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sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

'PLAYNEFRON' OFERECE TECNOLOGIA E ACOLHIMENTO A PACIENTES EM HEMODIÁLISE NO HOSPITAL DE CLÍNICAS

Projeto inovador usa jogos de movimento, realidade virtual, cinema e acompanhamento fisioterapêutico para promover bem-estar a quem enfrenta longas sessões de terapia renal
O Hospital de Clínicas é referência no Pará em atendimento nefrológico
O Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, em Belém, referência em Nefrologia no Pará, implantou há seis meses um projeto que está mudando a rotina de quem passa horas ligado às máquinas de hemodiálise. 
O "Playnefron" une tecnologia, movimento e humanização para promover qualidade de vida durante o tratamento, que para muitos pacientes é necessário três vezes por semana, durando em média quatro horas por sessão.
A hemodiálise é imprescindível para pessoas com insuficiência renal. A máquina filtra o sangue, fazendo a função dos rins. 
O processo, apesar de vital, pode ser exaustivo e monótono. 
Foi acompanhando de perto os pacientes de longa permanência na hemodiálise que o fisioterapeuta Patrick Abdoral, especialista em Fisioterapia Cardiovascular, Respiratória e Nefrologia Clínica, percebeu algo que ultrapassava os aspectos puramente técnicos.
“Eram pessoas cansadas do tratamento convencional, desmotivadas e, em muitos casos, com queda significativa no engajamento às terapias e até à própria hemodiálise. 
Apesar de aplicarmos recursos da fisioterapia convencional, essa rotina já não despertava o mesmo interesse. 
Isso me trouxe uma inquietação profunda. 
O paciente renal crônico passa de três a quatro horas sentado, submetido a um tratamento complexo e emocionalmente desgastante. Se a abordagem terapêutica não se renova, o risco de desengajamento aumenta, comprometendo não apenas a reabilitação, mas a própria adesão ao tratamento”, explica o profissional.
Ele acrescenta que “foi nesse contexto que criei o Projeto Playnefron, uma proposta inovadora que coloca o paciente no centro do cuidado. 
O objetivo é unir fisioterapia, tecnologia e humanização, oferecendo uma experiência terapêutica mais leve, motivadora e alinhada à realidade biopsicossocial do paciente. 
Os benefícios já são perceptíveis: aumento do engajamento, maior motivação dos pacientes, melhora na adesão à hemodiálise e às sessões fisioterapêuticas, além da criação de um ambiente mais acolhedor, menos estressante e mais humano”.
Atividades adequadas - O "Playnefron" utiliza jogos de movimento, experiências imersivas em realidade virtual e filmes com mensagens educativas e motivadoras. 
A presença do fisioterapeuta é fundamental para avaliar, adaptar e acompanhar todas as atividades, garantindo segurança e adequação às condições clínicas individuais de cada paciente.
Segundo a nefrologista Ana Lydia Cabeça, responsável pelo Serviço de Terapia Renal Substitutiva, a iniciativa representa um avanço na forma como o HC cuida dos pacientes em hemodiálise, por melhorar o humor e a autoestima, e auxiliar na adesão ao tratamento.
A médica ressalta que "a diálise é um processo longo e desgastante, e transformar esse tempo em algo mais acolhedor e interativo ajuda o paciente a se sentir parte ativa do próprio tratamento, reduzindo sofrimento, faltas e desistências. 
As atividades lúdicas e imersivas, conduzidas pelo fisioterapeuta, têm impacto real: estimulam movimento, atenção e coordenação, ao mesmo tempo em que melhoram o humor e fortalecem a autoestima. 
Isso se traduz em maior motivação, regularidade nas sessões e melhores resultados clínicos".
Para corpo e mente - Os benefícios são visíveis no dia a dia das salas de diálise. Para muitos pacientes, que permanecem imóveis por longos períodos, a proposta trouxe leveza, distração e motivação. 
A percepção é compartilhada por Siat Correia, 61 anos, que descreve a experiência de forma positiva. 
"Foi uma terapia a mais pra gente, pra parar de estar olhando pra essas quatro paredes. 
É louvável o que tá acontecendo. 
Se eu tivesse que dar uma nota, daria 10 mesmo. 
A gente esquece que está nessas quatro paredes. 
O tempo passa rápido. É uma terapia que eu tô fazendo pro corpo e pra mente ao mesmo tempo", conta Siat.
Fausto Pinheiro Júnior, 46 anos, trabalhador da construção civil, também se sentiu acolhido. 
Ele iniciou o tratamento no HC após sofrer um infarto e precisar de hemodiálise. 
"O ambiente hospitalar, principalmente para o paciente, é meio carregado e triste; traz recordações ruins. 
No meu caso, a gente relembra tudo aquilo que passou. 
Trazendo um ambiente mais distraído, com filme e tudo, faz a gente tirar o pensamento daquele problema que está passando. 
Quando tem jogos e videogame, a gente acaba esquecendo esse ambiente pesado. 
Quando tem todos esses jogos, os filmes, os bingos, o videogame, a gente acaba descontraindo e fazendo o ambiente ficar melhor", relata Fausto.
Além de proporcionarem bem-estar emocional, os jogos de movimento estimulam coordenação, amplitude articular, atenção e tempo de reação — tudo de forma segura, supervisionada e adaptada. As experiências em realidade virtual ajudam a diminuir a sensação de isolamento e tornam o ambiente mais acolhedor.
O projeto atende, em cada turno, aproximadamente 15 pacientes, que agora contam com mais um aliado para enfrentar a rotina do tratamento com mais conforto, autonomia e dignidade.
Fonte : Agência Pará
Blog do Xarope via Agência Pará

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