"Em seu depoimento ela disse que sofreu assédio do médium em 2017"
O promotor de Justiça Sandro Garcia de Castro, coordenador do Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (NEVM), recebeu na última semana a primeira denúncia de uma vítima paraense do médium João de Deus.
É uma jovem que teve sua identidade preservada em função da denúncia. Em seu depoimento ela disse que sofreu assédio do médium em 2017 durante uma visita à casa Dom Inácio de Loyola, localizada na cidade de Abadiânia (GO), onde o João de Deus realizava atendimentos espirituais.
De acordo com a vítima, o médium argumentou que sentia que havia algo errado com ela e que seu caso requeria atendimento individualizado.
Ela foi levada para uma sala e, quando percebeu o que estava acontecendo, interrompeu o médium e conseguiu sair.
Constrangida, a jovem preferiu se preservar e preservar a família e, por isso, não denunciou o caso. “Ela revelou que ficou com medo da reação do médium, que é uma pessoa influente e de poder econômico. Mas, agora, que ela viu que não era a única vítima e resolveu procurar o Ministério Público”, disse o promotor Sandro Garcia, que tomou o depoimento.
Ele destacou que os relatos da vítima paraense são condizentes com os das demais vítimas de João de Deus. A jovem relatou ainda que já era frequentadora do centro espírita havia alguns anos. A primeira vez que ela esteve em Goiânia (GO) foi em busca de atendimento para um parente que estava adoentado e depois continuou frequentado o local até 2017, quando foi assediada por João de Deus.
Jovem afirma conhecer outras vítimas paraenses do médium
O promotor esclarece que o Ministério Público do Pará não tem atribuição para atuar especificamente no caso em razão dele ter ocorrido em outro Estado. Porém, o MPPA está irmanado com a força-tarefa do Ministério Público Estadual de Goiás no intuito de obter o máximo de provas possíveis e encaminhar para a força-tarefa do MPGO que apura o caso.
“Inclusive, a vítima que procurou o MP declarou ter conhecimento da existência de outras vítimas do médium. Os relatos nesse sentido vieram de pessoas que participam de grupos espíritas. A vítima crê que essas pessoas estejam temerosas e constrangidas, o que é perfeitamente compreensível mas é importante destacar que todas as denúncias serão mantidas em total sigilo. As vítimas podem vir tranquilamente ao MP que serão atendidas com sigilo completo”, garantiu o promotor Sandro Garcia.
Serviço
Pessoas que foram vítimas do médium podem procurar o Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher do MPPA que funciona de 8h às 14h. O NEVM fica localizado na Rua Ângelo Custódio, nº 85, entre rua Joaquim Távora e rua João Diogo – Centro, em Belém; ou o Ministério Público nas cidades onde moram. (Fonte: Ascom – Ministério Público do Pará).
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