Esquema licitatório montado no governo Simão Jatene |
O titular da Secretaria de Estado de
Saúde Pública (Sespa), Hélio Franco, e o gerente de área do Pro-Paz,
Jorge Antônio Bittencourt, junto de outros onze servidores e sócios de
quatro empresas, são alvo de uma Ação Civil Pública ajuizada pelo
promotor de Justiça Domingos Sávio Campos por ato de improbidade
administrativa e ressarcimento ao erário com pedido cautelar de
indisponibilidade de bens para apuração de irregularidades na realização
de compras e contratações de serviços sem o devido processo licitatório
pela Sespa para o projeto Presença Viva, além da devolução aos cofres
públicos da quantia de R$ 4,7 milhões, referentes às contratações
diretas.
A denúncia, formalizada oficialmente no
dia 17 de dezembro, pelo Ministério Público do Estado, ainda não gerou
notificação à Sespa, segundo a assessoria de imprensa da secretaria.
A ação cita, além de Franco e
Bittencourt, a coordenadora da comissão de licitação da Sespa, Lidia
Maria Carvalho de Aguiar; a diretora da Diretoria de Desenvolvimento das
Redes Assistenciais e Regionalização (DDRAR)/Sespa, Rita de Cássia dos
Santos Facundo; a diretora administrativa e financeira da Sespa,
Antonieta de Fátima de Oliveira Pompeu; o coordenador da assessoria
jurídica da Sespa, Antônio Magalhães da Fonseca; sete consultores
jurídicos; as empresas LF Rodrigues EPP, RC Fonseca & CIA LTDA EPP,
Santos & Santos Comércio Óptico LTDA-ME, RPR Serviços Médicos LTDA e
seus respectivos sócios.
Priorizando as ações no arquipélago do
Marajó, o projeto Presença Viva foi criado para garantir o acesso da
população mais carente a serviços básicos de saúde e, para tal fim,
foram contratadas 14 empresas de prestação dos mais variados serviços e
aquisição de mercadorias.
CONTRATOS
No entanto, esses contratos, de acordo
com o MP, foram feitos sem prévio procedimento licitatório e sem que
fossem observados todos os procedimentos legais para a contratação
direta, no valor de R$ 4.721.036,33. A Sespa afirma que em razão do
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do arquipélago ser um dos menores
do Pará, se faz necessária a atuação e presença imediata do Governo do
Estado para oferecer serviços que reduzam o sofrimento da população.
Contraditoriamente, os consultores
jurídicos da secretaria dizem que o programa é um atendimento mínimo
emergencial e apenas um paliativo, não solucionando os problemas
permanentemente.
A Auditoria Geral do Estado (AGE) também
apontou inconsistências nas informações prestadas pelo controle interno
da secretaria, como ausência de contrato devidamente assinado ou datado
ou equivalente, ausência de indicação da imprevisibilidade do fato que
motivou a dispensa de licitação, ausência de termo de referência
adequado à complexidade do objeto e justificativa de contratação sem
documentação comprobatória que ratificasse o contexto mencionado.
Por sua vez, o Conselho Estadual de
Saúde do Pará não aprovou o desempenho do projeto como estratégia de
política pública e, por isso, recomendou à Sespa que reformulasse a
estratégia do programa. Além disso, afirmou que o programa está pendente
de esclarecimentos e de parecer técnico.
SESPA
Em nota, a Sespa disse que quando for
notificada da ação “irá demonstrar as razões das dispensas de licitação.
O fato é que de 2007 a 2010 tanto o governo federal como o estadual
fizeram um grande plano para o desenvolvimento do Marajó, que não saiu
do papel”.
Disse que diante da situação, “era mais
prático e mais rápido desenvolver o Programa Presença Viva, levando
diversas ações ao Marajó. E assim foi feito em 2011, 2012 e 2013, sendo
que em 2013, já de forma mais estruturada, foram incluídas ações de
média complexidade como as cirurgias oftalmológicas”.
Fonte: Diário do Pará
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