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Assalto teria sido uma falsa para assassinar empresário |
As
investigações sobre o assalto frustrado na manhã do dia 12 de setembro, na
Maney Mineração, de propriedade do empresário matogrossense Valdinei Mauro de
Souza, localizada no Distrito de Creporizinho, município de Itaituba, poderá
tomar novos rumos. Segundo a Polícia, a ação dos 4 bandidos poderá ter sido uma
tentativa de assassinato contra a vida do empresário Valdinei Sousa. Para o
leitor entender melhor.
De
acordo com a polícia, Valdinei Mauro Souza, 64 anos, residente em Cuiabá, é empresário
do ramo de mineração, proprietário de fazendas e outras mineradoras no Estado
do Pará e Mato Grosso, atuando na região Oeste do Pará há 14 anos.
Em
2011 Valdinei dissolveu a sociedade que tinha na empresa BMM Participações e Investimentos Ltda com Filadelfo dos Reis Dias, 59 anos, residente
em Cuiaba/MT e Campinas/SP, dono do conglomerado de empresas denominado Grupo
Dias, conhecido no Estado de Mato Grosso como o “mega” empresário. Seu
conglomerado atua nas áreas de mineração, petróleo, gás, energia, construção de
casas populares e companhia de saneamento. Devido ao seu poder financeiro tem
grande influência nas alçadas federais e estaduais em Mato Grosso.
A
sociedade se desfez entre Valdinei Mauro de Souza e Filadelfo dos Reis Dias em
função de em 2011 Valdinei Souza haver manifestado interesse na aquisição de
uma propriedade rural denominada de Fazenda Ajuricaba, detentora de um grande
potencial aurífero. Entretanto, Filadelfo Dias não interessou na aquisição da
propriedade e as negociações de compra da fazenda não avançaram.
A ameaça - Oito
meses depois da dissolução da sociedade, mais precisamente em 09 de janeiro de
2012, no interior da cafeteria Franz Café em Cuiabá, uma discussão entre
Valdinei Souza e Filadelfo Dias, culminou com uma ameaça de morte contra Valdinei.
Em razão de tal ameaça, prosseguindo sua vida normalmente e já se precavendo de
que o pior poderia acontecer, Valdinei Souza adquiriu um veículo Hilux, cor
preta, com blindagem nível III-A, que passou a ser seu veículo de locomoção diária.
No
começo de 2012, com a composição de novos sócios Mauro Mendes Ferreira e
Wanderley Facheti Torres, Valdinei Souza conseguiu adquirir a Fazenda
Ajuricaba, com a assinatura do contrato de compra e venda da propriedade, ficou
acertada para 13 de abril do mesmo ano, no entanto, desde o dia 04 do mesmo mês
os novos proprietários já haviam iniciado estudos de prospecção sobre a
garimpagem na propriedade.
A tentativa de assassinato
- Após
o início dos estudos auríferos, passou a ser de costume diário de Valdinei Souza
fiscalizar toda tardepessoalmente o trabalho de seus funcionários, ocasião em
que já estava iniciando a exploração da jazida de ouro na Fazenda Ajuricaba,
localizada no Distrito de Várzea Grande/MT. Em 12 de abril de 2012 quatro
homens fortemente armados invadem a mineradora e de acordo com os autos, os
ladrões mandaram que todos os funcionários deitassem no chão, retirando objetos
pessoais das vítimas, como relógios, celulares, óculos, dinheiro, um detector
de metais e 90 gramas de ouro. Depois disso, fugiram em um carro de passeio que
havia sido roubado anteriormente e quando estavam saindo da fazenda cruzaram
com uma caminhonete parada em uma porteira, onde estavam Valdinei Souza e seu
sócio Wanderley Fachetti Torres. Os assaltantes mandaram que eles descessem da
caminhonete, mas como o condutor reagiu e tentou manobrar o carro os ladrões
dispararam 23 tiros contra o veículo. Porém, como o carro era blindado, os
tiros não atingiram as vítimas, que conseguiram fugir para uma chácara vizinha.
