sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Especialista do clima alerta: 'as pessoas terão que se acostumar com secas extremas e cheias intensas'

Fenômenos El Niño e La Niña, que estão relacionados à temperatura da superfície do Oceano Pacífico, têm forte influência nas mudanças climáticas.A estiagem prolongada no Baixo Amazonas, uma das regiões mais afetadas pela seca no Brasil, tem levantado preocupações sobre as causas e os possíveis desdobramentos dessa situação. José Wilson do Vale, doutor em clima e ambiente, explica que a diminuição das chuvas é um dos principais fatores por trás desse fenômeno. A escassez de precipitações na região é consequência direta das mudanças climáticas globais, que vêm alterando padrões de temperatura e circulação atmosférica.
Segundo o especialista, a falta de chuvas nas cabeceiras dos rios resulta em secas intensas, enquanto o aumento da temperatura média global está contribuindo para essas alterações climáticas.
A temperatura média do planeta tem aumentado, e isso afeta diretamente o padrão de circulação atmosférica e oceânica, o que, por sua vez, interfere na distribuição das chuvas", ressalta José Wilson.Além disso, a temperatura local também tem desempenhado um papel importante no desconforto sentido pela população durante os períodos de seca. "Temos menos nuvens durante a estiagem, o que faz com que a radiação solar atinja diretamente o solo, aumentando a sensação térmica e o desconforto".
Impacto dos fenômenos El Niño e La Niña
Outro fator relevante na estiagem é a influência dos fenômenos El Niño e La Niña, que estão relacionados à temperatura da superfície do Oceano Pacífico. José Wilson explica que durante o El Niño, a temperatura do oceano fica acima da média, o que provoca menos chuvas na região amazônica, intensificando os períodos de seca. Por outro lado, o fenômeno La Niña, caracterizado pela diminuição das temperaturas no Pacífico, provoca o efeito inverso, trazendo mais chuvas.
Contudo, o especialista alerta que a estiagem na região também pode ser influenciada por outros fatores. "A seca de 2005, por exemplo, foi causada pela temperatura do Oceano Atlântico, e não pelo Pacífico", relembra.Perspectivas para a normalização do clima
Quando questionado sobre a possibilidade de normalização das condições climáticas, José Wilson foi cauteloso. Para ele, o conceito de "normal" deve ser repensado sobre mudanças climáticas.
"Estamos vivendo um 'novo normal'. As pessoas terão que se acostumar com secas extremas, cheias intensas e o aumento das temperaturas. Voltar ao que era antes é muito improvável", afirma.
Ele ressalta que, para haver uma recuperação significativa, seria necessário replantar o dobro das árvores que foram destruídas ao longo dos últimos séculos, além de conscientizar a população sobre a preservação ambiental. "Cuidar das nascentes, das florestas e do meio ambiente é essencial para mitigar esses impactos no futuro".

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