Artista estava internado em Belém desde junho
O Pará perdeu nesta terça-feira (26) um dos maiores ícones da cultura popular marajoara.
Damasceno Gregório dos Santos, conhecido como Mestre Damasceno, morreu em Belém, aos 72 anos, após enfrentar complicações de saúde decorrentes de um câncer em estágio de metástase.
O governo do Estado decretou luto oficial.
Internado desde junho, o artista chegou a passar pelo Hospital Jean Bittar e foi transferido posteriormente para o Ophir Loyola, onde estava na UTI tratando pneumonia e insuficiência renal.
Homenagens em vida
Este ano, Damasceno foi um dos homenageados da 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, realizada em agosto, em Belém.
Durante o evento, foi lançada a obra Mestre Damasceno e as Cantorias do Marajó, de Antonio Carlos Pimentel Jr., voltada ao público infanto-juvenil e inspirada em sua trajetória.
Em maio, ele também recebeu a Ordem do Mérito Cultural, a mais alta honraria concedida pelo Ministério da Cultura a personalidades que contribuem de forma significativa para a preservação e difusão da cultura brasileira.
Vida dedicada à arte
Nascido em 1954 na comunidade quilombola do Salvá, em Salvaterra, Damasceno perdeu a visão aos 19 anos em um acidente de trabalho e encontrou na arte um caminho para reinventar sua vida. Foram mais de cinco décadas dedicadas ao carimbó, às toadas, à poesia oral e à criação do Búfalo-Bumbá, manifestação que mistura teatro popular, cultura quilombola e elementos amazônicos.
Ao longo da carreira, compôs mais de 400 músicas e gravou seis álbuns.
Em 2025, uma de suas criações, “A mina é cocoriô!”, foi escolhida como samba-enredo da Grande Rio no Carnaval, que homenageou o Pará.
Guardião do Marajó
Mestre Damasceno fundou em 2013 o Conjunto de Carimbó Nativos Marajoara, responsável por quatro álbuns que mantêm viva a tradição do “carimbó pau e corda do Marajó”.
Mais recentemente, idealizou o Cortejo Carimbúfalo, que leva às ruas a fusão do carimbó com o Búfalo-Bumbá, e em 2023 lançou o Festival de Boi-Bumbá de Salvaterra, reunindo grupos de comunidades quilombolas.
Sua trajetória foi reconhecida com diversos prêmios, como o Mestre da Cultura Popular do Pará (SEIVA) em 2015 e o título de mestre do carimbó concedido pelo IPHAN em 2017.
Figura central na preservação e renovação das tradições culturais do arquipélago, Mestre Damasceno deixa um legado de resistência, criatividade e afirmação da identidade marajoara e amazônica.
Fonte: G1
Foto: Divulgação/Agência Pará
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