O conflito pela disputa de terras na Gleba Nova Olinda, no Rio Arapiuns, na zona ribeirinha de Santarém, no Oeste do Pará, continua fazendo vitimas. Desta vez, três meses depois de procurar a 16ª
Seccional da Polícia Civil em Santarém para denunciar as ameaças sofridas por
madeireiros que atuam nas matas às margens do Rio Tapajós e seus afluentes, o
cacique Manoel Crisomar dos Santos Costa, de 60 anos, da etnia Arapiún, morador
da Aldeia São José 3, na região da Gleba Nova Olinda, no Rio Maró, foi
encontrado morto na terça-feira, 26, em um igarapé nas proximidades de sua
aldeia.
As causas da morte ainda são investigadas pela
Polícia Federal de Santarém e pelo Centro de Perícias Científicas Renato Chaves
(CPC). Ele havia desaparecido desde o último sábado, 23, quando saiu de sua
casa, para visitar parentes que moravam no outro lado do lago da comunidade.
Segundo testemunhas, o Cacique Crisomar havia
saído em uma rabeta e, apresentava avançado estado de embriaguês quando viajou
para visitar seus parentes. Mesmo estando embriagado, a família desconfia que a
morte do líder indígena tenha sido encomendada por madeireiros que atuam na
Gleba Nova Olinda.
A Polícia Federal em parceria com o Ministério
Público Federal abriu inquérito para apurar as causas da morte do Cacique
Manoel dos Santos.
FATOS: Após a demora no retorno do Cacique Manoel,
parentes contam que iniciaram as buscas para encontrá-lo. Horas depois de
percorrer a região da comunidade, a canoa que ele usava habitualmente foi
avistada, e um pouco mais à frente, estava o corpo do cacique.
Popularmente conhecido como Tracajá, Manoel
Crisomar foi uma liderança forte que lutava pela união da comunidade, pela
preservação de suas tradições e da floresta em que vivia. Foi lutador
incansável pela criação da Terra Indígena Maró, que já passou pelo processo de
identificação (reconhecimento da etnia Arapium) e delimitação da área a ser
demarcada, na região conhecida como Gleba Nova Olinda.
CONFLITO: Em função da luta das comunidades pela
criação da terra indígena, a região vive momentos de tensão e conflitos que
envolvem lideranças comunitárias e empresas interessadas na exploração da
madeira na região. Algumas lideranças foram ameaçadas, como Odair Borari, da
Aldeia Novo Lugar, que anda com escolta policial.
Uma equipe da PF e do Instituto Médico Legal
seguiu na quarta-feira para a comunidade e apurar os fatos, após receber uma
solicitação do Ministério Público Federal. Também uma equipe do Projeto Saúde
& Alegria e outras organizações sociais de Santarém também seguiram para
São José, onde prestam solidariedade à família e à comunidade, bem como
acompanhar a apuração. Com informações da rede Mocoronga.
Por: Manoel Cardoso.
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