A polícia trabalha com a hipótese de que o crime com características de execução tenha motivação na disputa por terras.
A Delegacia Especializada de Conflitos Agrários (Deca) com sede em Santarém, oeste do Pará, assumiu o comando das investigações do assassinato do líder de assentamentos agroextrativistas Elso Sandro Cerqueira Armini, 43 anos, ocorrido no fim da manhã do último dia 8, no município de Placas.
A vítima estava em sua motocicleta em frente a uma farmácia na Perimetral Norte conversando com um casal de amigos, quando surgiu outra motocicleta e o carona atirou acertando a cabeça de Elso Sandro. O líder de assentamentos caiu da moto na calçada da farmácia, onde morreu antes da chegada de socorro.
De acordo com o delegado titular da Deca, Fábio Amaral, pelo fato de Elso Sandro ter sido uma forte liderança dos assentamentos da região do travessão do Pulu, em Placas, supõem-se que ele tenha sido executado devido à disputa por terras naquela região.
“Assim que tivemos notícia do que tinha ocorrido, montamos uma força-tarefa e deslocamos para Placas uma equipe da Inteligência da Polícia Civil, uma equipe da Deca e outra da Superintendência Regional do Tapajós. Fizemos o levantamento dos fatos e está constatado o homicídio com características de execução. Crime provavelmente com motivação de conflito agrário. Estamos trabalhando para identificar os autores e se houve mandante”, explicou Fábio Amaral.
Atentados
Não é a primeira vez que lideranças de assentamentos são alvos de crimes contra a vida no município de Placas. Em janeiro de 2018, Gilson Temponi foi assassinado na porta de sua casa. Ele era presidente da Associação de Agricultores Nova Aliança, que representa os assentamentos Castanheira, Artur Faleiro e Avelino Ribeiro.
Em setembro de 2020, João Batista Luz Lopes, então presidente da Associação Nova Aliança sofreu um atentado e precisou deixar o cargo. Ele deixou inclusive o município temendo ser vítima de outro crime e acabar perdendo a vida, ou que atentassem contra sua família, como já haviam ameaçado.
Elso Sandro foi assassinato dia 8 de fevereiro de 2021, quatro meses após ter assumido o comando da associação que era presidida por João Batista, que foi vítima de atentado em 2020 — Foto: Reprodução/Redes sociais |
Com a saída de João Batista da presidência da associação, Elso Sandro que ocupava o cargo de vice-presidente assumiu o comando da associação em setembro de 2020, e de acordo com o filho da vítima, o pai já havia sido ameaçado por pessoas que têm interesses nas terras dos assentamentos.
“Esse tipo de crime tá sempre acontecendo na região.