Em
Altamira: Consórcio de Belo Monte queima e derruba árvores com
autorização oficial - Poder
Espécies vegetais viram cinza em área de proteção ambiental em Altamira
Espécies vegetais viram cinza em área de proteção ambiental em Altamira
Deslizando pelas águas do rio Xingu, no Pará, entre praias de areia
branca e árvores de quatro andares, o contraste é intenso quando o barco
se aproxima de uma ilha envolta em fumaça.
O
chão, coberto por uma fina camada de pó branco, ainda está quente. Não
há uma árvore em pé. Só se vê toras transformadas em carvão e pilhas de
galhos secos. O vento atiça as brasas ainda acesas. No centro da ilha,
cercado pelas marcas do fogo, encontramos um jacaré morto.
O incêndio não foi acidental, logo chegam funcionários uniformizados
munidos de combustível e tochas.
Eles
espalham as chamas sobre as pilhas de vegetação seca. No uniforme
cor-de-laranja, lê-se: Consórcio Construtor Belo Monte. São contratados
para limpar a área que vai virar o lago da hidrelétrica. A usina tem
autorização para desmatar até 43 mil hectares, parte deles dentro de
Áreas de Proteção Permanente.
A queima foi autorizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas é criticada por
ambientalistas, moradores locais e poder público.
“A
fumaça prejudica o meio ambiente, por isso (o incêndio) é proibido por
lei”, diz Luiz Alberto Araújo, secretário municipal do Meio Ambiente de
Altamira, um dos municípios onde fica a usina. “O pequeno produtor não
pode, mas o Ibama dá autorização para a usina. São dois pesos, uma
medida”.
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