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quarta-feira, 8 de abril de 2015

Omissão do secretário Helenilson Pontes, provoca ira e carta de repúdio de professor indignado

Simão Jatene e Helenilson Pontes, a dupla dinâmica da péssima administração do Pará
Na carta endereçada ao QG do Xarope, o educador e ex-funcionário da SEDUC solta o verbo e chama o conhecido “arigó” santareno  de arrogante e diz que ele pouco entende de administração escolar. Confira:  
Carta ao Exmo. Senhor Secretário de Educação Helenilson Pontes 
Caro secretário, 
Sinto-me na obrigação de me manifestar sobre tudo que tem acontecido desde o início da greve deflagrada no dia 25 de Março, mesmo consciente da possibilidade de futuras retaliações sinto-me na obrigação de me posicionar acerca de acontecimentos que considero lamentáveis, que em nada acrescentam no diálogo sempre conturbado Governo/Professores. 
Primeiramente, vou começar manifestando meu total repúdio e indignação a quem chama os professores e demais trabalhadores da educação de “vagabundos”, “Trapaceiros”, “Ladrões de merenda escolar” e outros adjetivos que o bom senso não me permite colocar aqui. Estendo a minha indignação ao senhor também secretário, pois como nosso líder deveria nos conduzir em um projeto de educação que mude a realidade deste estado, e não permitir (ao não se manifestar) que nossa imagem seja enxovalhada perante a sociedade numa clara tentativa de nos desqualificar enquanto profissionais. Já tive alguma experiência em gestão, privada e pública. Inclusive neste governo ao qual o senhor serve, e nunca, nunca mesmo! Permiti ofensas a meus subordinados. Críticas sim, ofensas jamais. 
Em segundo lugar, gostaria de lhe esclarecer e afirmar que esta greve não é só do sindicato como já ouvi o senhor pronunciar. Esta greve é de professores, técnicos, vice-diretores, diretores e até de gestores de URE e USE, pois todos. Eu digo TODOS! Estão sem condições de trabalho, e isto inclui os funcionários da sede da SEDUC. Contudo, as cobranças sobre nós são cada vez maiores. Mais e mais projetos novos nos são impostos a cada dia e vão se somando a nossa atribulada rotina. O mais incoerente é que esses projetos não trazem com eles as condições necessárias para que sejam implantados. Mesmo assim eles acabam de uma maneira ou de outra andando, o senhor sabe por que secretário? Pela boa-vontade dos “vagabundos” e “trapaceiros” que às vezes tiram do próprio bolso para bancar as despesas que estes projetos geram. Um bom exemplo disso são os professores de ensino médio das escolas de tempo integral, que fazem coleta para comprar tempero, pois caso contrário os alunos dessas escolas não almoçariam. 
O terceiro ponto que tenho a tocar é ainda mais grave, é sobre a lotação. Ouvi o senhor dizer em uma entrevista que temos 23.000 professores na rede e somente 11.000 em sala de aula e que os outros 12.000 o senhor não sabe onde estão. Secretário! Como o senhor não sabe onde estão? O senhor tem a seu serviço um sistema de lotação que indica onde cada servidor da SEDUC está lotado, mas eu posso lhe adiantar algumas coisas para tentar lhe ajudar: I) Muitos estão cedidos para outras instituições, II) Muitos estão de licença médica, III) Alguns estão de licença aprimoramento, IV) Vários estão lotados em espaços pedagógicos como, bibliotecas, salas de informática e laboratórios multidisciplinares. 
Ainda sobre lotação, gostaria de comentar algo lamentável que ouvi nesta mesma entrevista que o senhor concedeu. Algo sobre uma “Máfia de carga horária” instalada na SEDUC. Isto é Ridículo! Além de ofensivo. Sendo assim, são mafiosos os professores, os diretores, os gestores de USE e URE e os funcionários do setor responsável pela lotação. O professor não tem o poder de se lotar em turma nenhuma secretário. Ele é lotado, ou seja, os superiores fazem este pedido junto a CODES. Concordo que existem más práticas dentro da rede que devem ser combatidas, mas estamos longe de ter uma máfia sistematizada, o que existe de fato dentro das escolas é NECESSIDADE, e é por conta dela que um professor fica com extrapolação de 240, 280 e às vezes até 300 horas de trabalho. 
Lembro-lhe que apontar tantos desmandos administrativos dentro da Secretaria de Educação é em última análise criticar o próprio governador, pois todas as gestões anteriores que por essa secretaria passaram foram indicações dele. Então é dele também a responsabilidade.
Encerro lhe fazendo um apelo “ouça as bases secretário". Não se atenha somente ao que dizem seus assessores mais imediatos. Ouça professores, diretores e gestores separadamente, e sem a presença de secretários adjuntos, diretores e coordenadores. 
Não se esqueça de ouvir também os técnicos da sede da SEDUC, estas pessoas trabalham muito, trabalham longe, trabalham sem condições e são pouco reconhecidas. 
Juntos somos mais fortes e podemos mudar a situação lamentável que se encontra a educação neste estado. 
George Castro, Ex-diretor do ensino médio e educação profissional – SEDUC/PA
Supervisor do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio - PNEM
Professor da [cortado pelo WhatsApp] 

Blogueiro apoia repúdio 
Nota do Xarope: Ao tomar conhecimento do desabafo do professor em forma de carta-repúdio, o jornalista Hiromar Cardoso, autor do Blog do Xarope, de imediato prontificou-se a não apenas divulgar ao documento, como também manifestou-se favorável aos educadores, em sua maioria penalizado pela inoperância e falta de preparo para o cargo que assumiu na esfera estadual. No entender do jornalista, o secretário Helenilson Pontes, diante de sua péssima atuação como vice-governador, não deveria assumir mais nenhum cargo público, muito menos uma pasta de tamanha importância no governo do Estado, como é a secretaria de Educação.

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