Belenense: Um agradecimento com gosto de Tapajós Já
Meus amigos, agradeço todas as manifestações de apoio e incentivo que tenho recebido, mas devo dizer que tudo aquilo que tenho feito é muito pouco frente à acolhida que, como Belenense, tive na região Oeste do Pará, amo tudo isso. Hoje sou feliz por Deus ter me dado à graça de conceber aqui dois filhos Tapajônicos que já nascem comprometidos com uma causa que está viva há mais de um século. Perdoem a ignorância de meus conterrâneos, alienados numa realidade entre Belém e Salinas, e que ainda não perceberam que a decisão de criar o Estado do Tapajós foi concebida antes mesmo de todos eles nascerem. Eu, como Belenense, e que conheço praticamente TODOS os municípios do Oeste do Pará, me sinto na obrigação de empunhar alto esta bandeira e levar aos meus irmãos, de Belém e entorno, esse sentimento de abandono e ausência do Estado que impera no interior.Ontem, em entrevista ao JN no AR, esqueceram apenas de dizer que sou de Belém e meus pais de Marapanim, regiões que em breve serão abraçadas por um Novo Pará. E que naquela região, do Novo Pará, tem pessoas que reconhecem o valor das pessoas do interior deste Estado.Desconheço no Brasil outra região como a do Oeste do Pará, que concentra quase 1,5 milhões de pessoas, e que são privadas do acesso a sua capital. Viagens intermináveis de barco de até seis dias, isso mesmo, seis dias. Uma hora e vinte minutos de Boing. Sem acesso rodoviário. Parece mentira, mas é a mais pura realidade.Graças a Deus tenho o privilégio de poder pagar um tratamento para minha filha Santarena em Belém. E quem não tem? Minha filha vai de avião, com passagem que chega a custar mais que uma viagem de Belém à Miami nos EUA, por mais incrível que possa parecer.Imagine um doente do Oeste do Pará que precise de tratamento em um grande centro; já debilitado enfrentando seis dias de barco (quando podem pagar), e com sério risco de sequer conseguir uma consulta nos hospitais de Belém, que estão matando gente todo dia por falta de leito, isso quando conseguem chegar, pois é muito comum a morte a bordo.Confesso que fico entristecido em ver grande parte de meus conterrâneos insistindo no discurso que esse anseio legítimo da população do interior está alicerçado em meia dúzia de políticos e forasteiros ladrões que querem usurpar as riquezas do nosso Pará.A elite Belenense que diz simplesmente “Não e Não”, vê uma enorme ameaça na criação de novas unidades, pois hoje tem em suas mãos e no quintal de suas casas a oportunidade de interagir com o centro do poder, pois tomam café pela manhã com nossos governantes resolvendo toda e qualquer situação em questão de minutos. A criação de mais duas unidades os impediriam de ter essa mesma facilidade, e isso causa insegurança a todos aqueles que possuem interesses menores que o anseio das populações destes pretensos Estados.Hoje já são mais de 80%, no Oeste do Pará e no Sul do Pará, que querem seguir seus rumos fruto do abandono ao qual aquelas populações foram relegadas muito antes de terem nascido.Como querer continuar casado com alguém que não quer mais você? Belém e entorno, serão sim, os grandes responsáveis pelo resultado deste plebiscito, pois são eles que tem em suas mãos o poder de sentenciar tal decisão.Como Belenense, sou paraense com muito orgulho e declaro meu amor por este Estado onde quer que eu vá, mas acima de tudo, amo sua gente.No dia 12/12, após o plebiscito, seja qual for o resultado estarei de consciência tranquila, pois poderei olhar a esmagadora maioria do Sul e do Oeste do Pará e dizer: - Eu, Belenense, fiz minha parte e votei “SIM”.Em caso de vitória do “NÃO”, jamais carregarei o fardo de ter sepultado momentaneamente, repito, momentaneamente o sonho de milhares de PARAENSES como eu; e não é porque são do INTERIOR, ou que tenham ADOTADO nosso ESTADO, que são menos paraenses que eu e você, pois reconheço e garanto que muitos destes, tem mais legitimidade que muitos daqueles, travestidos de bons moços, que se declaram legítimos paraenses.Ainda há tempo de mudar e, como dizia o poeta, quem sabe faz a hora, não espera acontecer.Rogo a Deus e a Virgem de Nazaré que iluminem a escolha, em especial dos irmãos paraenses de Belém e entorno, pois o interior já fez a sua escolha. Lembrando que a carta de alforria estará em suas mãos. Deus conosco!
Olavo das Neves
Olavo das Neves