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quarta-feira, 8 de maio de 2024

‘Pai Marcos’ mantinha relações sexuais com usuárias de drogas em troca de comida e moradia, diz PC

Cid Marcos Bastos Reis Maia, preso pela Polícia Civil (Foto: Reprodução)

Cid Marcos Bastos Reis Maia, conhecido como 'Pai Marcos', foi preso durante a operação "O Pai tá Off", que desarticulou a organização criminosa que se passava por uma ONG
As investigações que levaram à prisão do fundador do projeto Pai Resgatando Vidas, Cid Marcos Bastos Reis Maia, apontam que ‘Pai Marcos’, como era conhecido, mantinha relações sexuais com usuárias de drogas em situação de vulnerabilidade em troca de comida e moradia. A informação foi dada durante os depoimentos das próprias vítimas, segundo a polícia.
Em coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (7), o delegado titular do 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), Marcelo Martins, deu detalhes da 'Operação O Pai Tá Off', que desarticulou a organização criminosa que se passava por uma Organização Não Governamental (ONG). Segundo o delegado, Marcos se aproveitava das pessoas em vulnerabilidade social para obter vantagens ilícitas.
Nos deparamos com a situação que eu achei a mais degradante possível, dentre várias, foi o fato de o Cid Marcos, conforme os depoimentos dos autos, ele mantinha relação sexual com as usuárias, com as adictas que estavam sendo atendidas pelo projeto, em troca de kit de higiene, em troca de um prato de comida, um teto”, disse o delegado.
Ainda segundo o delegado, durante as buscas e apreensões em Manaus e Iranduba, cidades com sedes da instituição, foi encontrada uma grande quantidade de preservativos. Há relatos ainda de testemunhas que, segundo a polícia, disseram que Cid Marcos dormia com crianças em um quarto dentro do abrigo.
Exposição em lives
De acordo com as investigações, a suposta ONG se tratava na verdade de uma organização criminosa familiar, liderada por Cid Marcos e integrantes da própria família dele. Entre 2019 e 2024, o grupo movimentou mais de R$ 20 milhões, segundo a polícia. Em vez de serem revertidos em prol dos vulneráveis, esses recursos eram desviados para benefício próprio.
Cid Marcos usava as redes sociais para fazer ‘lives’ e apresentar aos internautas a história de pessoas em situação de rua e usuários de drogas, que ele dizia ajudar através do projeto Pai Resgatando Vidas. Essa exposição, segundo a polícia, configurou o crime de maus-tratos, uma vez que as pessoas em vulnerabilidade social não tinham condições de determinar a autorização do uso de suas imagens.
“Depoimentos que nós colhemos de pessoas que eram funcionárias do projeto disseram que ele procurava as imagens mais chocantes possíveis para poder obter mais engajamento em redes sociais, obter maior lucro com as redes sociais e obter mais doações. Então, era uma estratégia proposital mostrar a pessoa ali no pior estado de degradação possível”, disse o delegado Marcelo Martins.
O delegado afirma que Cid Marcos conseguia sensibilizar pessoas de vários estados brasileiros e até do exterior, que acompanhavam as redes sociais do projeto e realizavam doações. A polícia identificou depósitos bancários que a instituição recebia, doações vindas de pelo menos 15 estados brasileiros e de diversos países que, inclusive, faziam doações em euros.
“Pessoas que acreditaram que se tratava de uma ação social legítima, o que na verdade se tratava era de um engodo, de um crime. Diante de tantas evidências, tantas provas, de uma investigação que foi exaustiva, nós agimos de uma maneira muito calma para não cometer injustiças e conseguirmos êxito”, destacou Martins.
A operação policial durou cerca de seis meses e a maioria das denúncias, segundo o delegado, veio do Ministério Público. O resultado foram oito mandados de prisão preventiva e duas prisões, de Cid Marcos e do filho dele, Wilson Garcia Bastos. Os outros supostos integrantes da organização criminosa estão sendo procurados pela polícia.
A polícia também realizou busca e apreensão nos imóveis da instituição, onde foram coletados dados para ajudar nas investigações e apreendidas duas armas de fogo, além do bloqueio das redes sociais, que eram utilizadas para obter as doações.

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