Em 2019, o Pará somava 328.276 mil lares sem banheiros. Esse indicador representa um aumento de mais de 15% em relação ao ano de 2018, quando o Estado somava 283.563 moradias sem esse cômodo tão essencial para a higiene. Os números, levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), foram divulgados ontem pelo Instituto Trata Brasil, que publica uma gama de estudos para promover debates sobre os impactos causados pela ausência dos serviços de água e esgotamento sanitário.
A pesquisa também apontou que, em 2019, mais de 3,9 milhões de paraenses não tinham acesso à água tratada, o que representa 56,4% da população do Estado. Também foi divulgado o indicador de que 6,6 milhões de paraenses estavam sem coleta de esgoto, representando 94,2% da população.
No Brasil, 1,6 milhão de residências estavam sem acesso ao banheiro em 2019, envolvendo uma estimativa de cinco milhões de pessoas, segundo o Instituto Trata Brasil. Também foi destacado que mais de 33 milhões de pessoas estavam sem água potável naquele ano. E mais de 93 milhões estavam sem coleta de esgoto.
Por conta do Dia Mundial do Banheiro, celebrado hoje, o Instituto reforçou que disponibiliza uma plataforma com esses e outros indicadores para dar mais transparência aos dados de saneamento básico, assim como da ausência de banheiros no Brasil. O Painel Saneamento Brasil (www.painelsaneamento.org.br) sistematiza informações regionais, estaduais, de regiões metropolitanas e municípios.
O gerente de Relações Institucionais e de Comunicação do Instituto, Rubens Filho, disse que o Pará está entre os principais debates. "Além dos problemas de falta de água e de coleta de esgoto, o Estado convive com a falta da estrutura mais básica de uma casa, que é o banheiro. Podemos multiplicar esses domicílios pela quantidade de pessoas que, em média, moram nesses domicílios no Brasil. Podemos afirmar que mais de um milhão de pessoas no Pará vivem em residências sem nenhum tipo de banheiro", comentou.
Pobreza menstrual é um problema agravado pela falta de banheiros
A ausência do saneamento básico tem implicações em outros setores socioeconômicos. Como exemplo, a situação é ainda pior quando se observa a questão da pobreza menstrual, que consiste na falta de acesso a recursos e infraestrutura para manter uma higiene de qualidade durante o período da menstruação. No Brasil, mais de 710 mil meninas vivem em locais sem acesso a um banheiro ou chuveiro, como indicam dados do Unicef. Elas não têm um lugar para realizar a higiene que é necessária durante esse período.
"Fomos alertados por outras organizações, especialistas e estudiosos da área sobre esse tema, que está intrinsecamente envolvida com a falta de saneamento básico. Isso parte de um princípio de falta de higiene. De locais com infraestrutura precária ou nenhuma infraestrutura. Acaba tendo condições para meninas e mulheres muito aquém do esperado. Elas vivem em residências e comunidades onde a falta de higiene é tão latente que pode agravar a pobreza menstrual", observou Rubens Filho.
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