A notícia crime protocolada pela Procuradoria do Município de Tucuruí na Procuradoria Geral do Ministério Público do Estado do Pará, contra uma organização criminosa formada por agiotas, que atua em 11 prefeituras paraenses, pede que os acusados tenham os sigilos telefônicos e bancários quebrados pela justiça.
Pede ainda o bloqueio de bens e contas bancárias, bem como o afastamento dos envolvidos que ocupam cargos públicos, além de busca e apreensão de celulares e equipamentos de informática, como computadores e notebooks dos suspeitos.
Segundo a denúncia, os acusados praticaram crimes de estelionato qualificado, improbidade administrativa, crime contra a ordem tributária, peculato, corrupção ativa e passiva e desvio de verbas públicas.
Documentos que o Ver-o-Fato tem em mãos, detalham o funcionamento do esquema criminoso, que desviou R$ 180 milhões somente dos cofres da prefeitura de Tucuruí e que pode ter sido responsável pelas mortes dos prefeitos de Goianésia do Pará, João Gomes da Silva (PR), e de Tucuruí, Jones William da Silva Galvão (PMDB).
Há suspeita ainda de que o grupo tenha envolvimento na morte do prefeito de Breu Branco, Diego Kolling (PSD).
O esquema criminoso estava tão escancarado, que era de conhecimento de grande parte dos moradores dos municípios da região do lago de Tucuruí e redondezas. As pessoas passaram a comentar, após as mortes dos prefeitos, que um consórcio de agiotas era responsável pelos crimes.
A operação Redoma do Lago, desencadeada pela Divisão de Investigações e Operações Especiais (DIOE), investiga (ou investigou) a existência do esquema criminoso que funciona nas prefeituras de Goianésia do Pará, Tucuruí, Anapu, Cametá, Cumaru do Norte, Jacundá, Novo Repartimento, Pacajá, Parauapebas, Rondon do Pará e Tailândia.
Em 8 de março deste ano, o procurador-geral do MP do Pará, Gilberto Valente Martins, recebeu uma denúncia da Procuradoria do município de Tucuruí, relatando o modo de agir da quadrilha no município e em outras prefeituras paraenses.
O golpe que desviou R$ 180 milhões dos cofres municipais de Tucuruí foi constatado por uma auditoria e perícia contábil feita pelo contador e perito Kleber da Cunha Ota nas notas de empenhos, notas de liquidação e ordens de pagamento entre primeiro de janeiro de 2015 a 30 de abril de 2018.
Foi constatado “grande volume de pagamentos irregulares, frutos de processos licitatórios e contratos realizados à época para um grupo de empresas, tendo à frente o empresário Alexandre de França Siqueira, sócio majoritário e administrador das empresas”.
A denúncia aponta o empresário Alexandre Siqueira França como chefe do esquema criminoso, sendo ele titular de várias empresas que ganharam licitações nos municípios investigados.
Além de França, estão envolvidas a viúva de Jones William, Graciele Silva de Sousa Galvão, funcionária do Banpará que facilitava os descontos dos cheques; Poliana da Silva Rocha, gerente da agência do Banpará de Goianésia; Moisés Gomes Soares Filho, secretário municipal; Odair José Moraes Viana, empresário; Firmo Leite Giroux, ex-superintendente do IPSET (Instituto Previdenciário de Tucuruí); Andrey Fernandes Mateus, servidor público.
Em novembro de 2017, o atual prefeito de Tucuruí, Artur Brito (PV) foi afastado do cargo por força de uma liminar da Justiça, acusado de cometer improbidade administrativa.
A acusação foi feita pelo empresário Alexandre França Siqueira. Segundo ele, secretários municipais o estavam pressionando para praticar fraudes e repassar R$ 2 milhões em espécie às mãos de Artur Brito. O empresário disse que as empresas dele foram prejudicadas pela administração de Artur Brito, que rescindiu contratos com ele unilateralmente.
Na época, o prefeito negou envolvimento e disse que a acusação foi motivada porque sua administração suspendeu contratos irregulares de Siqueira com o município. Paulo Jordão – repórter