O casal foi morto barbaramente por pistoleiro a mando de José Rodrigûes |
José Rodrigues Moreira, acusado de ser o mandante do assassinato do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo Silva, foi assentado pela Superintendência do Incra de Marabá no mesmo lote que seria destinado ao casal morto, em Nova Ipixuna. O crime ocorreu no interior do Projeto de Assentamento Praialta-Piranheira, no dia 24 de maio de 2011. A denúncia foi feita pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), Federação dos Trabalhadores da Agricultura (Fetagri) e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Ipixuna. Segundo a denúncia, a decisão do Incra beneficiando o acusado foi no dia 14 de dezembro, conforme comprovam documentos.
Os movimentos sociais vão requerer ao Ministério Público Federal que
apure o caso e que instaure inquérito contra o superintendente do Incra de
Marabá, Edson Bonetti, para investigar sua participação na ação ilegal. Segundo
a denúncia dos movimentos, José Rodrigues comprou ilegalmente 144 hectares,
pelo valor de R$ 100 mil, no Assentamento Agroextrativista Praiaalta-Piranheira
em 2010. Uma área de floresta primária com grande incidência de castanheiras,
cupuaçu e açaí.
Ainda de acordo com a denúncia, metade da área que ele comprou era
ocupada por três famílias que teriam sido ameaçadas de expulsão. Frente à
ameaça, o casal de extrativistas deu apoio às famílias e impediu que José
Rodrigues as expulsasse e se apropriasse da área. “Por essa razão, José
Rodrigues decidiu mandar matar o casal”, diz a denúncia enviada à Imprensa.
Logo após comprar os lotes, José Rodrigues levou para o local 130
cabeças de gado. Ele queria derrubar a floresta para formar pastagem. Mas teve
a oposição dos extrativistas que faziam a defesa da floresta. Segundo a CPT,
tudo isso foi apurado e comprovado pelas investigações da polícia, logo após a
morte do casal. A CPT, a Fetagri, o STR de Nova Ipixuna e a Associação do
Assentamento entregaram todos esses documentos ao superintendente do Incra de
Marabá, Edson Bonetti, com pedido de retomada dos lotes. Mas, em vez disso, ele
autorizou o assentamento do acusado nos lotes. “Um prêmio para o acusado de ser
mandante das mortes que se encontra preso e que irá a júri no próximo dia 3 de
abril em Marabá”, critica.
INCRA
Em relação à denúncia da CPT, Fetagri e STR de Nova Ipixuna, o Incra
esclarece em nota que “o processo administrativo em questão não está concluído,
logo, não é possível afirmar que a sra. Antonia Nery é reconhecida oficialmente
como beneficiária do Programa de Reforma Agrária no Projeto Agroextrativista
Praialta-Piranheira. O Incra explica que “embora a sra. Antonia Nery, na
condição de titular requerente da regularização, não esteja arrolada no
processo criminal citado na matéria identificou a situação de impedimento do
cônjuge, sr. José Rodrigues Moreira” , no dia 20 de fevereiro de 2013, e
encaminhou o processo administrativo à Procuradoria Federal Especializada para
ajuizamento de ação judicial visando a retomada do imóvel ocupado pela sra.
Antonia Nery.
A nota diz ainda que a direção nacional do Incra e a Ouvidoria Agrária
Nacional estão requisitando todos os processos referentes a regularidade de
ocupação no Projeto de Assentamento Agroextrativista Praialta-Piranheira junto
à Superintendência Regional de Marabá, a fim de que possam avaliar se os mesmos
estão sendo conduzidos dentro dos parâmetros legais e normativos vigentes. O
resultado final da apuração será apresentada à Comissão Nacional de Combate à
Violência no Campo”.
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