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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Degradação ambiental, chuvas e desmatamento ameaçam lago do Juá

Fonte G1 Santarém 


Lago desagua no Rio Tapajós, que no entorno do Juá, deixou de ter águas azuladas. (Foto: Luana Leão/G1)
Lago do Juá- Foto Luana Leão G1

O lago do Juá, em Santarém, oeste do Pará é um dos locais mais conhecidos da cidade e há alguns anos vem sofrendo com a degradação ambiental causada pelo homem. A área do entorno do lago já foi desmatada para dar lugar a grandes empreendimentos habitacionais, além da ocupação irregular que abriga centenas de famílias.
A preocupação agora é com o período chuvoso que tem arrastado a água da enxurrada do Residencial Salvação e acaba permitindo a passagem de sedimentos, como areia para o leito do manancial. Órgãos ambientais e movimentos sociais vêm alertando a população e as autoridades para o problema.
Enxurradas
O engenheiro florestal, Marcelo Melo do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), esteve  na área e percorreu quase quinhentos metros da avenida Fernando Guilhon rumo ao Juá e foi constatado os impactos ambientais.Nessa área onde as últimas enxurradas alcançaram cerca de um metro de altura. Segundo ele, o material que é carregado para o leito é proveniente das regiões que já foram desmatadas e ao longo do caminho os sedimentos são depositados na água. “Do ponto de vista ambiental é uma preocupação, pois pode afetar o ecossistema. Medidas corretivas precisam ser tomadas para proteger a área, como o plantio de vegetação de árvores ou gramíneas”, destacou o engenheiro. 

O Juá está sofrendo com acúmulo dos resíduos que são despejados no leito do rio. O assoreamento da área enfraquece a atividade pesqueira, pois os sedimentos se alojam dentro da água. Muitas famílias que sobrevivem da pesca e dependem exclusivamente do Lago do Juá estão preocupadas, pois existe a possibilidade do manancial se tornar inútil para uso e consumo, e muitas famílias irão sofrer as consequências. O reflexo da ocupação  impactou também na redução do número de espécies de peixes.

Pescadores estão com dificuldades de pescar porque a água não permite com que o peixe fique no lago. Segundo o “Movimento Tapajós Vivo” o esgoto do Residencial Salvação desce diretamente para o lago junto com areia e lama. “Essa situação vem se arrastando há anos e ainda não vimos nenhuma ação para mitigar esses impactos o manancial está comprometido”, disse Sara Pereira.
Empreendimento habitacional
O local que fica ás margens do Juá foi desmatado para a construção de empreendimentos imobiliários, localizado na rodovia Fernando Guilhon. As obras de um desses projetos de habitação foram paralisadas em dezembro de 2012, após a empresa ter o licenciamento cancelado e remetido ao governo do Estado, que cobrou a elaboração de Estudo e Relatório de Impactos Ambientais para que as obras pudessem ser retomadas.

Nota Semma
Em nota, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) informou que a construtora responsável pelas obras do Residencial Salvação foi notificada e autuada por crime ambiental, com multa no valor de R$1 milhão. O processo encontra-se em andamento, cabendo recurso e a decisão deverá seguir para deliberação do Conselho Municipal de Meio Ambiente.
Ainda segundo a nota, os técnicos da Semma estão analisando o processo de licenciamento ambiental da obra, nos quais estão sendo avaliadas se as condicionantes estabelecidas na Licença de Instalação (LI) estão sendo cumpridas.
Um levantamento para saber a real qualidade da água será feito e dependendo do resultado a empresa será autuada novamente. Em relação ao desmatamento da área, a secretaria informou que já existe uma ação judicial tramitando no Tribunal de Justiça do Pará (TJ-PA). A Semma reitera que não é competência do município licenciar este tipo de empreendimento.

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