Simão Jatene e Helenilson Pontes, a dupla dinâmica da péssima administração do Pará |
Na carta endereçada
ao QG do Xarope, o educador e ex-funcionário da SEDUC solta o verbo e chama o
conhecido “arigó” santareno de arrogante
e diz que ele pouco entende de administração escolar. Confira:
Carta ao Exmo. Senhor Secretário de
Educação Helenilson Pontes
Caro secretário,
Sinto-me na obrigação de me manifestar
sobre tudo que tem acontecido desde o início da greve deflagrada no dia 25 de
Março, mesmo consciente da possibilidade de futuras retaliações sinto-me na
obrigação de me posicionar acerca de acontecimentos que considero lamentáveis,
que em nada acrescentam no diálogo sempre conturbado Governo/Professores.
Primeiramente, vou começar manifestando
meu total repúdio e indignação a quem chama os professores e demais
trabalhadores da educação de “vagabundos”, “Trapaceiros”, “Ladrões de merenda
escolar” e outros adjetivos que o bom senso não me permite colocar aqui.
Estendo a minha indignação ao senhor também secretário, pois como nosso líder
deveria nos conduzir em um projeto de educação que mude a realidade deste
estado, e não permitir (ao não se manifestar) que nossa imagem seja enxovalhada
perante a sociedade numa clara tentativa de nos desqualificar enquanto
profissionais. Já tive alguma experiência em gestão, privada e pública.
Inclusive neste governo ao qual o senhor serve, e nunca, nunca mesmo! Permiti
ofensas a meus subordinados. Críticas sim, ofensas jamais.
Em segundo lugar, gostaria de lhe
esclarecer e afirmar que esta greve não é só do sindicato como já ouvi o senhor
pronunciar. Esta greve é de professores, técnicos, vice-diretores, diretores e
até de gestores de URE e USE, pois todos. Eu digo TODOS! Estão sem condições de
trabalho, e isto inclui os funcionários da sede da SEDUC. Contudo, as cobranças
sobre nós são cada vez maiores. Mais e mais projetos novos nos são impostos a
cada dia e vão se somando a nossa atribulada rotina. O mais incoerente é que
esses projetos não trazem com eles as condições necessárias para que sejam
implantados. Mesmo assim eles acabam de uma maneira ou de outra andando, o
senhor sabe por que secretário? Pela boa-vontade dos “vagabundos” e
“trapaceiros” que às vezes tiram do próprio bolso para bancar as despesas que
estes projetos geram. Um bom exemplo disso são os professores de ensino médio
das escolas de tempo integral, que fazem coleta para comprar tempero, pois caso
contrário os alunos dessas escolas não almoçariam.
O terceiro ponto que tenho a tocar é ainda
mais grave, é sobre a lotação. Ouvi o senhor dizer em uma entrevista que temos
23.000 professores na rede e somente 11.000 em sala de aula e que os outros
12.000 o senhor não sabe onde estão. Secretário! Como o senhor não sabe onde
estão? O senhor tem a seu serviço um sistema de lotação que indica onde cada
servidor da SEDUC está lotado, mas eu posso lhe adiantar algumas coisas para
tentar lhe ajudar: I) Muitos estão cedidos para outras instituições, II) Muitos
estão de licença médica, III) Alguns estão de licença aprimoramento, IV) Vários
estão lotados em espaços pedagógicos como, bibliotecas, salas de informática e
laboratórios multidisciplinares.
Ainda sobre lotação, gostaria de
comentar algo lamentável que ouvi nesta mesma entrevista que o senhor concedeu.
Algo sobre uma “Máfia de carga horária” instalada na SEDUC. Isto é Ridículo!
Além de ofensivo. Sendo assim, são mafiosos os professores, os diretores, os
gestores de USE e URE e os funcionários do setor responsável pela lotação. O
professor não tem o poder de se lotar em turma nenhuma secretário. Ele é
lotado, ou seja, os superiores fazem este pedido junto a CODES. Concordo que
existem más práticas dentro da rede que devem ser combatidas, mas estamos longe
de ter uma máfia sistematizada, o que existe de fato dentro das escolas é
NECESSIDADE, e é por conta dela que um professor fica com extrapolação de 240,
280 e às vezes até 300 horas de trabalho.
Lembro-lhe que apontar tantos desmandos
administrativos dentro da Secretaria de Educação é em última análise criticar o
próprio governador, pois todas as gestões anteriores que por essa secretaria
passaram foram indicações dele. Então é dele também a responsabilidade.
Encerro lhe fazendo um apelo “ouça as
bases secretário". Não se atenha somente ao que dizem seus assessores mais
imediatos. Ouça professores, diretores e gestores separadamente, e sem a
presença de secretários adjuntos, diretores e coordenadores.
Não se esqueça de ouvir também os
técnicos da sede da SEDUC, estas pessoas trabalham muito, trabalham longe,
trabalham sem condições e são pouco reconhecidas.
Juntos somos mais fortes e podemos
mudar a situação lamentável que se encontra a educação neste estado.
George Castro, Ex-diretor do
ensino médio e educação profissional – SEDUC/PA
Supervisor do Pacto Nacional pelo
Fortalecimento do Ensino Médio - PNEM
Professor da [cortado pelo WhatsApp]
Blogueiro apoia repúdio |
Nota do Xarope: Ao tomar conhecimento do desabafo do professor em forma de
carta-repúdio, o jornalista Hiromar Cardoso, autor do Blog do Xarope, de
imediato prontificou-se a não apenas divulgar ao documento, como também
manifestou-se favorável aos educadores, em sua maioria penalizado pela
inoperância e falta de preparo para o cargo que assumiu na esfera estadual. No
entender do jornalista, o secretário Helenilson Pontes, diante de sua péssima
atuação como vice-governador, não deveria assumir mais nenhum cargo público,
muito menos uma pasta de tamanha importância no governo do Estado, como é a
secretaria de Educação.
Concordo em número, gênero e grau!
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