quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Exclusivo: a história nebulosa do avião que derrubou João Salame de Brasília

Secretário de Comunicação de Marabá, deputado estadual, prefeito e secretário do Ministério da Saúde: a ascensão e queda do autor dos fictícios “500 km de asfalto”.
As investigações sobre uma suposta aquisição de um avião por parte do ex-prefeito de Marabá, João Salame Neto, através de Josimar Eneas da Costa (Eletro), acusado de ser “laranja”, iniciaram no início de 2014, um ano após ele assumir a Prefeitura de Marabá.
Houve uma nota publicada por Zé Dudu e, posteriormente, uma denúncia anônima de alguém ligado ao Aeroporto de Marabá, que repassou informações precisas sobre a periodicidade com que o prefeito, seu irmão Beto Salame e outros políticos ligados a seu grupo utilizavam o avião Sêneca 3, de prefixo PT-VQW entre cidades desta região.
Diante disso, o Ministério Público Estadual abriu Inquérito Civil e começou a investigar o caso.
Curiosamente – ou coincidentemente – a pessoa suspeita inicialmente de realizar a intermediação com a aquisição do avião é um amigo antigo de João Salame: Josimar Eneas da Costa, também conhecido como Eletro, que está preso no Crama, em Marabá, depois de ficar foragido por quatro meses em 2016, se escondendo da Polícia Federal.

Carro usado por quadrilha pode estar envolvida em mortes do taxista Naldo e Paulão

O suposto dono do carro, que foi encontrado nesta quinta-feira (18) após ter sido torturado, é suspeito de envolvimento em tráfico de drogas e estelionato.
Polícia encontrou o carro da marca Spin que estaria sendo usado por quadrilha que sequestrou um homem e que possivelmente está envolvida na morte do taxista e passageiro, encontrados na segunda (15) — Foto: Jéssica Luz/G1
Por Jéssica Luz, G1 Santarém
A Polícia Civil de Santarém, no oeste do Pará, localizou na tarde desta quinta-feira (18), na Travessa Salmo 23, no bairro Conquista, o carro que supostamente seria de Wildenberg Barroso, encontrado amordaçado e com as mãos amarradas na manhã desta quinta-feira (18).
Segundo a PC, o carro estava sendo usado pela quadrilha que pode estar envolvida nas mortes de taxista e passageiro que tiveram os corpos encontrados na segunda-feira (15), enterrados em um terreno entre os bairros Maicá e Jaderlândia. O taxista Erinaldo Fernando Ferreira de Sousa, o “Naldo”, de 41 anos e o passageiro Paulo Correa da Silva, 42 anos, estavam desaparecidos desde a noite de sábado (13). Os dois casos podem estar relacionados.

Policiais são presos por extorsão mediante sequestro e por libertar agressor após propina

Agentes da Coinpol prendem policiais suspeitos de receber propina
Agentes da Coinpol prendem policiais suspeitos de receber propina Foto: TV Globo / Reproduçã

A Corregedoria Interna (Coinpol) da Polícia Civil faz, nesta quinta-feira, uma operação para prender dois delegados e cinco agentes denunciados por organização criminosa, extorsão mediante sequestro, concussão e prevaricação. O grupo de policiais suspeitos era conhecido como "Bonde dos Coroas". Já a operação para prendê-los foi batizada de "Os Infiltrados" e conta com a participação de 12 delegados e 40 agentes.

Foram presos os delegados Leonardo Guimarães de Godoy Garcia Grivot, plantonista da 52ª DP (Nova Iguaçu), e Matheus de Almeida Romanelli Lopes, titular da 53ª DP (Mesquita). Também estão presos os inspetores Carlos Alberto Falcão, Cosme de Araújo Conceição, Leonardo Ferreira Amaral e Sérgio Bezerra de Andrade. Paulo da Silva Carvalho não foi encontrado em casa mas se apresentou na Coinpol.
A investigação contou com interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, colaboração premiada e infiltração de agentes. O inquérito policial comprovou que policiais da 53ª DP sequestraram, no dia 30 de agisto de 2017, um homem ligado ao tráfico de drogas da comunidade da Chatuba. O suspeito tinha antecedentes criminais de roubo qualificado e, contra ele, havia um mandado de prisão pendente.

Agente infiltrado que ajudou investigação que prendeu dois delegados morreu fuzilado


Operação da corregedoria prendeu policiais civisO delegado Gilson Emiliano Soares, corregedor da Polícia Civil, informou que um agente infiltrado na 53ª DP para colaborar com as investigações que levaram à prisão de sete policiais nesta quinta-feira foi assassinado com tiros de fuzil na capital, no fim do ano passado. Apesar de ressaltar que ainda não há indícios de vinculação do assassinato do colaborador com as investigações da Corregedoria, Gilson Emiliano não descarta a possibilidade e aguarda a conclusão da apuração feita pela Delegacia de Homicídios da capital.

