O presidente da Associação dos Pequenos Produtores do Pakssamba - APAP, José Carlos, falou ao Blog do Xarope sobre o protesto que está acontecendo no km 27 da BR 230, em Vitória do Xingu, no sudoeste do Pará. A rodovia está bloqueada desde a madrugada do dia 18 de maio, impedindo a entrada de funcionários nos canteiros de obras de Belo Monte.
De acordo com José Carlos, os agricultores estão se sentindo enganados. Ele afirma que a ideia de bloquear a rodovia para reivindicar regularização fundiária, crédito e melhorias, para os moradores do km 27, surgiu depois de duas reuniões realizadas na Casa de Governo em Altamira. “A ideia de fazer essa manifestação na Transamazônica surgiu dessas duas reunião lá. Tivemos lá com pessoas do governo que vieram de Brasília, mas nada para resolver. Foi só mesmo para fazer uma politicagem para a presidenta e os políticos aqui do PT da nossa região que não tem nada pra fazer pelo povo sofrido da região aqui “, pontou o presidente.
José Carlos também conta que quando eles bloquearam a rodovia, os agricultores esperavam resolver esses problemas,
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Deputado Airton Faleiro do PT esteve na BR-230, km 27 pra articular o movimento |
mas segundo ele, tudo não passou de uma manobra política. “Nós pensávamos que era pra fazer as reivindicações do pessoal do 27. Das famílias que estão impactadas, mas não. A reunião de pessoas lá na Transamazônica foi para o Zé Geraldo e Airton Faleiro falar bem da presidenta Dilma que não está fazendo as coisas acontecerem na nossa região. Aí eles, para tamparem os olhos das pessoas do 27, inventaram essa reunião aí. Essa manifestação foi para fazer escudo humano, colocou vidas de pessoas em risco lá, infelizmente perdemos vida de duas pessoas do nosso município por causa de Zé Geraldo e Airton Faleiro”, desabafou o agricultor.
Os deputados Zé Geraldo e Airton Faleiro, ambos do Partidores do Trabalhadores estiveram horas antes da tragédia acontecer no acampamento. Nas redes sociais eles afirmam que foram ao local como objetivo de mediar as negociações para que o Governo Federal venha negociar as pautas de interesses da sociedade local, assim desmontar acampamento e permitir a trafegabilidade.
Carro fura bloqueio, atropela pessoas e deixa vítimas na
Transamazônica: Durante o protesto, um motorista tentou furar o
bloqueio dos agricultores e acabou atropelando Daniel Vilanova Dias, 41 anos, Leidiane Drosdroski Machado, 28 anos, além de Mateus Silva, de 13 anos. O casal não resistiu aos ferimentos e morreu. O adolescente foi encaminhado para o Hospital Municipal São Rafael. O presidente da APAP relata que os manifestantes ficaram assustados com a situação. “Totalmente pegou agente de surpresa ”.
No desabafo, José Carlos, pede justiça. “Esperamos por justiça para essas pessoas que encanaram nós. Esperamos que tudo isso seja desvendado. Esse atropelamento”, concluiu José Carlos.
Entenda o bloqueio
Cerca de 650 agricultores e militantes ligados a movimentos rurais bloqueiam desde as 3h de segunda-feira (18) a BR-230, nos acessos aos canteiros de obras da Usina Hidrelétrica Belo Monte. O protesto faz parte do movimento nacional "Grito da Terra Brasil", organizado por entidades do país inteiro.
Durante o protesto, um motorista avançou o bloqueio e atropelou três manifestantes, provocando a morte de dois deles.
A Polícia Civil de Altamira já está realizando buscas para encontrar o condutor do veículo. De acordo com o delegado Rodrigo Freitas, da Delegacia de Altamira, as testemunhas já foram ouvidas.
Notas
De acordo com o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), responsável pela construção civil da usina, a produção está prejudicada desde segunda-feira em razão de bloqueios em diferentes vias de acesso aos canteiros de obras. O CCBM informou que mantém os serviços essenciais em operação e está tomando todas as ações cabíveis no âmbito jurídico-administrativo.
Já a Norte Energia S.A, empresa responsável pela construção e operação da UHE Belo Monte, afirmou, em nota, que a pauta dos manifestantes que não está vinculada ao empreendimento e para chamar a atenção das autoridades os manifestantes estão utilizando o impedimento aos canteiros da obra. A empresa reforçou ainda que não se envolverá em negociações como a desintrusão de terras e outros programas e projetos governamentais.