Por: Manoel Cardoso
O modelo de construção de casas
populares, financiado pela Caixa Econômica Federal (CEF), como os
conjuntos habitacionais Salvação, na rodovia Fernando Guilhon e Moaçara I
e II, no bairro do Aeroporto Velho, em Santarém, Oeste do Pará, gerou
críticas do coordenador da Comissão de Justiça e Paz da Diocese de
Santarém, padre Edilberto Sena.
Para ele, a Caixa Econômica está
financiando a construção de ‘casinhas de cachorros’ para as famílias de
baixa renda de Santarém, além de escolher de forma errada as áreas para a
implantação dos conjuntos habitacionais, em valas e terrenos arenosos,
onde no inverno sofre com enxurradas, com as ruas virando verdadeiros
rios e, no verão, com o calor e a poeira.
“Como explicar os financiamentos da
Caixa Econômica para projetos de moradia em Santarém? O dinheiro é
público, a intenção do governo federal é financiar moradias para milhões
de sem tetos no País. Vários prédios e bangalôs vão surgindo e logo
habitados, por quem pode fazer empréstimos pagáveis em tempo
estabelecido. Conjuntos habitacionais para classe média também vão
surgindo e ocupados por quem pode pagar as prestações”, explica.
Por outro lado, de acordo com padre
Edilberto Sena, a mesma Caixa financia o que chamou de “triste cartão
postal”, construído ao lado da rodovia que liga a cidade ao aeroporto,
por meio do programa do Governo Federal “Minha Casa, Minha Vida”.
Para o padre Edilberto, tudo isso se
consolida como um absurdo e humilhação aos pobres sem tetos e, uma
vergonha para a cidade de Santarém, onde 2.500 ‘casinhas de cachorro’
estão sendo construídas para famílias pobres, com medidas de 6 metros
por sete metros para sala, quarto, cozinha e lavanderia, para famílias
de 4, 5, e até sete pessoas.
Ele denuncia que as casas não contam com
área para jardim, nem quintal e tem apenas três metros de separação das
outras, de frente, de trás e dos lados. “Que equipe de engenharia
construiu aquilo? Para cúmulo de ironia e humilhação aos pobres, cada
casinha de cachorro tem um acumulador de energia solar, mesmo que a
temperatura média de Santarém, hoje seja de 32 graus. Quem permitiu tudo
isso? A empreiteira? A Prefeitura? A Caixa Econômica? O Ministério das
Cidades? O governo Federal? Ou todos juntos?”, questiona.
Outro problema apontado por padre
Edilberto Sena é a escolha dos terrenos para a construção dos conjuntos
habitacionais. “Então, vem outro absurdo coroando esse desprezo pelo
dinheiro público e os pobres. Desconhecendo a orientação evangélica que
já dizia: Casa construída sobre areia, vem a chuva, os temporais e ela
cai arrasada… Assim aconteceu com o projeto Minha Casa, Minha Miséria,
em Santarém. Vieram as chuvas, os temporais e o projeto caiu, as valas
partiram as ruas e tudo parou. Desde há mais de oito meses a vergonha
está exposta aos viajantes e aos moradores da cidade. Tudo indica que o
projeto faliu, porque foi construído sobre terreno arenoso. Mesmo que um
dia venha a ser concluído, quem aceitará morar ali? Nem os mais pobres
vão aceitar o risco de perderem seus quase nada com novos temporais”,
adverte o religioso.
FALTA DE INFORMAÇÃO:
Até o momento, segundo padre Edilberto Sena, a sociedade não sabe nada
das conseqüências do desastre ecológico que aconteceu em fevereiro deste
ano no Residencial Salvação. “Já era desastre desde a concepção do
projeto em tais dimensões. Ninguém diz nada, não se sabe se alguém será
cobrado responsabilidade. Quem deveria cobrar? O poder público
municipal? A Caixa Econômica, que financiou com dinheiro público? O
Ministério das Cidades? O Tribunal de Contas da União? A Justiça
Federal? Ou a sociedade santarena, que fica com esse vergonhoso cartão
postal? Quanto recurso já foi gasto com as obras? Quem pagará os
prejuízos? Estas questões todas carecem de respostas, ao menos aos que
se preocupam com a coisa pública. Será que a gerência da Caixa será
incriminada, também? Afinal, foi ela que liberou o recurso para as
obrinhas”, aponta o religioso.
MOVIMENTO: Enquanto
isso, padre Edilberto Sena ressalta que o Movimento de Trabalhadores em
Luta Por Moradia (MTLM), vem tentando ocupar uma área improdutiva,
próxima da construção do “Minha Casa, Minha Vida”. Ele denuncia que em
vários momentos na ociosa área de 200 por 2.500 metros, que é ocupada
pelos membros do MTLM, o Grupo Tático Operacional (GTO) da Polícia
Militar, acompanhado de um representante do que se diz dono da área,
chegou sem mandado de reintegração de posse e tentou expulsar os
ocupantes, derrubando os barracos.
“Um delegado já chegou a registrar a
líder do movimento legalizado, como chefe de quadrilha. Nunca um
documento legítimo de propriedade foi apresentado, mas o Tático obedece
ao advogado do que se diz dono”, denuncia.
COMPARAÇÃO: Padre
Edilberto comparou a escolha da camada da sociedade que as autoridades
políticas e policiais optaram por defender. “Por que dois pesos e duas
medidas, uma sempre contra o povo e outra favorável às elites urbanas?
Para os organizados sem teto, chega logo o Tático da Polícia. Já para os
crimes cometidos, no caso do projeto Minha Casa, Minha Miséria,
inacabado, desastrado, ninguém toma providência”, desabafa o religioso.
Para ele, isso não acontece porque
certamente as autoridades locais, federais e da justiça não fizeram
opção pelos pobres. “A opção do governo Federal é o crescimento
econômico a todo custo e para os pobres projetos inconseqüentes como
este analisado. Mesmo sendo o recurso usado de modo irresponsável na
construção de 3 mil casas em terreno inadequado, nem o Ministério das
Cidades, nem o Tribunal de Contas da União dá sinal de preocupação. Os
milhares de sem tetos não sabem quando e se um dia vão ocupar as
casinhas de cachorro, mas os sócios do MTLM não querem aquilo nem de
graça. Um absurdo escandaloso que ninguém parece se importar!”, declarou
padre Edilberto Sena.
Sabe de nada inocente!! A obra Salvação nunca parou, são mais de 600 funcionários trabalhando diariamente. Quanto a foto que o senhor colocou como foto da"matéria" não é da obra RESIDENCIAL SALVAÇÃO( NÃO EXISTEM DUAS JANELAS NO FUNDO DA CASA, APENAS UMA) Colha informações verdadeiras antes de publicar as mesmas no seu blog!
ResponderExcluirNo entanto, as casas que vc afirma ser casa construida para cachorro, creio que existem muitas famílias em Santarém querendo um teto, provavelmente o senhor deve ter o seu e não deveria fazer criticas a casas que o nome já diz" populares" para pessoas de baixa renda, afinal se todo mundo pudesse pagar uma parcela por mês de R$ 1.000 não existiria o projeto que beneficiara famílias que pagarão no máximo R$ 80,00. O senhor a de convir que os alugueis estão pela hora da morte em nossa cidade, e que se hoje o RESIDENCIAL SALVAÇÃO fosse invadido não sobraria nenhuma casa para amanha. Falam de mais sem conhecimento e causa!