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terça-feira, 24 de setembro de 2024

Botos Cor de Rosa e Tucuxi encantam público abordando preservação e tradição no Sairé


O festival é uma homenagem às criaturas místicas que, além de sua beleza, protagonizam diversas histórias do folclore da região.
Neste sábado (21), a vila balneária de Alter do Chão, localizada a 37 km da zona urbana de Santarém, no oeste do Pará, foi mais uma vez palco de um dos eventos folclóricos mais aguardados da região: o Festival dos Botos Cor de Rosa e Tucuxi do sairé 2024. A celebração aconteceu no Lago dos Botos, reunindo milhares de visitantes e turistas, todos ansiosos pela tradicional disputa entre as duas agremiações que representam os lendários botos amazônicos.
O festival é uma homenagem às criaturas místicas que, além de sua beleza, protagonizam diversas histórias do folclore da região. Com muita música, danças tradicionais e rituais, o evento promove um mergulho profundo na cultura regional, conectando natureza, arte e ancestralidade.
O Boto Cor de Rosa e o tema 'Rikwé e Tradição'
Este ano, o Boto Cor de Rosa buscou impressionar público e jurados com o tema “Rikwé e Tradição”. Segundo o presidente da agremiação, o conceito escolhido simboliza a vida e a necessidade de preservação diante das mudanças climáticas, como a grande estiagem que afeta a região e afasta peixes e botos dos lagos.
“Nós começamos a nos reunir em janeiro para definir nosso tema, que é ‘Rikwé e Tradição’. Em Borarí, ‘Rikwé’ significa vida. Queremos resgatar essa vida, que está sendo ameaçada pela seca e pela crise ambiental. Queremos trazer essa reflexão para o público e mostrar a importância de proteger nossa biodiversidade”, afirmou o presidente Miguel Vaughan.
O apresentador Ornelo Reis, assumiu a responsabilidade do item com grande entusiasmo, reforçou que a disputa entre os botos Cor de Rosa e Tucuxi, passam uma mensagem de preservação ambiental. Ornelo, que desde 2018 atua como apresentador do espetáculo, expressou seu crescente envolvimento e paixão pela festa, tanto no aspecto folclórico quanto no religioso.
“Cada ano que passa, eu fico mais à vontade e vou conhecendo mais sobre o profano, que é a disputa dos botos, e o religioso, que é o Sairé. Sou estudante de jornalismo e já tenho uma semente plantada de trazer para o meu TCC a festa do Sairé, focando no lado religioso”, compartilhou Ornelo.
Flávia Emanoela resentando o item Rainha do Lago Verde, assumiu o posto não apenas como uma figura de destaque, mas também como símbolo da cultura Borari e da preservação ambiental.
"O boto Cor de Rosa hoje, aqui nesse lago, traz essa mensagem para que as futuras gerações também possam preservar o meio ambiente. Há questões sociais, há questões políticas, mas o boto cor-de-rosa traz essa mensagem: preserve o meio ambiente e dê espaço às futuras gerações", afirmou.
O Boto Tucuxi e o tema 'Morada Pirajaguara'
Já o Boto Tucuxi trouxe levou para o Lago dos Botos o tema “Morada Pirajaguara”, uma referência ao nome dado ao animal pelos povos de comunidades ribeirinhas, que o chamam de Pirajaguara. A presidente do Tucuxi, Ana Maria Pinto, explicou que o tema explora a morada desse animal, conectando à preservação ambiental e à coletividade das comunidades.“Nós estamos aqui para defender a ‘Morada Pirajaguara’, a morada do boto cinza, do boto Tucuxi. Em muitas comunidades, ele é chamado de Pirajaguara. Este ano, queremos destacar a preservação de nossa Amazônia, de nossas florestas e de nossas águas, que sofrem com a seca e a exploração ilegal. Além disso, também falamos da morada celestial, em homenagem aos que já partiram e contribuíram para a nossa história”, explicou Ana Maria.A apresentação do Boto Tucuxi envolveu 500 pessoas e contou com 16 itens no total, sendo nove individuais e os demais coletivos, em um espetáculo que encantou a todos os presentes.
Alegorias do Tucuxi, levaram para o Lago dos Botos um cenário de beleza natural, um espetáculo que representa meses de planejamento e dedicação, encantou a todos os presentes. Com palavras emocionadas, Lara Thays, a Rainha do Lago Verde do Boto Tucuxi, resumiu o sentimento de todos os envolvidos.
"Pra gente, chegar aqui hoje no Lago dos e apresentar o nosso espetáculo, resultado de um trabalho de jovens, de mulheres, de indígenas, de caboclos, de ribeirinhos, que vivem a cultura e respiram a tradição do povo japonês. Pra gente, é gratificante, e é só alegria."
Para Lara Thays, ser a Rainha do Lago Verde do Boto Tucuxi e participar de um evento tão significativo vai além da simples apresentação.

"Isso aqui é mais do que um espetáculo, é uma forma de mostrar quem somos, de onde viemos, e o que carregamos com orgulho".
Daniel Costa, o apresentador oficial do Boto Tucuxi, fez uma avaliação do evento, destacando a profunda conexão entre os participantes e a tradição representada.
"Hoje estamos, graças a Deus, entregando um espetáculo que foi pensado por mais de quinhentas pessoas, idealizado por mais de quinhentas mãos, porque dentro de cada um de nós habita, principalmente, a morada da arte, a morada Tucuxi que é o sentimento que nós expressamos através da nossa história personificada em arte que se transforma na nossa cultura. Graças a Deus, tudo certo."
Fabiano Alencar, intérprete do Pajé e um dos protagonistas da noite, compartilhou a emoção ao representar o curandeiro das águas. Com vestimentas vibrantes que evocam a figura mítica e ancestral do curandeiro, Fabiano deu vida a um dos personagens centrais da lenda amazônica.
Segundo ele, o curandeiro desempenha um papel essencial ao transmitir força ao sedutor Boto, a figura que, na narrativa, assume a forma humana para conquistar os corações dos caboclos.
"Eu represento o curandeiro, como vocês podem ver nas minhas vestimentas. Sou o ser das águas que vem trazer a primeira casa até o nosso homem sedutor, que é o Boto. Eu passei essa força para o Boto Animar para fazer essa transformação grande, que encanta e canta para os caboclos", finalizou Fabiano.

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