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quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Deputado federal Cristiano Vale e irmão do vice governador Lúcio vale é um dos suspeitos de participar de fraudes licitatórias que desviaram R$ 40 mi no Pará

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Cristiano Vale (PR) é um dos investigados pela Polícia Federal. O esquema usava empresas de fachada para fraudar processos de licitação. Segundo a PF, 80% do dinheiro desviado seria para a merenda escolar.
O deputado federal Cristiano Vale (PR), ex-prefeito de Viseu, nordeste do Pará, é um dos investigados pela Polícia Federal (PF) na operação que desarticulou um esquema de desvio de recursos públicos referentes a programas do governo federal na saúde e educação. Segundo a PF, o esquema usava empresas de fachada para fraudar processos de licitação e R$40 milhões foram desviados, sendo 80% destinados à merenda escolar. O advogado do deputado, Clodomir Araújo, negou as acusações e disse que Vale colocou à disposição da PF toda a documentação de quando foi prefeito de Viseu.
Cristiano Vale é irmão do vice-governador, Lucio Vale (PR). Entre os investigados, também está Felippe José Brito Barbalho, enteado do tio do governador eleito do estado, Helder Barbalho. O nono alvo da investigação disse que deve se apresentar à PF na próxima segunda (12). A reportagem não conseguiu contato com o investigado Fellipe Barbalho e nem com a prefeitura de Viseu.
O superintendente da PF, Uálame Machado, disse que as fraudes começaram no período em que Cristiano Vale era prefeito. "Por isso ele foi alvo dos mandados de busca e apreensão. O material coletado deve ser investigado e analisado para verificar a responsabilidade de cada acusado", explicou.
Oito pessoas foram presas preventivamente nesta sexta-feira (9). O cumprimento dos mandados duraram mais de três horas. Os agentes apreenderam a quantia de R$120 mil no apartamento de luxo do deputado Vale em Belém. Segundo a defesa, o dinheiro é proveniente da atividade dele como pecuarista.
O advogado Araújo afirmou que foram feitas algumas perguntas e o deputado respondeu a todas. "Esperamos que a PF possa descobrir se houve alguma fraude e se houve participação de funcionários, que eles sejam identificados e possam ser responsabilizados", afirmou.
Operação
A PF e a Receita Feral apreendeu centenas de documentos e até carros de luxo. O material foi levado para a sede da PF em Belém. A ação foi resultado do cumprimento de trinta mandados de busca e apreensão em casas, empresas e na sede de dez prefeituras - Cachoeira do Piriá, São Caetano de Odivelas, Ipixuna do Pará, Mãe do Rio, Marituba, Ourém, Santa Maria do Pará, São Miguel do Guamá, Viseu e Marapanim.
Segundo as investigações iniciadas em 2017, as fraudes teriam começado em 2013, tendo a suspeita de que prefeitura de Viseu seria o principal núcleo do esquema.
De acordo com a PF, a quadrilha era comandada por um casal de empresários responsável financeiro pelas operações. O casal e outras sete pessoas montavam empresas de fachada para participar de licitações nas prefeituras e sempre venciam, segundo as investigações.
O superintendente da Controladoria-Geral da União, Fábio Braga, disse que os serviços não eram fornecedos.
"As empresas forneciam nota fiscal e não faziam a entrada dos produtos, somente a saída. Não tem como fornecer alimentação escolar e informar somente a saída de mercadorias, ou seja, não havia a compra dos produtos", explicou.
Nesta primeira fase, a PF trabalha com a relação financeira envolvendo apenas empresários, mas de acordo com a PF existe a participação de servidores públicos das prefeituras, que teriam facilitado as fraudes.
"Identificamos algumas pessoas que não sabiam, outras que sabiam da utilização do nome no esquema e outras que estariam facilitando essa articulação. É nesse ponto que vamos investigar e analisar com o material apreendido", disse o superintendente Machado.

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