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quinta-feira, 3 de junho de 2021

Pesquisa aponta contaminação por elementos químicos no rio Tapajós em Santarém e Itaituba

Foto: Ufopa/Divulgação
Uma pesquisa apontou a contaminação por poluentes químicos em regiões do rio Tapajós, em Santarém e Itaituba, no Pará, onde há áreas de intervenção humana no meio ambiente. O estudo foi publicado na Revista Virtual de Química.
Denominada "Quantificação de Ânions Inorgânicos em Regiões Antropizadas do Rio Tapajós, no Estado do Pará, Brasil", a pesquisa foi liderada pelo professor Arthur Abinader Vasconcelos, do Instituto de Biodiversidade e Florestas (Ibef) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em parceria com os pesquisadores Kelson Faial e Bruno Santana, do Instituto Evandro Chagas, e com a participação de outros professores da Ufopa.

Os trabalho teve como objetivo investigar a presença de poluentes inorgânicos, também chamados ânions inorgânicos, presentes em pontos selecionados para coleta no rio Tapajós, a partir de ações antrópicas, ou seja, com a intervenção humana no meio ambiente.

Esses ânions são substâncias químicas que podem apresentar certas afinidades com componentes de nosso sistema biológico, como o nitrato, que pode gerar a chamada "doença (ou síndrome) do bebê azul" ou meta-hemoglobinemia, que afeta o transporte de oxigênio no corpo pela oxidação do ferro Heme presente na hemoglobina.

Destacam-se também outros ânions no estudo, como o cloreto, que pode causar problemas dermatológicos e estomacais; o fosfato e o sulfato, que podem afetar os rins.

Pontos de coletas e análise


Orla do Rio Tapajós, em Santarém, foi um dos pontos escolhidos para coletas — Foto: Marcelo Brandt/G1

Foram escolhidos três locais para coleta de amostras da água, sendo dois em Santarém e um em Itaituba, onde 12 pontos em cada região tiveram coletas.
De acordo com o professor Arthur Vasconcelos, os locais foram escolhidos, entre outras razões, por serem regiões populosas por onde o rio Tapajós corre. “Trata-se, exatamente, da região que concentra o maior aquífero de água doce do planeta, o aquífero do Tapajós”, destacou.
O pesquisador apontou a importância do estudo devido à não existência de registros dos parâmetros relacionados à contaminação de esgoto doméstico a partir de elementos químicos como o fosfato, o sulfato ou ácido sulfônico, que podem estar presentes em detergente e shampoo.
Outros elementos são o cloreto e o nitrato, que podem estar presentes devido às áreas de agricultura, nas quais são usados produtos químicos.

Resultados

A região I, da orla de Santarém, teve as maiores concentrações de nitrato, apresentando algumas residências e a presença de esgotos despejados no rio. O esgoto de áreas urbanas é uma das causas mais comuns da poluição com nitrato nos rios, de acordo com relatório agroambiental da União Europeia.



Praia de Pajuçara também teve pontos de coleta na pesquisa — Foto: Divulgação/Luau Pajuçara

Na região II, em Pajuçara, foram encontrados os maiores valores de concentração para o sulfato. Alguns pontos também indicaram a presença de fosfato em valores mais elevados. “Os altos valores de fosfato, possivelmente ocorrem devido ao depósito de esgoto doméstico no rio, pois estão localizados na região limítrofe da cidade de Santarém”, como aponta o artigo publicado.
Na orla de Itaituba, que corresponde à região III, apenas em dois pontos coletados se detectou a concentração do nitrato. Segundo o artigo, “o fluxo do rio nessa região é bastante intenso além disto, os valores não encontrados na maioria das amostras nesta região possivelmente representam a presença de atividade microbiana”.



Foram coletadas amostras em Itaituba — Foto: Divulgação/MPE

Na conclusão do trabalho, o fluxo das embarcações é apontado como um possível responsável por parte dessa contaminação. Segundo o professor, “algumas embarcações podem ocasionalmente despejar efluente semelhante àquele despejado de uma residência. Resíduos de detergentes e alimentos podem contribuir para a presença destas substâncias”.

Além disso, o fenômeno de eutrofização, que é o excesso de nutriente no ambiente aquático, principalmente o fósforo, e possível presença de resíduos de defensivos agrícolas despejados no rio podem ter influenciado os resultados obtidos.



com informações G1 PARÁ

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