Uma dor de cabeça sem fim. Transtornos que deixam inquietas,
famílias inteiras no interior do Pará, Região de Belo Monte, oeste do
estado, agricultores já realizaram inúmeras reuniões para discutir e entender o
processo indenizatório, que busca compensar a saída de milhares de pessoas, da
região conhecida como volta grande do Xingu,que dará lugar a Usina de Belo
Monte, um complexo hidrelétrico do PAC que tem como responsável a
empresa Norte Energia. As reclamações são inúmeras, em relação às indenizações,
denuncias graves já foram feitas inclusive ao ministério público estado e
federal em Altamira, encontramos um dos agricultores da região disposto a falar
sobre o caso. Paulo França Junior tem propriedade na Volta Grande, ele é um dos
únicos nessa área que arquivou, catalogou e registrou documentos e fotos que
mostram a mudança de vida e as contradições da empresa nos assuntos fundiários.
"Nos queremos uma resposta firme, hoje não sabemos o que
vai acontecer com a gente, não sei se permaneço com os trabalhos, se paro com a
produção, a Norte Energia não responde, já mandei mais de 19
documentos" Diz Paulo França Júnior, agricultor que reclama a
forma de indenização.
No documento decompra e venda expedido em Brasília no ano de
2011 a empresa conclui que a propriedade será adquirida. Paulo de França assina
o documento aceitando a venda, a partir daí começa um problema que dura até
hoje.
Com o tempo passando e seu Paulo com receio de
construir ou ampliar a produção na área, ele volta a procurar a Norte Energia,
em 19 de Março de 2013, a empresa responde as solicitações de Seu Paulo,
dizendo que continua interessada na propriedade, no entanto esclarece que não
há previsão para a efetivação da transação.
O Agricultor então comunica que vai se apoiar em uma clausula
do contrato e não realizar a transição no período de um ano, para dê
continuidade na lavoura e engorda de animais. Sem qualquer resposta da empresa
e com sérios prejuízos na lavoura e na criação, no dia 07 de Maio seu Paulo
então encaminha uma solicitação de audiência com os responsáveis pelos assuntos
fundiários para encontrar uma solução, ele não teve respostas, novos documentos
ainda foram enviados ao Escritório da Empresa Norte Energia, em 17 de Maio e 01
de Junho, até que no dia 19 de junho, uma resposta.
O documento tenta responder os questionamentos do Agricultor,
no entanto traz contradições, grosseiras e que de forma sorrateira tenta
ludibriar as famílias do sítio em questão. Observe o que diz o terceiro e sexto
parágrafo do documento.
O comunicado de número 620/2012 é assinado pelo então
superintende fundiário Ronaldo Luís Crusco, hoje ele não está mais no cargo.
São dois parágrafos do mesmo documento, com uma contradição tão visível quanto
prejudicial para pequenos agricultores que muitas vezes se quer sentaram em um
banco de uma escola.
"Eu to aqui 'rodado' sem resposta da Norte Energia, não
sei o que vai ser da minha vida e da minha família que depend
e de
mim" Reclama Raimundo Antonio da Silva, agricultor.
A propriedade de seu Paulo, ainda emprega 5 famílias, que
sobrevivem das atividades no sítio, na atividade conhecida meação, todos com
contrato assinado e o lucro da produção é divida no meio entre patrão e
trabalhadores. Existe muita insegurança entre as famílias, pessoas simples
que nunca estiveram ao lado de uma obra tão grande como Belo Monte, que é
projetada para ser a 3ª meio hidrelétrica do planeta. Atualmente no campo não
dá nem para dormir, até o chão treme.
"Umas 3 ou 4 horas da manhã, a casa treme, o chão treme,
todo mundo acordo com susto, minha esposa tem problema e também se
assusta" Diz Francisco de Assis Lima que trabalha de meieiro na
propriedade de Paulo França.
É possível ver máquinas nos quatro cantos da propriedade
realizando a supressão vegetal, e ainda visitamos o local onde uma
empresa terceirizada na área ambiental faz a reposição na floresta de animais e
vegetais que são resgatados dos locais suprimidos, o problema é que esse local
de soltura fica ao lado da propriedade de Seu Paulo, agora animais peçonhentos
aparecem constantemente nas casas dos moradores.
"Foi só começar essa soltura de animais aqui perto, que
agora de vez enquanto a gente ta vendo cobra aqui, um dia desses eu estava
dentro de casa e vi uma jararaca correndo atrás de um sapo, bem na porta de
casa" Detalha seu Antônio Regino da Silva, gerente e meieiro no
sítio.
Pessoas que convivem com uma dinâmica de vida que nunca
imaginaram, explosões, máquinas dia e noite nos arredores e animais peçonhentos
rondando as casa, o dono da propriedade e o pai dele também afetado já não
sabem mais a quem recorrer, e querem apenas uma coisa.
"Eu plantei cacau aqui, isso tudo é pra ser minha
aposentadoria e o futuro dos meus filhos, me criei aqui, minha família toda é
daqui, e agora não sabemos o que vai acontecer" Finaliza Paulo
França.
Sem saber para onde vão, sem ter respostas firmes sobre o
futuro da propriedade, essas pessoas dorme sem saber o que será do dia
seguinte.
EM NOTA:
A Norte Energia informou apenas, que responde os
questionamentos de Paulo França, e que agora só vai se pronunciar nos altos do
processo.
Por: Felype Adms.