Dornélio Silva (*)
Analiso, neste artigo, a eleição para deputado federal, haja vista que, em 2017, foram aprovadas novas exigências para os partidos políticos se manterem vivos, tendo como ponto essencial, mais uma vez, o desempenho mínimo no pleito para deputado federal. A esse desempenho está relacionado o acesso ao fundo partidário, ao horário de TV e ao recém-criado fundo eleitoral. Isto é, está ligado à sobrevivência dos partidos políticos, especialmente os chamados nanicos.
A análise centra-se nos deputados federais do Pará. Resgato a série histórica do desempenho dos partidos e dos candidatos, tendo como recorte as eleições de 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014 para entendermos a importância que terá a eleição para deputado federal e sua relevância para a sobrevivência dos partidos políticos.
Nessas cinco eleições, percebemos que há uma evolução significativa de participação dos partidos. Em 1998, sete partidos elegeram deputados federais. Em 2002, foram oito partidos, voltando, em 2006, para sete. Já em 2010, foram nove os partidos que elegeram deputados. Em 2014, esse número elevou-se para 12 partidos com representação na Câmara Federal. Os estreantes em 2014 foram PSOL, PROS e SD. Vale destacar que apenas quatro partidos elegeram deputados nas cinco eleições consecutivas: PMDB, PSDB, PT, PFL/DEM. O PDT só não fez deputado na eleição de 2014 e o PTB na eleição de 2006. O PP/PPB fez deputado até 2006.
Agora vamos analisar o desempenho dos partidos que participaram de todos os pleitos. Enveredo o estudo pela votação obtida, quantidade de parlamentares e coligação. O PMDB é o único partido que coligou apenas uma vez, na eleição de 2014. Nessa eleição o partido teve seu pior desempenho, elegendo apenas três deputados federais, obtendo 8,2% (menor índice) do total dos votos válidos. As melhores performances do partido foram nas eleições de 2002, 2006 e 2010, que ultrapassaram percentuais acima de 22%. O partido obtém, assim, uma média de eleitos de 4 deputados federais.
O PSDB, nessas cinco eleições, participou em dois pleitos coligados (1998 e 2002). Nessas eleições, obteve seu melhor desempenho, elegendo quatro deputados em cada eleição. Nas demais eleições saiu coligado, reduzindo o número de representantes na Câmara Federal. O pior momento do partido foi na eleição de 2014, em que elegeu apenas um deputado. Nesse pleito, a coligação que o partido participou elegeu sete deputados. A média, portanto, de eleitos do PSDB é de três deputados.
O PT saiu coligado em todas as cinco eleições. Teve seu pior desempenho na eleição de 2014, elegendo apenas dois deputados, obtendo a taxa de 7,1% do total dos votos válidos. A média de eleitos do PT é de três deputados.
O DEM é o quarto partido que mais elegeu deputado federal. Teve sua melhor participação na eleição de 1998, elegendo três deputados. Saiu coligado nas três últimas eleições. Seu pior índice foi na eleição de 2014, obtendo apenas 2,4% do total de votos válidos.
Percebe-se, pela análise dos dados, que a eleição de 2014 foi a pior para os principais partidos que elegeram deputados federais, em que seus desempenhos definharam.
Agora vamos analisar a situação de sete deputados que estão no parlamento em pelo menos duas eleições: Elcione Barbalho (PMDB), José Priante (PMDB), Nilson Pinto (PSDB), Wladimir Costa (SD), Beto Faro (PT), Lúcio Vale (PR), Arnaldo Jordy (PPS).
Elcione Barbalho (PMDB) elegeu-se em 1998. Em 2002 não participou do pleito, voltando em 2006. Em 2010 a deputada teve sua maior votação, chegando a obter 209.635 votos. Já em 2014, ela teve apenas 87.632 votos, uma queda de 58,2% em sua votação em relação à eleição de 2010.
José Priante (PMDB) só não participou da eleição de 2006. Na eleição de 1998, o parlamentar teve 60.076 votos. Em 2002, elevou-se sua votação para 96.107. Em 2010 chegou em sua melhor votação com 172.068. Até 2010 sua votação foi sempre ascendente. Em 2014, Priante teve uma queda de 28,9% em sua votação, obtendo, nessa eleição, 122.348 votos.
Nilson Pinto (PSDB) é o único deputado que participou de todas as cinco eleições analisadas. Seu desempenho foi sempre em ascenção. Saiu de 40.600 nas eleições de 1998 para 193.573 nas eleições de 2014. Comparada com a eleição de 2010, ele teve uma subida de 37,4%.
Wladimir Costa (SD) estreou em 2002, com uma votação de 162.325 votos, chegando em seu melhor desempenho nas eleições de 2010, obtendo 236.514 votos. Já em 2014, Wladimir teve 141.213 votos, caindo 40,3%, comparando com as eleições de 2010.
O deputado Beto Faro (PT) elegeu-se pela primeira vez em 2006 com 72.148 votos. Em 2010 sua votação foi para 169.504 votos, obtendo nesse pleito sua melhor performance. Já em 2014 sua votação foi de 142.970, tendo uma queda de 15,7%.
Assim como Beto Faro, o deputado Lúcio Vale (PR) foi eleito pela primeira vez em 2006 com 57.768 votos. Passou para 142.116 na eleição de 2010, chegando em 2014 a eleger-se com 148.163, obtendo um crescimento de 2010 para 2014, de 4,3%.
Arnaldo Jordy (PPS) foi eleito pela primeira vez em 2010 com uma votação expressiva de 201.171 votos. Já em 2014 houve uma queda brusca em sua votação, caindo 64,7%. Nesta eleição, ele somou 70.950.
Evidentemente que as atenções vão se voltar para a eleição dos deputados federais em todo o Brasil, tendo em vista as novas regras estabelecidas no sistema eleitoral. Exemplos de negociações com os chamados puxadores de voto estão sendo intensas nos bastidores. O PRB parece negociar com Celso Russomanno para que ele desista de concorrer ao governo do estado de São Paulo e se torne, mais uma vez, um imenso puxador de votos para o partido.
O outro partido que parece claramente preocupado com a eleição proporcional é o Podemos. O antigo PTN estaria filiando jogadores de futebol famosos para angariar votos de torcedores, ou melhor, eleitores. E promete levar o pastor Marco Feliciano para as fileiras do partido.
No Pará negocia-se a volta de Jader Barbalho à Câmara Federal para puxar voto ao seu partido. Nos pleitos que participou 2002 e 2006, Jader obteve 344.018 votos em 2002 e 311.526 em 2006.
Diante desse quadro de busca por sobrevivência, é essencial que o eleitor acompanhe esse tipo de estratégia, entenda que seu voto para deputado federal está intimamente relacionado à sobrevivência dos partidos políticos. No próximo artigo analisaremos os cenários para deputado estadual do Pará. (Imagem: Reynaldo Stavale)
(*) Mestre em Ciência Política e diretor da Doxa Comunicação Integrada.
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