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segunda-feira, 29 de maio de 2023

Edmilson Rodrigues, prefeito: o fracasso irreversível. Por João Salame

Edmilson Rodrigues, do PSOL: prefeito de Belém com enormes possibilidade de sair derrotado na reeleição ao cargo. Foto: Ag. BEL
Nos círculos mais próximos ao governador Helder Barbalho (MDB), a situação política do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSol), é considerada praticamente irreversível.
O tempo dado para que ele pudesse recuperar sua imagem junto à opinião pública está esgotando. E a sensação generalizada é que ao invés de melhorar, a popularidade piorou.
A ausência do prefeito no anúncio feito em Brasília pelo presidente Lula e o governador a respeito da realização da COP 30, em Belém, e o programa de televisão no horário partidário do Podemos, onde o deputado estadual Igor Normando desancou com a administração de Edmílson, são ilustrativos do atual estágio em que se encontra a aliança.
Na última sexta-feira, prefeito e governador teriam uma reunião, que foi cancelada. Helder viajou à tarde para Brasília para se reunir com o presidente Lula e anunciar a escolha de Belém para sediar a COP. Edmilson sequer ficou sabendo.
A insatisfação não verbalizada nos corredores da prefeitura é pelo fato de Edmilson ter sido o único prefeito de capital que apoiou a candidatura de Lula. E justamente num momento tão importante como esse não apareceu na foto.
Discurso de candidato
Diante desse cenário cresce a possibilidade de Igor Normando, que comanda as poderosas Usinas da Paz, apresentar sua candidatura a prefeito. Aliás, já está com discurso de candidato.
A hipótese de o senador Zequinha Marinho assumir o comando do Podemos criou um pretexto excelente para o deputado deixar o partido e migrar de vez para o MDB, para ser candidato escorado na boa popularidade do governador Helder Barbalho.
Diante da possibilidade de Igor Normando vir a ser o candidato do MDB, o deputado estadual Zeca Pirão (MDB), que também sonha com a ideia de disputar a prefeitura da capital e está bem colocado nas pesquisas, já pensa na possibilidade de se deslocar para outro partido da base aliada do governador. Na base do quem estiver melhor… Claro, tudo se o chefe concordar.
Igor Normando, deputado estadual licenciado
Candidato a vice
O delegado Everaldo Eguchi, que se filiou recentemente ao PTB, dá mostras que o fôlego tá curto e que pretende se afastar das fileiras mais radicais da oposição. Fonte da Coluna assegura que ele teria sondado o deputado Zeca Pirão para que marchem juntos na disputa pela prefeitura, ele ocupando a condição de vice. A conferir.
Outra liderança que se prepara para disputar a Prefeitura de Belém é o vereador Nenê Albuquerque (MDB), esposo da deputada Renilce Nicodemos (MDB).
Jovem, empresário, religioso e atuante nas comunidades da periferia da capital, Nenê sabe que não terá espaço no atual partido para lançar sua candidatura. Por isso, já articula sua filiação ao Republicanos, no momento que abrir a janela partidária.
Toalha no ringue
Militantes que acompanham de perto a gestão de Edmilson Rodrigues já estão quase arriando a bandeira no chão. Avaliam que ele se fechou num grupo bem pequeno, formado pelo próprio prefeito, sua irmã Edilene e o poderoso chefe de gabinete Aldenor Junior.
O pior é que o prefeito pensa de um jeito e Junior de outro. E acaba que as coisas não andam e a administração fica paralisada, avaliam.
Para aliados do próprio prefeito, Edmilson continua agindo como se estivesse em campanha. Faz discursos de 1 hora ou mais em assuntos que não tem nada a ver com o cotidiano da cidade.
Recentemente, gastou boa parte da sua mídia para defender os palestinos e criticar os judeus. Enquanto isso, projetos importantes estão parados há quase dois anos e questões comezinhas ficam emperradas.
Estilo
A ala mais à esquerda do PSol avalia que além dos problemas administrativos, Edmilson não consegue demarcar com ninguém. Com o governador, com os grandes proprietários do transporte coletivo, enfim, não apresenta um programa que o diferencie de outros segmentos políticos, o que acaba por liquidar um dos poucos predicados que tem, sua combatividade, que era admirada pelos setores mais progressistas da cidade.
Além do problema da limpeza urbana, que Edmilson aposta numa solução em breve, o inchaço na folha salarial da Saúde está atormentando a gestão.
Se no governo de Zenaldo Coutinho (PSDB) os gastos com saúde estavam em 25%, no atual já chega a 40%. E vem o reajuste do piso salarial dos enfermeiros por aí, o que projeta novos conflitos com o funcionalismo.
Estratégia
Crítica dos rumos que a gestão do seu companheiro Edmilson Rodrigues vem tomando, a vereadora professora Silvia Letícia (PSol) tem feito pronunciamentos contundentes.
Defende o rompimento com o MDB, o enfrentamento com os grandes proprietários do transporte coletivo e o aprofundamento das relações com os setores populares. Avalia que os setores de esquerda sairão fragilizados da eleição se não demarcarem seu campo de atuação.
Já os setores mais moderados, que ainda alimentam a possibilidade de apoiar o prefeito, entendem que ele precisa sair da redoma que o cerca e ampliar seu governo para outros setores.
Que a ausência dessa política mais flexível é que tem feito, na prática, o governador se tornar uma espécie de prefeito da capital. Ou seja, Ed não está agradando à esquerda e à direita.
Daí a alta rejeição.

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