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terça-feira, 29 de outubro de 2024

O balaio das urnas em Belém


O cenário que emergiu das urnas no segundo turno das eleições em Belém antecipa o embate pelo poder em 2026. O deputado estadual Igor Normando, apoiado pelo governador Helder Barbalho e uma ampla frente partidária, conseguiu o feito histórico de conquistar a prefeitura de Belém para o MDB, com uma diferença de 95.074 votos, também inédita. No pleito de 2016, 35.394 votos separaram Zenaldo Coutinho e Edmilson Rodrigues; e em 2020, entre Edmilson e Eguchi, 26.628 votos.
Mas Igor aumentou sua votação em 61.581 votos entre o primeiro e o segundo turno, enquanto o deputado federal Delegado Éder Mauro (PL), com o apoio do prefeito de Ananindeua, Daniel Santos (PSB), conquistou mais 73.956 votos no mesmo período, o que sinaliza um eleitorado mais conservador, fenômeno eleitoral observado em todo o Brasil. Ademais, 308.355 eleitores belenenses preferiram não escolher: 30,54% do colégio eleitoral da capital do Pará, somadas as abstenções aos votos brancos e nulos. Uma fatia que não deve ser ignorada em qualquer planejamento estratégico e tático para a disputa daqui a menos de dois anos. Aliás, 2026 já está na porta, como diz o caboclo, e mal o Tribunal Regional Eleitoral formalizou o resultado foram criados dois grupos de WhatsApp cujos títulos dizem tudo: Delegado Éder Mauro Senador e Delegado Caveira Senador.
A esquerda parauara lambe as feridas e reflete que a história se repete como tragédia. Passou dezesseis anos lutando para ganhar de volta Belém, venceu e em quatro anos perdeu para si mesma. Foi assim também no governo do Estado. Depois de trinta anos de luta, ganhou e em quatro anos sucumbiu, mesmo tendo construído um projeto estratégico robusto para a nação brasileira.
Igor Normando não enfrentará problemas políticos com o legislativo. A maioria absoluta é de aliados, além do que, dos cinco mais votados para a Câmara Municipal, quatro são emedebistas: Silvane Ferraz, John Wayne, Neném Albuquerque e Pablo Farah, e até seu irmão Renan Normando, um dos dez mais bem votados. A oposição barulhenta será de Ágatha Barra, Mayky Vilaça e Zezinho Lima (os três do PL). Na Alepa ele conta com um aliado poderoso, o presidente, deputado Chicão (MDB), que articulou com maestria as alianças políticas não só em Belém mas em todo o Pará. O novo prefeito também vai dispor de muito dinheiro para investimentos, em razão da COP 30 e da parceria do governador Helder Barbalho e do presidente Lula. Terá a faca e o queijo nas mãos para uma gestão de excelência, como Belém precisa e merece.

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