Belém, Ananindeua e Santarém são, respectivamente, a pior metrópole, a pior cidade de região metropolitana e a pior cidade de interior num conjunto de quesitos que compõem o progresso.
É triste, mas é a realidade. A primeira pesquisa da década sobre qualidade de vida e desenvolvimento municipal, realizada pela consultoria Macroplan, traz as três maiores cidades paraenses como as piores do país para viver, no conjunto de quesitos compostos por saúde, educação, segurança e saneamento básico. Das 100 cidades mais populosas do Brasil, Ananindeua é a 2ª pior, Belém é a 3ª pior e Santarém, 6ª pior.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que vasculhou a íntegra do estudo “Desafios da Gestão Municipal (DGM) 2021” (veja aqui) divulgado esta semana pela consultoria Macroplan, que se intitula uma das mais experientes empresas brasileiras em cenários prospectivos, administração estratégica e gestão orientada para resultados, com 31 anos de mercado. O estudo gera um ranking — o Índice DGM ou simplesmente IDGM — numa escala de 0 a 1, em que quanto mais próximo de 1, mais desenvolvida é a cidade.
Guardadas as devidas proporções, o IDGM se assemelha ao Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), que, no entanto, apura qualidade de vida com base em três pilares (educação, longevidade e renda) e só é confeccionado em nível municipal após publicação de dados censitários oficiais. O IDGM, por seu turno, esforça-se para atualizar a situação das localidades pesquisas com os indicadores mais recentes disponíveis — no caso do estudo lançado agora, os parâmetros mais atuais são de 2017 e 2018.
E é aí que o Pará afunda e cada uma de suas cidades apresenta um título vergonhoso, dependendo do recorte geográfico feito. Enquanto o melhor município brasileiro para se viver, Maringá (PR), tem pontuação geral no IDGM de 0,756, Ananindeua apresenta apenas 0,481 de nota e é o pior entre todos os municípios integrantes de regiões metropolitanas. Só Macapá (AP) conseguiu desempenho ainda pior, com IDGM de 0,449. Belém, com IDGM de 0,490, é a terceira pior do país e a pior de todas considerando-se as metrópoles. E Santarém, com nota 0,511, também não fica atrás: é a pior das piores quando isolados apenas municípios de interior.
Mas como as cidades paraenses conseguem permanecer nessa situação de piores entre as piores há décadas, sem reagir? A falta de investimento em desenvolvimento social pode ser a explicação. No começo da década passada, por exemplo, Ananindeua, Belém e Santarém eram menos piores que hoje, mas, absurdamente, conseguiram piorar o que já tinham de ruim, de acordo com percepção da Macroplan.
Ananindeua caiu 7 posições em uma década, Belém despencou 9 e Santarém desceu ladeira abaixo 10. O ponto fraco em comum às três são segurança e saneamento básico. Enquanto isso, cidades do interior de São Paulo e do Paraná, bem como nordestinas, conseguiram apresentar avanços exemplares, notadamente em educação e saneamento básico, que levaram o desenvolvimento local a patamares invejáveis.
Ranking por áreas
Em educação, as cidades de Belém (0,429) e Ananindeua (0,434) são, respectivamente, 3ª e 4ª piores do Brasil. Santarém (0,527) é a 30ª pior, mas tem indicadores educacionais melhores que os de muitas capitais badaladas, como Recife (0,52), Manaus (0,517) e Salvador (0,513). A campeã em educação no país é a paulista Piracicaba (0,699).
No quesito saúde, Santarém (0,538) e Belém (0,539) são, respectivamente, as 18ª e 19ª piores do país. Ananindeua (0,594) ocupa a 49ª posição de 100 num grupo que é liderado por quatro capitais: Florianópolis (0,74), Vitória (0,721), Curitiba (0,714) e Palmas (0,705).
Quanto à segurança, Ananindeua (0,627) é a 11ª pior, enquanto Belém (0,656) é a 16ª pior. Santarém (0,736) é a 32ª pior em segurança e muito distante dos indicadores proporcionais alcançados pela cidade de São Paulo (0,935), que possui a melhor situação nesse quesito. Curiosamente, das dez melhores cidades em segurança no IDGM 2021, nove são paulistas. Já sobre saneamento, as paraenses aparecem entre as cinco piores. Ananindeua (0,306) é a 2ª pior, Santarém (0,34) é a 3ª pior e Belém (0,442), 5ª pior. É como se as cidades paraenses estivessem meio século atrasadas em relação ao saneamento de Santos (0,984), a melhor do país
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