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quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Deputado cria comissão de ajuda humanitária às famílias retiradas de terras indígenas

A comissão é pra ajudar as pessoas que não tem para onde ir após anos vivendo num local que chamavam de casa.











Torrinho Torres disse que é um dever dos deputados da Alepa agir quando a vida de qualquer paraense está em risco, enfatizando a necessidade de apoio dos parlamentares de todas as correntes ideológicas. Cerca de duas mil pessoas foram retiradas das terras indígenas.
O deputado estadual Torrinho Torres (Podemos) anunciou ontem, no Plenário da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), o lançamento do movimento "SOS Apyterewa". O objetivo da iniciativa é mobilizar esforços de parlamentares e instituições para criar uma comissão de serviços e atendimentos às cerca de duas mil pessoas que foram expulsas da área das Terras Indígenas (TI) Apyterewa, no Sul do Pará, em decorrência de uma operação de desintrusão determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e conduzida pelo Governo Federal desde o dia dois de outubro.
Torrinho, que nasceu e foi criado no Sul paraense, destacou que é um dever dos deputados da Alepa agir quando a vida de qualquer paraense está em risco, enfatizando a necessidade de apoio dos parlamentares de todas as correntes ideológicas da casa para auxiliar a prefeitura de São Félix do Xingu, município mais próximo das TIs, no acolhimento das pessoas afetadas. O comando da operação estimou que duas mil pessoas ocupavam ilegalmente a terra indígena. De acordo com o Censo de 2022, 1.383 pessoas residiam na Apyterewa, das quais 767 eram indígenas (55% do total). Nos últimos anos, de 60 a mil a 100 mil cabeças de gado foram espalhadas dentro do território indígena, segundo o governo federal, que também informou que todos os colonos foram retirados.
O plano de ação de Torrinho propõe que a Alepa forme uma comissão dedicada a fornecer alimentos, água potável, itens de higiene, serviços sociais, atendimento médico e psicológico. Além disso, busca evitar que as crianças, que ficaram sem aulas devido ao fechamento das escolas rurais nas comunidades de Apyterewa, sofram maiores prejuízos em seu desenvolvimento educacional.
“A comissão é pra ajudar as pessoas que não tem para onde ir após anos vivendo num local que chamavam de casa.“A comissão é pra ajudar as pessoas que não tem para onde ir após anos vivendo num local que chamavam de casa. Decisão judicial a gente não discute, se cumpre, sabemos disso, mas precisamos dar apoio pra quem está precisando. Quem não foi para casa de algum parente, está com sua família em lonas de plástico a beira de vicinais e vilas próximas, sem nada. Estamos conversando com o governo do Estado para tentarmos diminuir esse impacto social de pessoas que ficaram sem renda. Toda ajuda agora é muito importante”, disse o parlamentar.
A comissão foi formada com os deputados Carlos Bordalo (PT), Adriano Coelho (PDT), Carlos Vinícius (MDB) e Thiago Araújo (Cidadania), além de Torrinho Torres, que também ressaltou a difícil situação vivida pelos produtores rurais, que perderam suas propriedades e viram seus animais e produções perecerem nas estradas. O deputado questionou a aparente falta de ação por parte dos ativistas dos direitos humanos e dos animais e conclamou a união, sem conflitos, para prestar ajuda às pessoas que necessitam.
“As pessoas lá estão desesperadas, chegando ao ponto de uma doença mental coletiva. O governo federal disse que ia ajudar, mas não se manifestou em apoio prático, quem está se propondo a ajudar é o governo do Estado, enviando cestas básicas e água potável. Vamos com a nossa comissão marcar uma reunião com a Secretaria Assistência Social, para ver o que eles podem fazer”, disse Torrinho.

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