Carlos Brandão e neto Lucas, de 5 anos, morreram abraçados em tragédia.Durante velório, filha destaca amor do pai pela família: 'Somos testemunhas'
Os corpos do piloto Carlos Alves Brandão, de 64 anos, e do neto Lucas, 5 anos, mortos após a queda de um ultraleve em Teresina,
foram enterrados na noite deste domingo (9) no cemitério Jardim da
Ressurreição, Zona Sudeste da capital piauiense. No velório, realizado
no Clube Ultraleve Piauí, a filha do piloto, Hellen Alves Brandão, falou
sobre o amor do pai pela profissão e família. Avô e neto foram
encontrados abraçados nos destroços da aeronave.
“Todo mundo é testemunha do amor que ele tinha pela gente. E eu vou
estar muito satisfeita no dia em que eu conseguir dar para o meu filho
pelo menos a metade do que o meu pai dedicou pela gente. Hoje, peço a
Deus que nos ensine a conviver com essa ausência dessas duas pessoas tão
importantes nas nossas vidas”, discursou Hellen.
O presidente do Clube Ultraleve Piauí, Jacinto Lay, lamentou a perda e
disse que Carlos Brandão era um grande pai, amigo, avô e empresário. O
espaço leva o nome do piloto morto na tragédia. “A aviação para ele era
como um esporte e ele era muito feliz no que fazia. O sentimento é de
grande perda. Foi ele quem ajudou a fundar tudo isso”, lamentou.
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Segundo Fernando Cronemberger, amigo do piloto e sócio do clube, a
maior parte dos profissionais formados no Piauí teve Brandão como
professor, conhecido como pioneiro da profissão no estado. "Era um cara
feliz e uma figura absolutamente espetacular e especial. Ele não foi
pioneiro só aqui no Piauí, mas em todo o Brasil. Tinha o prazer de dizer
que em 26 anos de clube, nenhum acidente com fatalidade tinha
acontecido. Infelizmente, o destino quis que fosse com ele", completou.
da de avião em Teresina.
Segundo a Polícia Militar, a
aeronave decolou por volta das 17h20 do sábado (8) e deveria ter pousado
antes do anoitecer. Um piloto que estava no clube estranhou o atraso e
resolveu sobrevoar a região, procurando o ultraleve, sem sucesso. Novas
buscas foram retomadas neste domingo e a aeronave foi encontrada às 6h
em uma área de mata e difícil acesso. Conforme o tenente Adolfo Veloso,
do Grupo Tático Aéreo Policial, o resgate foi acionado na tentantiva de
encontrar sobreviventes. “Quando fomos informados acionamos o Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência porque acreditamos na possibilidade de
haver sobreviventes. Localizamos o ultraleve, mas os ocupantes estavam
mortos”, informou.
Com impacto da queda, aeronave ficou partida ao
meio (Foto: Juliana Barros/G1)
meio (Foto: Juliana Barros/G1)
Egito Fagundes, piloto do Grupo Tático Aéreo Policial, participou das
buscas e disse que as vítimas estavam com cinto de segurança e acredita
que ao perceber que não conseguiria pousar o avô abraçou o neto para
protegê-lo.
Corpo de Bombeiros foi acionado para ajudar no
resgate das vítimas (Foto: Juliana Barros/G1)
resgate das vítimas (Foto: Juliana Barros/G1)
“Pelo local onde a aeronave, caiu acreditamos que ele tenha percebido o
problema e tentou voltar para o clube para tentar o pouso, mas não
conseguiu. Eles estavam abraçados e ele pode ter feito isso na tentativa
de proteger o neto”, contou Fagundes.
De acordo com o piloto do Clube de Ultraleve do Piauí, que sobreevou a
região para as buscas, o avô chegou a fazer contato com ele para saber
se o rádio estava funcionando. “Falei com ele e disse que o rádio estava
funcionando. Temos a orientação de não voar à noite e antes do pôr do
sol a gente tem que pousar. Como ele é bastante rigoroso com as normas
estranhei que não tivesse pousado e já imaginei que poderia ter
acontecido alguma coisa. Ainda peguei o avião e sobrevoei para tentar
localizar, mas não encontrei”, disse o piloto, que não quis se
identificar.
Segundo informações de testemunhas, o avião não explodiu, mas com o
impacto da queda ficou partido ao meio. Eles também relataram que viram o
avô e neto ainda abraçados. Também foram enviadas para o local do
acidente equipes do Corpo de Bombeiros.
Ainda de acordo com o tenente Adolfo Veloso, o ultraleve teria caído de
ponta e não houve explosão. O Instituto de Criminalística também esteve
no local para apurar as circunstâncias do acidente. A Infraero informou
que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos
(Cenipa) será o responsável pela investigação do caso.
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