo e sua bicicleta foram parar nas redes sociais e geraram revolta e muitos comentários por parte de internautas.  A maioria em apoio ao vendedor.
A inspetora chefe da guarda municipal, Daniele Freitas, estava à frente da guarnição que deteve o ambulante. Segundo ela, Raimundo foi abordado porque estava vendendo lanche na calçada. “O fiscal abordou e pediu para ele retirar o material de cima da calçada tendo em vista essa operação que esta sendo feita. A calcadas livres. Durante a abordagem ele falou para o fiscal procurar o que fazer porque ele não iria retirar a bicicleta de cima da calçada, só quando terminasse de vender o material dele”, explicou a inspetora.
11021204_545519665591357_3510576749608122347_nEla diz ainda que Raimundo só foi detido porque desacatou e agrediu a guarnição. “Quando pegamos a bicicleta para colocar na viatura, ele se alterou e me empurrou. Foi quando eu resolvi encaminhar ele para a Depol por causa do desacato. O intuito da guarda não é proibir ninguém de vender o seu produto nem de prover o sustento de sua família, mas desde que faça dentro da legalidade”, orientou Daniele.
Raimundo Neto foi apresentado ao Delegado de plantou na Delegacia de Polícia Civil de Altamira e depois foi liberado. “Nunca tinha acontecido isso antes comigo. O meu dia acabou e eu perdi meu lanche e o meu dinheiro. Sempre deixei minha bicicleta lá, no cantinho, e nunca empatou ninguém. O negócio é que eles querem ser autoridade e não respeitam ninguém”, desabafou Raimundo, que disse ainda que já registrou um boletim de ocorrência e acionou um advogado para resolver essa situação.
Até o momento nem o Comando da Guarda Municipal e nem a Prefeitura de Altamira informaram se vão abrir um processo administrativo para investigar a conduta da guarnição que estava no local. Instalada em 2007, a Guarda Municipal de Altamira tem hoje 100 guardas municipais. Nenhum deles e concursado.
Operação Calçadas Livres
A operação Calçadas Livres começou no dia 12 de janeiro e, de acordo com a Prefeitura, não teria data para terminar. Na época mais de 60 barracas de ambulantes foram retiradas das calçadas das principais ruas e avenidas da cidade.
A ação foi baseada em uma recomendação do Ministério Público Estadual, assinada pela promotora de Justiça, Silvana Nascimento Vaz de Sousa, que recomendou no dia 17 de outubro do ano passado, através de um ofício, que num prazo de 60 dias, fossem eliminadas as barreiras arquitetônicas nas calçadas do município, que estariam inviabilizando o direito das pessoas de transitar com segurança. Além disso, a ação de desobstrução também se baseava no código de postura do município.
Até agora, quase 60 dias, após ter sido deflagrada, nenhum ambulante foi realocado e nem as calçadas da cidade foram recuperadas para garantir o direito à acessibilidade, conforme recomendou o Ministério Público Estadual.
Por: Valéria Furlan e Wilson Soares – A Voz do Xingu

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