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quinta-feira, 20 de maio de 2021

Militar paraense do Exército de Israel está a uma carta do conflito contra extremistas palestinos


FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Fernando Larrat, 25 anos, é da reserva do Exército de Israel e está de sobreaviso esperando ordem do comandante: "venha para base".
Imagine ser um oficial da reserva do exército e estar de sobreaviso para entrar no campo de combate a qualquer momento. Essa é a situação que vive o jovem paraense Fernando Larrat, de apenas 25 anos. Nascido em Belém, Fernando é descendente de judeus e aos 18 anos optou por assumir a nacionalidade israelense.
Desta forma, o brasileiro-israelita prestou serviço militar obrigatório no país do Oriente Médio e atualmente está na reserva do Exército de Israel. Ele pode ser chamado para o fronte de batalha na Faixa de Gaza no conflito contra grupo extremista palestino.
Em entrevista ao G1, o jovem falou sobre as mazelas provocadas pela guerra entre judeus e árabes. Ele também relatou como foi o combate à pandemia em Israel e deu detalhes da escalada de violência que gerou o pior confronto na região nos últimos 10 anos.

"Miluim" e os protocolos de segurança

Apesar da pouca idade, Fernando já é um militar da reserva. Ainda muito novo, ele se alistou nas Forças Armadas Israelenses e serviu durante um período o exército de Israel. Após alguns anos, Fernando foi liberado do serviço contínuo, mas ainda precisava se apresentar à base militar, uma vez ao ano, para realizar treinamentos específicos. Esse período de retorno para a preparação é chamado de Miluim.
"Tenho que ir até eles uma vez por ano, seja em momento de confronto ou não. Esse período, que exercemos uma vez por ano após o período obrigatório, é chamado de "Miluim", uma espécie de reserva ativa. No "Miluim" nós recebemos algum grupo pra treinar, recebemos refugiados, ajudamos famílias fugindo da guerra, ou participamos de treinos dentro da base. Temos experiências de ensino, mas também de combate", explicou Fernando.
Segundo ele, o Miluim de 2021 estava marcado para o mês de junho. No entanto, com a alçada da violência em Israel, Fernando contou que recebeu uma carta, explicando que ele pode ser chamado ao Oriente Médio a qualquer momento. O retorno dele a Israel foi determinado pelos oficiais militares, mas dependeria das pelas implicações impostas pela fronteira área. Devido à pandemia, muitas viagens internacionais estão suspensas.

"Foi um chamado, de sobreaviso, do comandante. Eles não passam informações por telefone ou e-mail. O máximo que eles falam é: 'venha pra base'. Esse é o protocolo. Depois disso eu só vou saber o que fazer lá dentro. Mas recebi uma carta. Como foi muito imediato, envolveu até mesmo aeroportos fechados, a necessidade do exercito é imediata e alguns consulados entraram em contato para a aviação militar".

Mesmo no Brasil, Fernando tem a cabeça em Israel. O jovem disse que, caso seja chamado, não pensaria duas vezes: iria para o combate imediatamente. Ele contou que tem uma identificação com o povo israelense e faria de tudo para ajudar amigos que formou durante o período que serviu no serviço militar.
"Confesso que se pudesse estar em Israel, ir para a base, desde o começo, eu estaria, para poder ajudar meus companheiros. Acostumamos a passar por coisas muito difíceis e atividades militares juntos. Se eu pudesse, estaria lá para ajudá-los".

Aumento do conflito e escalada de violência

O conflito entre israelenses e palestinos já existe há muito tempo, mas o gatilho para a nova escalada de violência teve origem nas ameaças de despejo de famílias palestinas de Sheikh Jarrah, um bairro fora dos muros da Cidade Velha de Jerusalém.
Somado a isso nas últimas semanas, houve a violenta repressão de palestinos por parte da polícia israelense durante o Ramadã, culminando com o uso de gás lacrimogênio e de granadas dentro da mesquita de al-Aqsa, o lugar mais sagrado para os muçulmanos depois de Meca e Medina.
O Hamas, o grupo extremista palestino que controla a Faixa de Gaza, tomou a atitude incomum de emitir um ultimato a Israel para remover suas forças do complexo de al-Aqsa e de Sheikh Jarrah.
Israel não acatou a ordem, e o Hamas então começou a disparar foguetes contra Tel Aviv, maior cidade de israelense. Já são mais de sete dias de mísseis rasgando o céu, explosões e mortes: 10 em Israel e mais de 200 na Faixa de Gaza. Apesar de apelos da comunidade internacional, a perspectiva é de mais ataques.
Segundo Fernando, a escalada da violência é algo "muito doloroso", tanto para judeus, quanto para palestinos. De acordo com ele, o confronto é causado por uma minoria árabe, extremista, e não representa a visão de todo o povo palestino. Inclusive, Fernando contou que existem muitos árabes cooperam com o exército de Israel para conter a sequência de bombardeios que, de acordo com paraense, é iniciada pelo grupo terrorista Hamas.

"Eu rezo muito, peço a Deus, que esse conflito se encerre, porque as maiores vítimas, dos dois lados, são crianças, idosos, mulheres grávidas e vários civis inocentes. É muito injusto um grupo pequeno causar tanto terror na vida de tanta gente inocente. A nossa ideia sempre é viver em harmonia. 30% da nossa população é composta por árabes e tem direitos como qualquer judeu", contou Fernando.

"O povo palestino é composto de pessoas sofridas. A grande maioria não compactua com os atos e ações terroristas e prestam apoio a Israel. Foram mais de 2.500 mísseis nesses dias, um estrago".

Combate à pandemia em meio a guerra

Em Israel, mais da metade da população já tomou as duas doses da vacina contra o novo coronavírus e, por conta disso, o governo flexibilizou muitas atividades. Inclusive, o uso de máscaras não é mais obrigatório.
De acordo com Fernando, a pandemia está "acabando" no país, o que representa uma preocupação a menos em relação aos conflitos. Ele contou que houve um isolamento maciço da população, durante o início da vacinação.
"Israel é um país muito pequeno, cabe dentro do Sergipe. Não podemos comparar um país com outro, mas tem sido exemplo pro mundo no combate a pandemia. Israel apostou na vacinação, isolou as pessoas que pudessem ser isoladas. Houve momentos de lockdown, mas o que foi efetivo para o combate à doença foi a educação, conta o combatente".


Fonte: G1 PARÁ / REDE LIBERAL

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