domingo, 19 de outubro de 2025

JULIANA GARCIA AGREDIDA COM 61 SOCOS PELO NAMORADO FALOU A REVISTA VEJA SOBRE SUA RECUPERAÇÃO

“Quando estava sendo espancada, congelei em uma posição e só pensava em me manter acordada, em não apagar, para proteger minha cabeça de algum dano maior.
O vídeo da agressão tem 35 segundos, mas passamos quatro minutos ali.
Eu disse a ele que tudo o que fizesse seria registrado.
Falei para não fazer besteira, apontei para a câmera.
Mas ele não se importou, olhou para ela e deu “tchau”.
Está preso preventivamente e virou réu por causa da agressão.
Foi tudo muito rápido, mas depois vieram os medos, que são mais demorados. 
Primeiro, o medo do meu rosto deformado. 
Acabei vendo-o no reflexo dos azulejos do banheiro do hospital. Fiquei muito estarrecida, temi alguma hemorragia, ficar com sequelas, não voltar a ser o que era, porque o meu rosto estava desfigurado, enorme, estourado, cheio de edemas.
Metade do rosto ainda está paralisada. 
Quando saí da sala da cirurgia, onde passei por um procedimento de reconstrução facial por causa das múltiplas fraturas, estava com muita sede, mas meu tônus muscular da boca não segurava um copo. Minha mãe teve que me dar água com seringa. 
Então tive receio de não conseguir fazer coisas básicas, como tomar algo ou piscar um olho. 
Depois, já em casa, tive pavor de entrar em lugares restritos, como escadas do prédio, e não ter ninguém vendo, não ter câmeras.
Fui afastada do trabalho de promotora de vendas. 
Apresentei atestado de catorze dias e estou até hoje esperando o afastamento pelo INSS. 
Fiz cirurgia pelo SUS, mas tomo remédios muito caros, faço tratamento psicológico e psiquiátrico pagos, banquei seis meses de aluguel adiantado, tudo isso com a contribuição de muita gente.
Resolvi assumir a defesa das mulheres como um propósito de vida. Já existe até uma lei com o meu nome, em Parnamirim (RN), e várias iniciativas legislativas pelo país inspiradas no meu caso. 
É muito bom estar viva, estar lutando e não ter virado só uma estatística.”
Fonte : Revista Veja
Por Redação Blog do Xarope , Victor Palheta
Leia o depoimento completo de Juliana Garcia na seção #PrimeiraPessoa em #VEJA de 17 de outubro de 2025, edição nº 2966.
Escrito por Pedro Jordão
Foto: Alexandre Lago 

#violenciacontramulher #feminicidio

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