A população marajoara já não aguenta
mais tantas promessas vazias, tantos planos e ideias que prometem acabar
com o abandono histórico da região. Em 2006, o anuncio da criação de um
plano de desenvolvimento específico para o Marajó reacendeu as
esperanças. Mas, até o momento, o Plano de Desenvolvimento Territorial
Sustentável do Arquipélago do Marajó, não avança além do discurso. Para
garantir condições mais objetivas e dar sustentação financeira aos
projetos previstos para a região, a deputada Simone Morgado (PMDB),
apresentou, na semana passada, o projeto de lei 2877/2015, que propõe a
criação do Fundo de Desenvolvimento Econômico da Mesorregião Geográfica
do Arquipélago do Marajó.
“O que estou propondo é a atenção
diferenciada para uma região que carece dos mais básicos itens sociais, e
para a sobrevivência de uma população que amarga décadas de abandono,
refletida em todos os indicadores sociais do país. É uma região de alta
vulnerabilidade, isolada pelas dificuldade de acesso”, explica a
parlamentar paraense.
O projeto de lei, que começa a
tramitar na Câmara dos Deputados, tem como objetivo criar mecanismos
institucionais de crédito e financeiros para destinar recursos para o
desenvolvimento dos municípios que integram a Mesorregião Geográfica do
Marajó e suas microrregiões.
RECURSOS
RECURSOS
O Fundo de Desenvolvimento Econômico
da Mesorregião Geográfica do Arquipélago do Marajó, de natureza
contábil, será criado para destinar recursos para as atividades
produtivas e para o desenvolvimento dos municípios que integram a
região.
Para garantir que os recursos
realmente cheguem ao Marajó, Simone Morgado está propondo que o Fundo
seja constituído por diversas fontes. São elas: 5% dos recursos do Fundo
Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), destinados à atividade
produtiva no Estado do Pará; 5% dos recursos do Fundo de Desenvolvimento
da Amazônia (FDA); 5% dos recursos do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), destinados ao
Estado do Pará, observadas as regras estabelecidas na regulamentação do
referido Fundo; dotações orçamentárias à conta de recursos do Tesouro
Nacional; contribuições, doações, financiamentos e recursos de outras
origens, concedidos por entidades de direito público ou privado,
nacionais ou estrangeiras.
Para a autora do projeto, assegurar
recursos para a execução das ações de qualquer plano dirigido ao
desenvolvimento e à melhoria de vida da população do Marajó é a única
forma de ajudar a região: “Discursos, planos, tudo isso é muito
bem-vindo. Mas é preciso ter a garantia de que existem recursos para
executar todas as propostas. Sem isso, o desenvolvimento e a qualidade
de vida jamais vão ser realidades”.
GESTÃO
GESTÃO
Simone Morgado explica que caberá ao
Poder Executivo Federal dispor sobre a aplicação dos recursos, inclusive
sobre eventuais contrapartidas do Governo do Estado do Pará, nos casos
de liberação de recursos a fundo perdido para investimentos na
Mesorregião Geográfica do Marajó.
Ainda segundo a parlamentar, será
também o Poder Executivo que vai indicar o órgão gestor do Fundo de
Desenvolvimento Econômico da Mesorregião Geográfica do Arquipélago do
Marajó. Quando for aprovado, o governo federal terá 120 dias para
regulamentar a Lei proposta no projeto de Simone Morgado.
“Os indicadores socioeconômicos
demonstram que a região do Marajó foi historicamente esquecida pela
ausência ou baixa capilaridade das políticas públicas, nas áreas
sociais, de infraestrutura e de equipamentos coletivos destinados à
promoção e à proteção social. Conheço o Plano de Desenvolvimento
Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó, que hoje está na
gestão do Ministério de Integração Nacional. Porém, se não dermos
garantias de que todas as propostas inseridas no Plano terão sustentação
financeira para serem aplicadas, de nada vai adiantar promover reuniões
e audiências públicas para discutir o planejamento. É por isso que vou
me empenhar para acelerar a tramitação deste projeto no âmbito do
Congresso nacional”, garantiu a deputada.
INDICADORES
INDICADORES
Mais de meio milhão de habitantes
vivem nos 16 municípios que constituem o Arquipélago do Marajó,
conhecido por ser uma das regiões mais pobres do Pará e do Brasil. Esta
realidade está constantemente exposta quando são divulgados os dados
sobre índices sociais no Brasil: oito dos 16 municípios marajoaras
despontam entre os 50 piores IDHs (Índice De Desenvolvimento Humano) do
Brasil (Melgaço, Chaves, Bagre, Anajás, Portel, Afuá, Curralinho e
Breves), sendo Melgaço o pior dos piores do país. O menor PIB (Produto
Interno Bruto) do Brasil também está no Marajó: o município de
Curralinho vence este triste ranking.
Ausência de políticas nas áreas de
saúde, infraestrutura, emprego e renda, entre outras são algumas das
mazelas sociais que afligem o povo marajoara e tem como consequência a
vulnerabilidade da população. Um dos fatos marcantes que vêm sendo
denunciados frequentemente pelo Bispo de Marajó, Dom Luiz Azcona, é a
exploração sexual de crianças e adolescentes na região do arquipélago
marajoara.
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