Sobrevivente da pandemia de Covid-19, no ano passado, imigrante cearense morre aos 106 anos em Santarém, no Oeste do Pará

Um dos imigrantes nordestinos mais antigos residentes no município de Santarém, no oeste do Pará, morreu, enquanto dormia, na tarde desta terça-feira (28), aos 106 anos após, havia pouco mais de um ano, ter sobrevivido à Covid-19, no auge da pandemia. Augusto Menezes Sales foi um dos inúmeros pacientes internados no Hospital de Campanha de Santarém, que venceram a luta contra o coronavírus. Ele ficou dez dias internado e recebeu alta no dia 8 de maio de 2021. As informações foram apuradas pelo Portal OESTADONET junto a familiares do ancião.

A família lembra que o idoso sempre teve uma vida muito saudável, mas acabou, como muitas pessoas da terceira idade, sendo uma das vítimas do coronavírus. No final do mês de abril do ano passado, sentiu os sintomas da doença e foi internado no Hospital de Campanha. Ele não possuía nenhuma doença pré-existente, o que ajudou muito na sua recuperação. “Foi a primeira vez que ele ficou internado”, destacou à época a neta Patrícia Sales Lira. O avô dela recebeu alta no dia 8 de maio.

O falecimento do idoso causou um profundo pesar aos familiares, amigos e vizinhos. Augusto Menezes morava no bairro do Diamantino, em Santarém.

Augusto Menezes Sales era viúvo. Ele deixou 11 filhos, 38 netos e 50 bisnetos.

Nascido em 9 de fevereiro de 1916, no município de Russas, foi criado no Limoeiro do Norte, ambos no estado do Ceará. Ele chegou à Pérola do Tapajós em 1932, quando tinha apenas 16 anos.

Aqui, trabalhou como pedreiro, vendedor de açaí, agricultor. Antes, foi ‘Soldado da Borracha’. Ele foi um dos muitos brasileiros, principalmente retirantes nordestinos, chamados para trabalhador com a extração do látex na Amazônia, durante a Segunda Guerra Mundial.

Autodidata, escreveu um livro contando a história da sua vida, desde a partida de sua terra natal até a chegada em território paraense. 'Minha história, minha vida' é o título da obra, lançada quando ele completou 100 anos. A obra literária reúne, além de memórias do autor em seus 100 anos de vida, vários poemas. A maioria foi feita em homenagem à sua esposa Maria Carmelita Carvalho Sales.

"Passamos 57 anos juntos, com muitas dificuldades e erros, na maioria das vezes, meus. Se eu pudesse voltar no tempo, faria muita coisa diferente, pois a vida é curta para perdemos tempo brigando. Hoje sei o quanto ela me amou, por tudo o que passamos. Mas a minha amada continua viva em cada filho e filha, que ela me deixou, que pelo amor de duas pessoas nasceu uma família tão grande e linda! Para mim, isso tudo é uma benção de Deus'", diz um trecho do livro que fala do casamento dele.

Abaixo, um dos poemas que reflete bem, o amor que Augusto Menezes Sales tinha pela vida:

Idoso é quem tem o privilégio de viver

um longa vida...

Velho é quem perdeu a jovialidade

Você é idoso quando sonha...

Você é velho quando apenas dorme.

Você é idoso quando ainda aprende...

Você é velho quando já nem ensina.

Você é idoso quando tem planos...

Você é velho quando só tem saudades.

Para o idoso, a vida se renova a cada dia que começa.

Para o velho, a vida acaba na noite que termina.

Que você, quando idoso, viva uma vida longa.

Mas que nunca fique velho!