Agricultores e extrativistas dos
municípios do Pará fizeram 18 denúncias relacionadas a violências,
ameaças, invasões de terras e assassinatos no campo à Ouvidoria Agraria
Nacional. Só em 2014, a Ouvidoria registrou nove assassinatos
relacionados a conflitos de terras no Estado. A violência no campo foi
discutida em reunião, na manhã de ontem, na sede da Secretaria de
Segurança do Estado (Segup).
Trabalhadores do campo estão
inconformados com os crimes e ameaças constantes por parte dos
empresários e fazendeiros e temem ser as próximas vítimas, como foi a
missionária Dorothy Stang, em 2005, no município de Anapu, e o casal de
extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da
Silva, assassinados por pistoleiros em Nova Ipixuna, em 2011.
O agricultor do município de Almeirim,
Raimundo Ferreira Filho, 63 anos, conta que, desde 2010, a população tem
pedido soluções por parte do governo, mas a situação de conflitos pela
exploração de madeira permanece a mesma. “Temos conflitos com as
empresas, que querem acabar com a nossa comunidade’’, diz Raimundo.
A vice-presidente do Conselho Nacional
de Populações Extrativistas (CNPE), Edel Moraes, relata que há lideres
do campo que precisam se mudar de onde moram para não serem
assassinados. Ela cita o presidente da Associação dos Moradores de
Baião, Elias Gomes, como um deles. “Ele sofre ameaças de morte.
Denunciamos no MPF, Ouvidoria Agrária. Essas são pessoas que lutam pelo
seu território contra fazendeiros e não querem ser expulsos de suas
terras”, enfatiza.
O secretário de segurança pública,
general Jeannot Jansen, diz que o Estado tem conhecimento dos conflitos e
realidade da violência do campo. Após a reunião, se comprometeu em
reforçar o patrulhamento das Policiais Civil e Militar nos interiores.
“Nós devemos, a curto prazo, criar uma delegacia especializada em
conflito agrário e devemos treinar nosso pessoal para enfrentar esse
tipo de violência e outras questões”.
O ouvidor Agrário Nacional, Gercino
Filho, deixou claro que as irregularidades continuarão a ser
investigadas pela instituição. “Em qualquer ilegalidade ocorrida na zona
rural, nós iremos responsabilizar os culpados e acabar com a sensação
de impunidade que gera no seio da sociedade”, reforça o ouvidor.
(Renata Paes/Diário do Pará)
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