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sábado, 12 de setembro de 2015

Agricultores e extrativistas fizeram 18 denúncias relacionadas a violências no Pará

Nove pessoas foram mortas em conflitos de terra  (Agência Brasil/Arquivo)Agricultores e extrativistas dos municípios do Pará fizeram 18 denúncias relacionadas a violências, ameaças, invasões de terras e assassinatos no campo à Ouvidoria Agraria Nacional. Só em 2014, a Ouvidoria registrou nove assassinatos relacionados a conflitos de terras no Estado. A violência no campo foi discutida em reunião, na manhã de ontem, na sede da Secretaria de Segurança do Estado (Segup). 

Trabalhadores do campo estão inconformados com os crimes e ameaças constantes por parte dos empresários e fazendeiros e temem ser as próximas vítimas, como foi a missionária Dorothy Stang, em 2005, no município de Anapu, e o casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, assassinados por pistoleiros em Nova Ipixuna, em 2011.
O agricultor do município de Almeirim, Raimundo Ferreira Filho, 63 anos, conta que, desde 2010, a população tem pedido soluções por parte do governo, mas a situação de conflitos pela exploração de madeira permanece a mesma. “Temos conflitos com as empresas, que querem acabar com a nossa comunidade’’, diz Raimundo.
A vice-presidente do Conselho Nacional de Populações Extrativistas (CNPE), Edel Moraes, relata que há lideres do campo que precisam se mudar de onde moram para não serem assassinados. Ela cita o presidente da Associação dos Moradores de Baião, Elias Gomes, como um deles. “Ele sofre ameaças de morte. Denunciamos no MPF, Ouvidoria Agrária. Essas são pessoas que lutam pelo seu território contra fazendeiros e não querem ser expulsos de suas terras”, enfatiza.
O secretário de segurança pública, general Jeannot Jansen, diz que o Estado tem conhecimento dos conflitos e realidade da violência do campo. Após a reunião, se comprometeu em reforçar o patrulhamento das Policiais Civil e Militar nos interiores. “Nós devemos, a curto prazo, criar uma delegacia especializada em conflito agrário e devemos treinar nosso pessoal para enfrentar esse tipo de violência e outras questões”.
O ouvidor Agrário Nacional, Gercino Filho, deixou claro que as irregularidades continuarão a ser investigadas pela instituição. “Em qualquer ilegalidade ocorrida na zona rural, nós iremos responsabilizar os culpados e acabar com a sensação de impunidade que gera no seio da sociedade”, reforça o ouvidor.
(Renata Paes/Diário do Pará)

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