sábado, 30 de março de 2013

Lama da BR-163 é alternativa ao caos de Santos

Por André Borges | De Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop e Guarantã do Norte (MT)


Do caos à lama, são aproximadamente 3 mil quilômetros de distância. O caminhoneiro que optou pelo primeiro destino, o caos, hoje agoniza nas filas intermináveis que se formaram ao redor do porto de Santos. Aquele que partiu para a segunda opção, tenta a sorte na BR-163, uma promessa de rodovia que neste ano completa três décadas, e que nunca se cumpriu.
Não há terceira via. O drama vivido hoje por quem produz soja e milho no norte do Mato Grosso, maior celeiro de grãos do país, escancara a situação da logística nacional. A confusão que tomou conta dos portos do Sul e Sudeste não pode ser compreendida ou explicada apenas pelas limitações dos terminais portuários. Para entendê-la, é preciso encarar a lama.
Durante uma semana, a reportagem do Valor percorreu mais de 1,5 mil quilômetros da BR-163, também conhecida como rodovia Cuiabá-Santarém. A viagem teve início na região central da produção de grãos do Mato Grosso, nos municípios de Lucas do Rio Verde e Sorriso, e seguiu sentido norte, até o porto de Santarém, no Pará, onde a BR-163 termina de frente para um oceano de água doce, o encontro das águas dos rios Tapajós e Amazonas.
Do lado mato-grossense, a estrada de pista simples e asfalto castigado sofre com o movimento intenso dos caminhões. Os acostamentos são precários e, em muitos trechos, sequer existem. Essa rota, no entanto, torna-se bem mais complicada quando se chega à fronteira com o Pará.
Do empoeirado município de Guarantã do Norte (MT), na divisa dos dois Estados, até Santarém, são 1.094 quilômetros de aventura. Conforme se avança rumo à floresta amazônica, ficam mais nítidas as razões que levaram milhares de caminhoneiros a fugir dessa rota para se aglomerar, dias a fio, nas entradas de Santos e Paranaguá.
Quase 600 quilômetros da BR-163 permanecem exatamente como sempre foram: uma arriscada estrada de terra. Nos trechos com asfalto - muitas vezes, apenas alguns metros de chão com revestimento - há problemas graves de sinalização. Buracos e atoleiros testam a habilidade dos motoristas. Caminhões deslizam pelo barro. Por vezes, tombam pelo caminho e despejam toneladas de grãos mata adentro.
Aberta 30 anos atrás, a BR-163 nasceu com a vocação de se transformar em um dos principais corredores para o escoamento do Centro-Oeste. A partir de seu traçado rumo ao norte do país, é possível acessar a hidrovia do Amazonas, uma porta de saída privilegiada para levar a produção nacional aos grandes compradores mundiais. Uma miríade de problemas, porém, tem adiado essa missão.

Orla de Santarém: o cartão de visitas vai mesmo cair?


Por Manuel Dutra Fotos: MD,
Nestes dias de Semana Santa dois transatlânticos estiveram nas águas do Tapajós/Alter do Chão, lotados de turistas fugitivos do frio do Norte do planeta. Ao caminharem pela orla da cidade, uma de suas diversões (!!) é fotografar urubus que denunciam a sujeira generalizada bem na cara desta cidade que quer ser consagrada como atração para visitantes. E é, mesmo com tantos problemas. Só que ... a imagem que os turistas levam deve ser essa mesma, lixo e feiura.
Depois que a Prefeitura permitiu o asfaltamento de parte de uma das mais bonitas praias de Alter do Chão, afinal abortada graças à imediata denúncia de blogueiros, agora a decantada Orla da cidade está assim, como mostram estas fotos: o passeio está afundando, recebendo infiltração das chuvas. No carnaval, um pequeno trecho cedeu próximo a um local a que chamam  de "estação turística", imediatamente coberto com cimento. Que venham os turistas para essa tal "estação".
A Orla está sobre um aterro construído há 40 anos e que não foi projetado para o peso que hoje recebe. A concentração de eventos, com imensos carros de som, o trânsito cada vez mais pesado e até a passagem de caçambas cheias de material de construção, tudo isso está colocando em sério risco a cara de Santarém. Do jeito que vai, a cidade corre o risco de ficar como que desdentada, banguela ou sem cara. Não tardará que a Orla entre para a lista do já-teve, como outras coisas boas que se foram. Assim será se agora as medidas necessárias não forem tomadas. Vão fazer?