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Membros do Shindo Reimei espalhavam que o Japão não havia perdido a guerra — Foto: BBC |
Aos 98 anos, Aiko Higuchi falou pela primeira vez sobre a morte do pai pelo Shindo Reimei – grupo extremista que negava que o Japão tinha perdido a guerra e matava quem falava a verdade.
Notícias falsas, as chamadas fake news, estão em evidência nos últimos tempos, mas não são uma invenção moderna. Em 1946 elas já existiam – e já faziam vítimas no Brasil.
Após o fim da Segunda Guerra, um grupo extremista de imigrantes japoneses começou a espalhar o boato de que o Japão não havia perdido a guerra. Segundo eles, as notícias da rendição do imperador japonês em 1945 eram mentiras espalhadas pelos Aliados para minar o moral dos nipônicos.
A crença dos membros do grupo nacionalista, chamado Shindo Reimei, em sua própria versão da realidade eram tão fortes que eles assassinavam quem dissesse a verdade. As vítimas eram outros imigrantes que aceitavam o fato de que o Japão tinha perdido a guerra. Os extremistas os chamavam de "corações sujos" e acreditavam que eles deveriam ser eliminados em prol do amor à pátria.
Entre 1946 a 1947, pelo menos 23 membros da comunidade japonesa no Brasil foram assassinados por causa de seu compromisso com a verdade. E ao menos 147 foram feridos.
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Aiko Higuchi, de 98 anos, é filha do primeiro imigrante morto pelo grupo Shindo Reimei — Foto: BBC |
O pai de Aiko Higuchi foi um deles. Hoje, aos 98 anos, Aiko conversou com a BBC News Brasil sobre a morte de seu pai, o sofrimento da família e como, só 62 anos depois, ela finalmente ficou em paz em relação ao seu passado.
A vida na guerra