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domingo, 1 de novembro de 2015

Pai de menino sírio morto em praia fala a brasileiro sobre tragédia familiar

Abdullah Kurdi com brinquedos e outros objetos dos filhos Alan e Galib; ele deu entrevista na casa de sua sogra em Kobane (Foto: Gabriel Chaim/G1)Pai da criança relembra naufrágio e conta como tenta reconstruir a vida.
O constante toque do celular de Abdullah Kurdi interrompe o silêncio no cemitério civil da cidade de Kobane, na Síria. Enquanto conta sua história, o sírio de 39 anos limpa a superfície dos três túmulos enfileirados onde estão enterrados sua mulher e seus dois filhos.
Os pedidos de entrevista não param de chegar. Abdullah ficou mundialmente conhecido por uma tragédia pessoal: sua família morreu no naufrágio de um bote que levava refugiados da Turquia para a Grécia no dia 2 de setembro deste ano.
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A imagem do filho caçula, Alan (inicialmente identificado pela imprensa mundial como Aylan), chocou o planeta quando foi divulgada.
Caído de bruços na areia da praia de Bodrum, o corpo do menininho de três anos vestindo blusa vermelha e bermuda azul tornou-se um símbolo da crise migratória que já matou milhares de refugiados na travessia da Turquia para a Grécia.
Agora, dois meses depois da tragédia, Abdullah aceitou falar com Gabriel Chaim, fotógrafo brasileiro que viajou à Síria pela quinta vez para cobrir a guerra civil que já dura mais de quatro anos. O relato da entrevista foi passado por ele ao G1.
Na conversa, ele agradeceu as mensagens de solidariedade enviadas por brasileiros, reclamou de aproveitadores que usaram o nome do seu filho para arrecadar dinheiro em benefício próprio e contou como tenta reconstruir a vida depois da perda.
No início, Abdullah falava à imprensa mundial sobre o episódio. Mas, em seguida, ele se fechou. Às cicatrizes da perda traumática se somaram outras. Após a repercussão do caso, o sírio foi acusado de ser o capitão do barco que fazia a travessia ilegal – ele nega e diz que só assumiu o controle depois que o piloto pulou no mar, quando a embarcação foi atingida por uma forte onda.

O fato de Chaim ser brasileiro ajudou a convencê-lo a dar a entrevista. “Ele disse que recebeu muitas, muitas mensagens de solidariedade de brasileiros. Agradeceu por todas elas. E também me contou que os filhos dele eram fãs do futebol do nosso país”, relata o fotógrafo.

 

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