Circula no país desde 2014 um novo
genótipo do vírus Chikungunya, o tipo africano que nunca tinha sido
registrado nas Américas. No Brasil, até então, só haviam identificado o
genótipo do vírus Chikungunya Asiático. De acordo com as análises
realizadas, trata-se do genótipo Leste-Centro-Sul da África (ECSA).
O estudo que detectou a entrada do
novo vírus no país foi organizado pelo Instituto Evandro Chagas,
através dos pesquisadores do Centro de Inovações Tecnológicas da Seção
de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas (CIT-SAARB/IEC).
Antes da identificação do vírus
africano, só havia sido detectado um genótipo do vírus Chikungunya, o
Asiático, o qual gerou um surto e que se espalhou para vários países a
partir da Ilha de São Martinho no Caribe. As evidências indicam que o
vírus da linhagem Asiática foi introduzido no Brasil pelo município de
Oiapoque, no Estado do Amapá.
De acordo com a Dra. Janaina Mota
de Vasconcelos que integrou a equipe de pesquisadores que colaboraram
com a detecção do vírus africano no Brasil é importante fazer o
monitoramento do sequenciamento genético do vírus. “Este trabalho é
fundamental porque o vírus Chikungunya do tipo africano encontrou no
país o vetor (Aedes aegypit), as condições climáticas propícias para
proliferação do vírus e ao longo do tempo pode sofrer mutações e passar a
ser transmitido também pelo Aedes albopictus, que também transmite a
Chikungunya”.
A porta de entrada do vírus do
tipo africano no Brasil foi o município de Feira de Santana, na Bahia,
quando um brasileiro infectado na Angola viajou de férias para o Brasil e
a partir dele surgiram casos de transmissão autóctone (transmissão
local).
Essa descoberta, importante do
ponto de vista epidemiológico, não implica em um surto epidemiológico.
“Tem o risco de se tornar uma epidemia, mas esse vírus não é como a
dengue. A taxa de mortalidade dele é baixíssima, quase zero, em
condições extremas. É um vírus que possui características importantes:
dos pacientes infectados pelo vírus Chikungunya, de 20% a 30% deles
sentem uma dor intensa nas articulações por meses e até anos, diferente
da dengue, que quando não tratada adequadamente, os pacientes chegam a
óbito”, destacou a Dra. Janaína Vasconcelos.
A pesquisadora acrescenta que o
tratamento é o mesmo para infectados pelo Chikungunya, nas duas
modalidades de vírus. “Para quem adoece infectado pelo vírus asiático ou
africano, recebe o mesmo tratamento. Eles (os vírus africano e
asiático) não geram manifestações como ocorre na infestação por dengue,
que possui quatro sorotipos diferentes e que para cada um vai requerer
um tipo de tratamento específico”.
(Diário do Pará)
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