Os suspeitos - De
acordo com as investigações feitas pela Polícia do Mato Grosso, Filadelfo Dias
designou o diretor financeiro de suas empresas, Marcelo Massaru Takahashi, de
35 anos, para contratar pistoleiros para a execução do plano de assassinar
Valdinei Souza. Entre os contratos as investigações apontaram um homem
conhecido como Josinei, que de acordo com a polícia mato-grossense, pertencente
a uma quadrilha fortemente armada e organizada que cometia os mais terríveis
crimes naquele Estado e o então caseiro da Fazenda Ajuricaba.
A prisão e soltura de
Fildelfo Dias - Em 17 de abril de 2012 o desembargador
Rondon BassilDower Filho, da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato
Grosso (TJMT), decretou a prisão de Filadelfo Dias. No dia 23 o empresário foi
detido no Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, após desembarcar de
viagem, em cumprimento ao mandado de prisão. O empresário foi conduzido à
Delegacia de Polinter e Capturas, ocasião em que ficou preso em uma cela especial
no anexo da Penitenciária Central do Estado (PCE), nos fundos do Batalhão do
Bope, na área central da Capital mato-grossense. Em 26 de abril, desconsiderando
sua própria decisão anterior, o desembargador Rondon BassilDower Filho revogou
em pedido de liminar a prisão do empresário.
Filadelfo
já havia sido preso, pela primeira vez, no dia 24 de março do mesmo ano durante
a "Operação Tentáculos", desencadeada pelo Grupo de Atuação Especial
em Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e Polícia Judiciária Civil (PJC).
Assalto à Maney
Mineração - De acordo com informações da Polícia Civil de
Jacareacanga, por volta das 9h40 da manhã do dia 12 de setembro, quatro homens
armados com fuzis e pistola automática, surpreenderam o empresário Valdinei
Mauro Souza, quando este chegava em uma aeronave vindo de Santarém com destino
à sua mineradora, localizada no Distrito de Creporuzinho, onde pretendia passar
3 dias.
No
momento em que o empresário Valdinei Souza descia da aeronave debaixo de uma
chuva e entrava na caminhonete da mineradora, os bandidos saíram da mata
atirando para o alto e dizendo que era um assalto. Segundo depoimento prestado
pelo empresário ao Delegado de Polícia José Dias Bezerra, um dos bandidos ao se
aproximar do veículo pelo lado esquerdo disparou dois tiros na direção de
Sancler, que é amigo do piloto da aeronave, atingindo-o no pescoço. Percebendo
que se tratava de mais uma tentativa contra sua vida, o empresário Valdinei
Souza empreendeu fuga para a mata próxima à pista onde ficou escondido por
cerca de 5 horas.
Após
assaltarem o escritório da empresa, em cerca de 1,5 kg de ouro, os bandidos para
empreenderem fuga sequestraram o piloto Cesar Pena Fernandes e sua aeronave que
decolou rumo à Jacareacanga. De acordo com informações do piloto, um dos
bandidos ao entrar na aeronave perguntou: “Foi o Nei que correu?”.
A
Polícia foi informada que os assaltantes usavam botas militares tipo coturno,
tinham dois com coletes sem identificação á prova de balas, usavam capuz, e que
um deles tinha um forte sotaque cuiabano.
Durante
o vôo da fuga, o piloto Pena alegou aos assaltantes de que a aeronave estava
acabando o combustível e que tinha que pousar no aeroporto de Jacareacanga e
não na pista da comunidade 180 como os bandidos desejavam.
Próximo
á pista da mineradora, há cerca de 200 metros foi localizado um barraco coberto
com lona e restos de alimentos, rancho, panelas, embalagens de comidas
instantâneas, além de uma faca e um facão, o que leva a polícia entender que os
bandidos estavam de campana há vários dias, aguardando a chegada do empresário,
ficando descartada assim, a hipótese de um mero assalto. Outra questão que
dirige as investigações para outro rumo e o porte físico e a calvície de
Sancler, baleado no pescoço, ser similar com o físico de Valdinei Souza.
Por:
Nonato Silva