Perfurações com escovas de dentes raspadas, até ficarem afiadas, e asfixia a golpes de mata-leão. Foi por alguma dessas agressões que 55 presos detidos no Complexo Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, morreram nas últimas 48 horas. Quinze deles tiveram as mortes confirmadas no domingo, e outros 40 foram dados como mortos pelo Governo do Amazonas nesta segunda-feira (inicialmente foi divulgado o número de 42), após a autoridades locais terem garantido que os transtornos que levaram a óbitos no dia anterior já estavam sob controle.
Segundo a secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap), as mortes desta segunda-feira ocorreram por enforcamento em três unidades distintas: o Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP) e no Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM I), todos localizados na capital amazônica. Os assassinatos por conflitos internos vêm ocorrendo no complexo prisional manauara pelo menos desde 2017, quando uma revolta que durou 17 horas causou 56 mortes. Além disso, em dezembro passado, um agente penitenciários morreu dentro da prisão.
O Departamento de Correções da Amazônia havia dito à agência de notícias EFE que a situação estava controlada no final da tarde de domingo, quando um batalhão da Polícia Militar foi acionado para entrar no Compaj. O Governo federal informou que, por solicitação do Governo do Amazonas, vai enviar uma Força-tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) para atuar no complexo penitenciário de Manaus. "Formada por agentes federais de execução penal dos 26 estados da federação e do Distrito Federal, a FTIP obedece o planejamento definido pelos entes envolvidos na operação, sempre que houver necessidade de sua atuação", explica o Ministério da Justiça e Segurança Pública em nota.
O ministério, comandado pelo ex-juiz Sergio Moro, lembra ainda na nota que "a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) é responsável pela segurança da área externa do Complexo Penitenciário Anísio Jobim desde 09 de janeiro de 2017. A FNSP continuará atuando no local". Nesta segunda-feira, por conta das 15 mortes de domingo, o Ministério já havia determinado o reforço da presença policial em outras unidades penitenciárias do estado como "medida de precaução". Mais cedo, o secretário da Administração Penitenciária do Amazonas, Coronel Marcos Vinicius Almeida, descartou se tratar de uma "rebelião" e disse que as mortes ocorreram durante a visita dominical por uma "disputa entre os internos".
As vítimas do domingo, segundo Almeida, morreram asfixiadas ou perfuradas com escovas de dente. "Isso nunca aconteceu durante as visitas, alguns morreram dentro da cela com as grades fechadas. Muitos cometeram os crimes em frente aos parentes", afirmou o secretário. Segundo a Secretaria, não houve fugas, nem houve ataques aos guardas da prisão. E nenhum parente foi feito refém. A motivação da luta que causou as mortes será objeto de investigação pelas autoridades, que suspenderam temporariamente as visitas ao centro de internação e analisarão as imagens das câmeras de segurança.
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