domingo, 22 de agosto de 2021

Novo ciclo de manejo sustentável de quelônios conta com 30 comunidades de Oriximiná e Terra Santa

Comunitários envolvidos no projeto de preservação dos quelônios — Foto: Ascom MRN/DivulgaçãoComunitários envolvidos no projeto de preservação dos quelônios — Foto: Ascom MRN/Divulgação
Comunidades estão engajadas no planejamento para fases de desova, coleta e eclosão de ovos e manejo dos filhotes nos berçários.
Cerca de 30 comunidades de Oriximiná e Terra Santa, no oeste do Pará, estão participando do novo ciclo do Projeto Pé-de-Pincha, que está na fase de planejamento para as etapas de desova e coleta de ovos, que ocorrerão em setembro.
Em novembro, começa a fase de eclosão dos ovos e as atividades de soltura estão previstas para os meses de fevereiro e março de 2022. Mais de 6 milhões de filhotes já foram devolvidos à natureza nos 22 anos desta iniciativa de conservação de espécies.
Nascida na comunidade São Sebastião - Boca dos Currais, em Oriximiná, a dona de casa Daniele da Costa Amaral é uma das voluntárias mais engajadas, que participa desde o ano de 2016 do Pé-de-Pincha. Ela contribui com várias etapas do projeto como a confecção dos ninhos e o monitoramento de uma das chocadeiras, que fica na casa do pai dela.
"Eu faço um pouco de cada coisa. No tempo da coleta, a gente tem que cavar a terra para fazer o ninho e os tampos. Na maioria das vezes, sou eu quem faço e cuido para formigas não atacarem os ninhos. Também cuido da chocadeira, que fica na casa do meu pai. Eu faço as anotações dos ovos, dos coletores e da eclosão. E quando ocorre a eclosão, eu tiro os tracajazinhos dos ninhos. Quando os tracajazinhos estão no berçário, ajudo meu pai na lavagem do berçário e a buscar alimentação para eles", relatou Daniele.
A voluntária comenta que os desafios da pandemia não impactaram no seu entusiasmo pelo projeto. "Foi um pouco difícil, mas não é impossível, tomando os cuidados. Usando máscara e álcool em gel vamos seguindo firme e forte com esse lindo projeto", assinalou.
Para Daniele, a maior satisfação é ver o nascimento dos tracajás. "É o momento que a gente vê que o esforço do nosso trabalho tem resultado porque dá muito trabalho, mas no final é muito gratificante. Queria que as pessoas se conscientizassem mais e ajudassem mais no projeto porque essa ação de conservação ambiental é para nós, para nossos filhos e para as futuras gerações", destacou.
Daniele da Costa Amaral é uma das voluntárias mais engajadas no projeto — Foto: Ascom MRN/Divulgaçã
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Realizado pelo Programa de Pesquisa e Extensão da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA) desde 1999, o projeto Pé-de-Pincha recebeu parceria da Mineração Rio do Norte (MRN) a partir de 2002 e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) nesta ampla iniciativa de incentivo à conservação de quelônios.
“É um dos maiores projetos de proteção de espécies que somos parceiros nesta região. Aproximadamente 3.000 pessoas, entre quilombolas e ribeirinhos das 30 comunidades participam de todas as etapas do projeto, seguindo todos os protocolos de segurança em saúde neste período de pandemia. Um dos seus méritos é engajar um considerável número de voluntários que compartilham suas experiências e saberes sobre o manejo participativo e educação ambiental”, explicou a analista de Relações Comunitárias e coordenadora do projeto pela MRN, Genilda Cunha.
Números expressivos
Nos últimos anos, em média, mais de 60 mil filhotes são soltos em cada temporada. Ano passado foram protegidos em Terra Santa e Oriximiná, 63.589 filhotes de tracajá (Podocnemis unifilis), 2.616 de tartaruga (P. expansa), 1.781 filhotes de pitiús ou iaçás (P. sextuberculata), 148 filhotes de calalumã ou irapuca (P. erythrocephala) e 5 filhotes de cabeçudo (Peltocephalus dumerilianus). Um total de 68.139 filhotes foram devolvidos à natureza em fevereiro e março deste ano.
Nos anos de 2020 e 2021, 30 comunidades, sendo 20 de Oriximiná e 10 de Terra Santa, precisaram adaptar algumas dinâmicas do projeto por conta da pandemia de Covid-19.
“Tivemos que adaptar as atividades para evitar aglomerações nas solturas e durante as reuniões nas sedes dos municípios. Trabalhamos neste período com um número bem reduzido de acadêmicos, porém, não foi reduzido o número de locais de conservação, pois os comunitários estão bem treinados e são acompanhados pela coordenação do projeto”, contou a coordenadora do Pé-de-Pincha pela UFAM em Oriximiná, Sandra Azevedo.
Atualmente, estão sendo realizadas visitas nas comunidades para o planejamento das próximas atividades do projeto: treinamento, coleta dos ovos e eclosão dos filhotes como apoio da MRN. “A Mineração Rio do Norte foi fundamental nestes tempos de crise, dando o suporte necessário em todas as etapas do projeto, nas quais as pessoas tendem a unir esforços e contribuir para soluções que viabilizem o manejo racional e sustentável de quelônios pelas próprias comunidades”, concluiu Sandra Azevedo.

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