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segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Agiotagem: Investigação alcança 11 prefeitura do Pará e morte de 2 prefeitos

AGIOTAGEM – Investigação alcança 11 prefeituras do Pará e morte de 2 prefeitosInvestigações iniciadas em 2017, após o assassinato do prefeito de Tucuruí, Jones William da Silva Galvão, em 25 de julho daquele ano, indicam que, além dele, o gestor de Goianésia do Pará, João Gomes pode ter sido assassinado, porque ambos se envolveram com uma organização criminosa formada por agiotas e contraíram dívidas para bancarem suas campanhas. Não está ainda confirmado se a morte do prefeito de Breu Branco, Diego Kolling, teria sido represália de agiotas, mas as suspeitas continuam no crivo dos investigadores.
Uma operação, batizada de Redoma do Lago, feita pela Divisão de Investigações e Operações Especiais (DIOE) em conjunto com a Procuradoria Geral do Ministério Público do Pará, investiga a existência de um esquema criminoso que envolve agiotagem nas prefeituras de Goianésia do Pará, Tucuruí, Anapu, Cametá, Cumaru do Norte, Jacundá, Novo Repartimento, Pacajá, Parauapebas, Rondon do Pará e Tailândia.
As investigações iniciais feitas pela Procuradoria da Prefeitura de Tucuruí mostraram uma nova modalidade de fraudes para lesar os cofres públicos das prefeituras. Trata-se de agiotagem para bancar campanhas de candidatos, com contrapartida de sociedade da organização criminosa no mandato.
Neste caso, o candidato assume compromisso com os agiotas de pagar a dívida e de entregar várias pastas municipais para o grupo criminoso. Em 8 de março deste ano, o procurador-geral do MP do Pará, Gilberto Valente Martins, recebeu uma denúncia da Procuradoria do município de Tucuruí, relatando o modo de agir da quadrilha no município e em outras prefeituras paraenses.
Só em Tucuruí, a quadrilha desviou R$ 180 milhões dos cofres municipais. O golpe foi constatado por uma auditoria e perícia contábil feita pelo contador e perito Kleber da Cunha Ota nas notas de empenhos, notas de liquidação e ordens de pagamento entre primeiro de janeiro de 2015 a 30 de abril de 2018.
Foi constatado “grande volume de pagamentos irregulares, frutos de processos licitatórios e contratos realizados à época para um grupo de empresas, tendo à frente o empresário Alexandre de França Siqueira, sócio majoritário e administrador das empresas”.
Uma parte da denúncia da Procuradoria da Prefeitura de Tucuruí diz o seguinte: “Aqui destacamos tão somente os pontos relevantes que evidenciam uma organização criminosa que atuava no município de Tucuruí ao arrepio da lei penal, durante o período de 01 de janeiro de 2015 a 31 de julho de 2017 e, retornando, no período de dezembro de 2017 a 30 de abril de 2018, constatando práticas de direcionamento em certames licitatórios e fraudes nos processos licitatórios, perpassando por simulação de execuções de prestação de serviços para validar as liquidações das despesas, até chegar às ordens de pagamentos, realizadas com documentos fiscais inidôneos e cheques utilizados para pagamentos com assinatura totalmente divergente da assinatura padrão oficial do prefeito Jones William da Silva Galvão, assassinado em 25 de julho de 2017, ensejando tudo para o efetivo desvio de recurso público”.
A denúncia aponta o empresário Alexandre Siqueira França como chefe do esquema criminoso, sendo ele titular de várias empresas que ganharam licitações nos municípios envolvidos. Alexandre foi o financiador da campanha do prefeito assassinado de Tucuruí, Jones William.
A maioria dos cheques descontados tinha como beneficiárias as empresas de Alexandre França. O esquema era repetido sistematicamente nas outras prefeituras. Um inquérito corre em segredo de justiça.
Além de França, estão envolvidas a viúva de Jones William, Graciele Silva de Sousa Galvão, funcionária do Banpará que facilitava os descontos dos cheques e que também descontou cheques pessoalmente enquanto o corpo do marido era velado; Poliana da Silva Rocha, gerente da agência do Banpará de Goianésia; Moisés Gomes Soares Filho, secretário municipal; Odir José Moraes Viana, empresário; Firmo Leite Giroux, ex-superintendente do IPSET (Instituto Previdenciário de Tucuruí); Andrey Fernandes Mateus, servidor público.
Outros envolvidos no esquema criminoso também estão sendo investigados, segundo apuração do Ver-o-Fato. Aguarde novos detalhes. Texto: Paulo Jordão.

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