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quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Garimpeiros utilizam mais de 1,2 mil pistas de pousos clandestinas na Amazônia, diz jornal


Segundo reportagem do The New York Times, além de construir estruturas irregularmente, os garimpeiros também se apropriam de propriedades do governo brasileiro.
Garimpeiros ilegais que atuam na floresta amazônica têm utilizado cerca de 1.269 pistas de pouso irregulares para impulsionar a atividade na região. As informações são do jornal The New York Times, que publicou uma reportagem com base em imagens de satélites analisadas desde 2016.
O g1 solicitou posicionamento do governo federal, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), do Exército Brasileiro (EB) e da Polícia Federal (PF), e aguarda retorno.
Segundo a publicação, as pistas são utilizadas para que aviões de pequeno porte transportem equipamentos e outros materiais que auxiliam na atividade extrativista a áreas de difícil acesso, onde não há estradas.
Além das estruturas construídas pelos próprios mineiros, até pistas de propriedade do governo brasileiro, utilizadas para que agentes de saúde cheguem a lugares remotos da floresta amazônica, estão sendo apropriadas por garimpeiros.
De acordo com agentes de saúde indígena ouvidos pelo The New York Times, o governo brasileiro perdeu completamente a gerência de algumas dessas pistas. Os relatos da reportagem afirmam que garimpeiros jogam combustíveis na pista quando não reconhecem uma aeronave que se aproxima e desejam dificultar o pouso.
Ao menos 362 pistas circulações das pistas estão a poucos quilômetros de áreas onde há extração de minério. Deste total, em torno de 60% das pistas estão situadas em reservas indígenas, onde é vedado qualquer tipo de exploração.
A publicação ainda cita que a indústria do garimpo ilegal cresceu ao longo do governo do presidente Jair Bolsonaro.
Terras Yanomami
Ao longo da reportagem, o The New York Times também cita que as imagens de satélites registam pelo menos quatro pistas nas terras indígena dos Yanomami, que permeia os territórios do Amazonas e de Roraima.
Maior território indígena do país, a reserva tem sido devastada pelo avanço do garimpo. As marcas da natividades ilegal na região são visíveis nas águas turvas dos rios e nas crateras a céu aberto.
O relatório "Yanomami sob ataque", divulgado pela Hutukara em abril deste ano, apontou que, em 2021, a degradação causada pelo garimpo chegou à marca de 3.272 hectares, frente aos 2.234 hectares de 2020 -- 1.038 hectares a mais em um ano.
Em quatro anos, de outubro de 2018 até o fim de 2021, a área destruída pelo garimpo ilegal quase dobrou de tamanho, ultrapassando 3,2 mil hectares.
As regiões com maior degradação causada pelo garimpo são, respectivamente, Waikás, Homoxi e Kayanau. Com excesso das regiões Surucucu, Missão Catrimani e Uraricoera, todas as áreas tiveram um crescimento na degradação de 2020 até o fim de 2021.
Pistas próximas a bases do Exército.
Ainda de acordo com a publicação, foram identificadas 35 pistas não catalogadas a cerca de 80 quilômetros de três bases de monitoramento do Exército Brasileiro na terra dos Yanomami.
A suspeita é que as pistas também sejam utilizadas por mineradoras.
Além disso, o The New York Times destaca fragilidades na legislação que dificulta a Anac a aplicar multas nos responsáveis pela construção de pista de forma irregular. Isso porque uma decisão.

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