O cardápio principal do jantar marcado para esta segunda-feira (11/4) na casa do ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE), cujo convidado de honra é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é a candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS), cotada como uma das alternativas para unificação da chamada terceira via.
Organizado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um dos coordenadores da campanha de Lula, e pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), velho aliado de Lula, o encontro terá a participação de parlamentares de diferentes partidos. Entretanto, o fato mais relevante será o apoio da maioria da bancada do MDB no Senado ao petista.
Randolfe explicou que o encontro na casa de Eunicio foi marcado por sugestão de Gleisi Hoffman, presidente do PT, numa conversa de ambos com o Renan. "Decidimos convidar todos os senadores que já apoiam Lula, independentemente de partido. Não é uma reunião do MDB", desconversou.
Já confirmaram presença os senadores Dário Berger (SC), Eduardo Braga (AM), Jader Barbalho (PA), Marcelo Castro (PI), Nilda Godim (PB) e Vital do Rego (PB). Giordano (SP) e Rose de Freitas (ES) são incógnitas. Jarbas Vasconcelos (PE) não irá devido à saúde. Fernando Bezerra, ex-líder do governo Bolsonaro no Senado, manterá distância regulamentar. Confúcio Moura (RO), aliado do presidente Jair Bolsonaro, não comparecerá. Velhas raposas políticas da legenda, como Romero Jucá e o ex-presidente José Sarney, estarão presentes.
"Não é um encontro de dissidentes, o jantar é suprapartidário", garante Renan Calheiros, cujo apoio ao ex-presidente Lula já no primeiro turno é notório. A ideia é levar para o encontro senadores propensos a apoiar Lula já no primeiro turno, entre os quais Otto Alencar (PSD-BA), Katia Abreu (PP) e Flávio Arns (Podemos). A bancada do PT completaria o quorum: Fabiano Comparato (ES), Humberto Ciosta (PE), Jaques Wagner (BA), Jean Paul Prates (RN), Paulo Paim (RS), Paulo Rocha (PA) e Rogério Carvalho (SE).
Lula se movimenta de forma contraditória em relação ao centro político. Nas últimas semanas, defendeu bandeiras que confrontou com os setores mais conservadores e liberais, uma agenda econômica, social e de costumes claramente posicionada à esquerda. Ao mesmo tempo, faz alianças ao centro, ao escolher o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) para vice, e promover esse encontro com velhos parceiros políticos de seu governo. Além disso, demonstra preocupação com a futura composição do Senado, onde enfrentou forte oposição no primeiro mandato. As candidaturas ao Senado são uma chave dos palanques regionais.
Ajuste de contas
O encontro ocorre uma semana depois da reunião entre os presidentes do MDB, Baleia Rossi; do União Brasil, Luciano Bivar; do PSDB, Bruno Araujo; e do Cidadania, Roberto Freire, que estabeleceu a data de 18 de maio para definir uma candidatura unificada do grupo. Em tese, a disputa fratricida entre o ex-governador paulista João Doria, escolhido nas prévias do PSDB, e o ex-governador gaúcho Eduardo Leite, que não desistiu da candidatura, favoreceria a candidatura de Tebet, como uma espécie de "tertius". Esse vem sendo o objetivo de Baleia Rossi, com apoio do ex-presidente Michel Temer.
Por mais que conte com o apoio do partido, Tebet sairá fragilizada do encontro de Lula com os caciques do MDB. A senadora nunca contou com o pleno apoio da maioria da bancada, mas a sua pré-candidatura foi pactuada e, por isso, nunca houve nenhum gesto ostensivo contra suas articulações. A situação, porém, mudou. "Sempre defendi o apoio ao Lula no primeiro turno, mas isso não impede que Simone Tebet tente viabilizar seu nome eleitoralmente. Tudo dependerá das pesquisas. A candidatura de Henrique Meirelles, em 2018, não ajudou o partido, nossas bancadas no Senado e na Câmara diminuíram. Temos projetos de poder regionais que precisam ser levados em conta", argumenta Renan.
A candidatura de Simone Tebet tem o aval do ex-presidente Michel Temer, que sempre foi um conciliador, mas queimou os navios com Lula no impeachment de Dilma Rousseff. Qualquer aproximação entre ambos dependeria da iniciativa do petista, o que não ocorreu até agora. Ao contrário, o movimento de Lula divide o MDB e pode inviabilizar ainda mais a terceira via.
Aliados de Temer, que defenderam sua aproximação com o petista em 2010, mas articularam impeachment de Dilma, avaliam que Lula deveria fazer um gesto em relação ao ex-presidente da República. Seria uma demonstração não faria um governo de ajuste de contas, caso venha a ser eleito.
com informações CB
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