— Parte das provas foi colhida por um agente infiltrado. Um colaborador, que confessou a prática de crimes com este determinado grupo e que também fez uma colaboração premiada. Ele se comprometeu, com ordem judicial e acompanhamento policial, a colher dados probatórios. Este colaborador, que também ia responder pelos crimes, mas com pena reduzida por face da colaboração premiada, foi posteriormente assassinado. É bom que se ressalte não haver nenhuma informação que vincule a sua morte a esta investigação da Corregedoria.
A morte do colaborador, de nome Fabrício, está sendo investigada pela Delegacia de Homicídios da capital.
— Ele foi assassinado com tiro de fuzil no Rio de Janeiro no ano passado. O colaborador tinha envolvimento com várias outras delegacias, o que leva à interpretação de que muitas pessoas tinham interesse de matá-lo — contou o corregedor, acrescentando que não houve pedido de proteção.
Segundo o corregedor, a prisão preventiva foi decretada por dois motivos: para assegurar a ordem pública e para garantir a integralidade da instrução criminal, ou seja, que testemunhas e vítimas não sejam coagidas pelos acusados.

PF realiza prisões em Marabá, Altamira e Brasília

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A Polícia Federal, em conjunto com a Receita Federal, deflagrou na manhã de hoje (18) a Operação Partialis com o objetivo de apurar apropriação e desvio de recurso públicos federais destinados a aquisição de gases medicinais em Marabá/PA, Altamira/PA e Brasília/DF. 
Ao todo estão sendo cumpridos, nas residências dos investigados e na sede de uma empresa, 17 mandados judiciais expedidos pela 2ª Vara da Justiça Federal de Marabá/PA, nas cidades de Marabá/PA, Altamira/PA e Brasília/DF, sendo 4 mandados de prisão preventiva, 4 de prisão temporária e 9 mandados de busca e apreensão.
A investigação é um desdobramento da Operação Asfixia, deflagrada em junho de 2016, para apurar fraudes em licitações para aquisição de gases medicinais promovidas pela Prefeitura de Marabá/PA. Após a análise de documentos apreendidos, além dos demais elementos de informações colhidos durante a operação e investigações, descobriu-se um verdadeiro esquema de ilícitos dentro do paço municipal, com ilicitudes que consistiam na cobrança de valores por parte de servidores municipais em troca da facilidade no recebimento de valores atrasados. Chamou a atenção em especial, uma anotação que indicava o depósito de R$ 100 mil reais para uma dita “parceria”.
Ao todo, em verbas federais, municipais e estaduais, os assessores diretos do ex-gestor municipal, sob comando desse, sacaram em espécie, na boca do caixa das empresas que tinham contratos com a Prefeitura de Marabá/PA, mais de R$1,5 milhão. 
PF realiza prisões em Marabá, Altamira e Brasília
Além desses valores já citados para a dita “parceria”, outros R$1 milhão foram depositados na conta da esposa de um assessor imediato do ex-prefeito João Salame, sendo que parte desses valores foram transferidos, através de terceiros diretamente para as contas de Salame. 
Além da apropriação desses montantes, também foi adquirido, com recursos públicos federais, por um dos empresários investigados e presos durante a Operação Asfixia, uma aeronave adquirida de uma empresa com sede em Altamira/PA.
Receita diz que valores desviados podem chegar a R$ 2 milhões

Segundo as investigações, após publicação, em jornal local, de que tal compra havia sido realizada pelo ex-gestor, através de pessoa interposta, tal aeronave foi enviada para Goiânia/GO, onde ficou sob responsabilidade da direção nacional de um partido político. Tanto os empresários da empresa de Altamira/PA, como a direção nacional do partido, praticaram uma série de ilicitudes, a fim de justificar a versão dos fatos apresentadas perante a Justiça.
A Receita Federal em suas análises de sigilo fiscal verificou uma série de irregularidades como movimentações bancárias em valores superiores aqueles declarados, em alguns casos até cinco vezes maior, indiciando a prática de ilícitos fiscais e evolução patrimonial vertiginosa e incompatível com a renda declarada. De acordo com levantamentos preliminares os valores desviados dos cofres públicos podem chegar seguramente a mais de R$ 2 milhões.
Os investigados responderão pelos crimes de associação criminosa, corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica, uso de documento falso e apropriação e/ou desvio de recursos públicos. Ao todo as penas pelos crimes investigados podem alcançar mais de 30 anos de reclusão. 
Os presos, serão encaminhados para presídios das cidades de Marabá/PA, Altamira/PA e Brasília/DF, onde ficarão à disposição da Justiça Federal. * Partialis em latim significa “parceria”. (Ascom PF/PA)